Teste: Ford Bronco é o jipão raiz que gostaríamos de ter no Brasil


Apesar de serem países vizinhos, Brasil e Argentina não têm tantas coisas em comum. Enquanto a gente fala português, os hermanos hablan en español. Ao passo que o ídolo do futebol por aqui é o Neymar, por lá eles amam o Messi. A nossa moeda é o real. A deles é o peso argentino (que tem valido bem pouco). E se apenas o Ford Bronco Sport é vendido no nosso país, a algumas centenas de quilômetros, os argentinos podem comprar uma versão totalmente voltada ao off-road e que é rival do lendário Jeep Wrangler.

Por lá, o Ford Bronco (sem sobrenome Sport) acaba de chegar às lojas em configuração única, Wildtrak. A oferta nos Estados Unidos, onde é fabricado, desde 2020 é bem maior, com nove versões e opções de carroceria com duas ou quatro portas.

Mesmo com a possibilidade de levar o Bronco para casa, o preço assusta. São nada menos do que 148.786.800 de pesos. Em conversão direta, é o mesmo que R$ 893 mil. Só que, em função da inflação, os carros estão bem mais caros no país vizinho. Nos EUA, por exemplo, o valor é de US$ 59.315, o equivalente a R$ 326 mil sem considerar o imposto de importação — algo mais parecido com os R$ 466.889 pedidos pelo Wrangler aqui no Brasil.

Autoesporte aproveitou a ida até General Pacheco (Argentina) para conhecer a fábrica da Ford e testar o “Broncão” (como é chamado pelos íntimos). Mas antes de comentar sobre as impressões, é importante deixar claro que só foi possível dirigir o SUV por 10 minutos e em um circuito totalmente off-road. Agora sim, vamos às considerações.

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O Ford Bronco tem um design quadrado para manter o padrão de modelos da categoria. Afinal, até o Land Rover Defender tem uma carroceria com linhas mais retas. E o visual até lembra o do Bronco Sport vendido no Brasil, mas, na verdade, é muito mais parecido com a primeira geração do SUV, lançada lá em 1966.

Isso principalmente pelo formato do farol (de LED), que é redondo. O que diferencia as gerações é uma barra horizontal que corta o equipamento de iluminação. Além disso, a grade dianteira traz um emblema centralizado com o nome do carro e há puxadores de reboque.

Na traseira, as lanternas são verticais e um estepe aparece na tampa do porta-malas, algo também bem característico de carros do segmento. Falando no compartimento de cargas, são 1.008 litros — mas a Ford não especificou se o volume é até o teto ou na altura do banco. De todo modo, o porta-malas parece mais espaçoso do que a maior parte dos SUVs grandes à venda no Brasil.

Na lateral, destaque para as rodas de 17 polegadas equipadas com pneus Mud Terrain LT315/70, voltados para terrenos com lama, barro ou areia.

E além de ser bem maior que o Bronco vendido no Brasil, o SUV também tem algumas dimensões mais avantajadas que o principal rival, Wrangler. São 4,82 metros de comprimento (+ 3 cm), 2,95 m de entre-eixos (- 6 cm), 1,93 m de largura (+ 4 cm) e 1,91 m de altura (+ 6 cm). Por conta dessa última dimensão, e da distância do solo de 29,2 cm, a Ford instalou estribos nas laterais e alças de acesso no interior. De fato, os acessórios ajudam na hora de entrar e sair do carro.

Por dentro, há plástico rígido na maior parte do acabamento, mas os bancos são de couro. A escolha dos materiais acontece justamente pelo uso off-road, já que essas equipagens facilitam a limpeza do carro. Afinal, não podemos esquecer que o teto e as portas do Bronco são removíveis, assim como acontece com o Wrangler. Então é de se esperar — ainda mais — que o SUV fique sujo de lama ou que, pelo menos, fique molhado.

O interior é equipado com painel de instrumentos digital de 8 polegadas. Já a tela da central multimídia é de 12 polegadas com sistema de conectividade Sync4. Ou seja, com controle por voz. Há também conexões com Apple CarPlay e Android Auto sem a necessidade de fio e carregador de celular por indução. Mesmo assim, a Ford equipou o SUV com seis entradas USB. Infelizmente o tempo curto com o carro não nos permitiu testar esses equipamentos.

Por outro lado, durante o trajeto, foi possível perceber que as câmeras do Bronco têm uma ótima resolução. E, neste caso, esse quesito é mais importante do que parece porque o visor ajuda o motorista a enxergar melhor o que vem à frente em trajetos de maior inclinação. Um toque de modernidade muito bem-vindo para quem pratica off-road raiz.

Fora as câmeras, a lista de equipamentos de segurança ainda conta com alerta de ponto cego, controle de cruzeiro adaptativo, frenagem automática, sensores de estacionamento traseiro e dianteiro, seis airbags, farol alto automático, sistema de manutenção de faixa, assistente de partida em rampa, de manobra evasiva e de detecção de pedestres.

E a motorização? O Bronco é equipado com motor V6 2.7 Ecoboost biturbo de 334 cv de potência e 57,3 kgfm de torque. O câmbio é automático de 10 marchas. O SUV é mais potente que o Wrangler, que tem 272 cv. Ainda assim, o desempenho dos dois é semelhante: com aceleração de 0 a 100 km/h casa dos 7 segundos. Isso acontece porque o modelo da Ford é bem mais pesado, com mais de duas toneladas. São 2.348 kg.

O que surpreende é a estabilidade. O Bronco Wildtrak fica agarrado ao chão mesmo em condições extremas e em posições em que o carro fica em inclinações íngremes. Isso acontece tanto pelo acerto da suspensão com amortecedores Fox de curso elevado, como pela tração 4×4 específica para essas condições. São três modos: 4×2, 4×4 e 4×4 com reduzida.

O primeiro deles é o padrão, usado para o dia-a-dia. O segundo modo, já com tração integral, é utilizado em situações off-road que exigem velocidades altas. Por fim, o último fornece mais torque para passar em areias pesadas ou em locais íngremes. E há ainda uma opção chamada de 4A, que funciona de forma automática e usa os três modos citados conforme o necessário.

Fora isso, bloqueios de diferencial dianteiro ou traseiro estão disponíveis para distribuir de forma mais específica o torque entre os eixos e as rodas.

Para melhorar ainda mais a experiência off-road, o Bronco tem sete modos de condução. Além dos já conhecidos Normal, Eco e Esportivo, o gerenciamento também garante uma boa dirigibilidade para terrenos escorregadios, de areia, lama ou baja.

Os ângulos de ataque e de saída de 43,2º e 37º, respectivamente, também ajudam nesses tipos de solos, assim como a capacidade de imersão de 85 cm. Como referência, o “nosso” Bronco Sport tem 30º e 33º “apenas”.

Para fechar o pacote, há ainda um assistente que diminui o raio de giro em curvas mais fechadas. A vibração na cabine é um problema. Mas também é exigir muito que um carro seja tão suave em condições tão extremas.

O outro contratempo é que o Ford Bronco Wildtrak não vem ao Brasil. Claro que dizer que o SUV faz falta por aqui é exagero. Afinal, o Jeep Wrangler teve apenas 59 unidades vendidas por aqui em 2024. O complicado mesmo é admitir que o país vizinho agora tem mais uma opção legal em seu catálogo, enquanto a gente não. Pelo menos a Seleção Brasileira (ainda) tem mais títulos de Copa do Mundo.

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Fonte: direitonews

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