Teste: Fiat Toro está melhor com motor 2.2 turbodiesel da Rampage?


A Fiat Toro foi a terceira caminhonete mais vendida do Brasil e a líder entre as picapes intermediárias em 2024. Analisando essas informações, imagino que a marca italiana pense naquele famoso ditado de que “em time que está ganhando não se mexe”. Só que, às vezes, somos obrigados a tomar decisões por forças maiores — e foi exatamente isso que aconteceu com as versões a diesel do modelo.

A força maior neste caso foi o Proconve L8, a lei de emissões que ficou mais rígida em 2025 e obrigou a Fiat a aposentar o motor 2.0 Multijet de 170 cv e 35,7 kgfm, que, aliás, está saindo de linha globalmente. No entanto, em vez de tirar a opção de campo — assim como fez no caso do Jeep Compass — a Stellantis teve outra ideia: utilizar na Toro o propulsor 2.2 Multijet II turbodiesel de quatro cilindros. Ou seja, o mesmo das versões a diesel da Ram Rampage.

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E essa decisão vem de outra força maior. Cerca de 30% de todas as vendas da Fiat Toro vêm das versões a diesel. Por outro lado, apenas 2% das comercializações do Compass tinham relação com essa motorização. De qualquer forma, o que importa é que os novos donos da picape certamente ficarão mais felizes. Mas também com um saldo menor na conta bancária.

Acontece que as versões Volcano e Ranch da Fiat Toro com motor 2.2 turbodiesel estão R$ 5 mil mais caras. A primeira delas parte de R$ 206.990, enquanto a topo de linha custa a partir de R$ 224.990. É um aumento justo se considerarmos que a caminhonete está mais potente, rápida e até mesmo mais econômica.

O novo motor da Fiat Toro entrega 200 cv de potência a 3.500 rpm e 45,9 kgfm de torque a 1.500 rpm. Ou seja, 30 cv e 10,2 kgfm a mais na comparação com o antecessor. O câmbio continua o mesmo: automático de nove marchas, mas com calibração distinta para dar conta dos novos números. Já a tração continua sendo 4×4 com reduzida.

É importante lembrar que as demais versões da Fiat Toro seguem equipadas com o 1.3 turboflex de quatro cilindros. No entanto, também por força maior do controle de emissões, ficaram menos potentes. As modificações fizeram com que o motor passasse dos 185 cv para 176 cv. Além disso, a versão Ultra, que antes trazia propulsor a diesel, está de volta ao catálogo com opção flex.

Mas voltemos a falar da nova Toro diesel. O motor que também equipa a Rampage deixou a picape da Fiat (bem) mais rápida. De acordo com a marca italiana, o 0 a 100 km/h agora é feito em 9,8 segundos. Antes eram 11,6 s — uma diferença significativa de quase dois segundos. Além disso, a velocidade máxima também aumentou de 193 km/h para 201 km/h. São 8 km/h a mais.

O consumo também está melhor, mas (bem) pouco. Antes, segundo o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), a Toro a diesel fazia 10,5 km/l na cidade e 13 km/l na estrada. Agora a medição segue com os mesmos 10,5 km/l em ciclo urbano, mas sobe para 13,6 km/l no rodoviário. Quase igual.

É importante ressaltar que durante o evento de lançamento da Fiat Toro com o novo motor turbodiesel, os jornalistas deram apenas três voltas com a picape no Circuito Panamericano, em Elias Fausto, no interior de São Paulo. Portanto, minhas primeiras impressões não serão tão aprofundadas. Isso só será possível quando a caminhonete vier para a garagem da Autoesporte.

Ainda assim, adianto que, apesar de ter ficado 15 kg mais pesada com a nova motorização, tal ganho é imperceptível na prática. A Fiat calibrou a suspensão McPherson na dianteira e Multilink na traseira, além de ter feito ajustes nos discos de freio. Dessa forma, a caminhonete continua entregando o conhecido “conforto de SUV” por filtrar com qualidade as irregularidades do solo.

A situação se repete na questão do ruído. Afinal, esperamos que um motor a diesel de maior deslocamento transmita mais barulho para a cabine. Porém, em função de algumas alterações na linha de escapamento, o conforto acústico continua.

Por fim, certamente a Fiat Toro está mais responsiva e reage muito melhor assim que o motorista pisa no acelerador. Afinal, 30 cv a mais fazem diferença. Para completar, o torque total ainda é entregue a 1.500 rpm, uma faixa de giros baixa.

Sem nenhuma força maior, não há absolutamente nada novo em relação ao visual e às dimensões da Fiat Toro a diesel. Portanto, o design já é o velho conhecido, que, aliás, é praticamente o mesmo desde o lançamento da picape, em 2016. As rodas de 18 polegadas foram mantidas, bem como os 4,95 metros de comprimento. Destaque para os detalhes cromados na grade, maçanetas, capas dos retrovisores e estribo nas versões mais caras.

A caçamba tem 937 litros de capacidade e suporta até 1.010 kg de carga. Isso significa que o compartimento é maior que o da rival Chevrolet Montana, por exemplo, que tem 874 litros. Há ainda capota marítima de série e a abertura é lateral.

Se a caçamba é generosa, o espaço interno da Toro não é dos melhores. Ainda que tenha seus 2,98 metros de entre-eixos, a caminhonete não oferece tanto espaço para as pernas dos passageiros na segunda fileira de bancos. O que também falta na área é saída de ar-condicionado.

Pelo menos o acabamento é bem interessante. Os bancos são de couro e marrons, o que, na opinião da redatora, dá um charme extra na cabine. Há também uma imitação de madeira no painel. De qualquer forma, isso não esconde o fato da caminhonete intermediária ainda ter bastante plástico.

A central multimídia tem conexão com Apple CarPlay e Android Auto sem necessidade de fio e a tela de 10,1 polegadas dispõe de um formato retangular, na vertical, que imita um tablet. Isso apenas na versão topo de linha Ranch. Na Volcano, por exemplo, temos uma tela de 8,4 polegadas. Já o painel de instrumentos é digital de 7 polegadas.

Entre outros equipamentos, a Fiat Toro a diesel dispõe de ar-condicionado digital de duas zonas, ajustes elétricos dos bancos, carregador de celular por indução e câmera de ré. No entanto, segue sem freio de estacionamento mesmo na versão topo de linha.

E não que precisasse, mas vale ressaltar que a lista de itens de segurança não mudou. Segue com seis airbags, sensor de chuva, sensores de estacionamento traseiro e dianteiro, alarme antifurto, controles de tração e estabilidade, e assistente de partida em rampa na Volcano. Na Ranch, adiciona frenagem automática de emergência, alerta de saída de faixa e acendimento automático dos faróis.

É… não tem como negar que a Fiat Toro está (muito) melhor com o novo motor. Afinal, a picape agora é mais potente que a Ford Ranger Black, uma de suas rivais, que tem um 2.0 turbodiesel que rende 170 cv. Sei que a concorrente é de outra categoria, mas é preciso lembrar que nenhuma outra caminhonete intermediária é equipada com propulsor a diesel. Acho que a Fiat realmente precisa agradecer a alguma “força maior” que apareceu por aí.

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Fonte: direitonews

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