Teste: Fiat Toro Endurance agrada até quem não precisa só encher a caçamba


Se existe uma coisa que as fabricantes fazem é pensar (e muito) antes de lançar um carro. É por esse motivo que temos modelos criados para atender públicos diferentes no mercado. Alguns são feitos para famílias grandes, outros para quem ama pisar fundo no acelerador e vários são pensados para o trabalho. Este é justamente o caso da Fiat Toro Endurance.

Em 2023, 73,2% de todas as vendas da Toro foram destinadas a empresas. Só que a picape intermediária, na verdade, não se restringe a agradar somente quem precisa encher a caçamba no horário do expediente. Ela é pau para toda obra.

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Para começar, a Toro tem porte maior que as rivais diretas, Chevrolet Montana e Renault Oroch. São 4,94 metros de comprimento, 1,84 m de largura, 1,73 m de altura e 2,99 m de entre-eixos. Essa última dimensão faz com que crianças e adultos (não dos mais altos, é preciso dizer) consigam viajar de forma confortável no banco de trás.

Além disso, são 937 litros de capacidade volumétrica e 750 kg de carga disponíveis — consideráveis 100 kg a mais que as concorrentes. Portanto, a Toro de entrada leva o que for preciso, sem dificuldades, pelo preço de R$ 152.990.

Em relação à motorização, mais um ponto positivo. A chegada do 1.3 turbo de 185 cv de potência e 27,5 kgfm de torque fez muito bem às versões de entrada da Toro, que antes eram equipadas com o limitado motor 1.8 aspirado. Cá entre nós: ele deixava a desejar.

Além disso, todas as configurações agora trazem câmbio automático de seis marchas. Com esse novo conjunto, a aceleração de 0 a 100 km/h caiu de longos 12,2 segundos para 10,6 s (números de fábrica). Fica claro que a caminhonete está mais ágil.

A troca de motor na configuração flex também melhorou o consumo de combustível, porém de forma tímida. Com etanol, são 6,8 km/l na cidade e 8,2 km/l na estrada. Com gasolina, os números sobem para 9,6 km/l e 11,6 km/l, respectivamente. Ou seja, a Toro continua bebendo mais que Montana e Oroch, consequência do porte e peso maiores.

A dirigibilidade da Toro pode ser curiosa para quem está acostumado a dirigir carros de passeio. Afinal, a picape pesa 1,6 tonelada. Só que, assim que você desengatar o freio de estacionamento (manual por alavanca, diga-se), colocar o câmbio no Drive e acelerar, ficará surpreso com a suavidade. No dia a dia, ela demonstra ótimas acelerações e retomadas para seu porte. O que atrapalha são as trocas de marchas lentas em algumas situações, mas nada que impeça o velocímetro de subir rapidamente quando pisamos firme no pedal da direita.

O que também ajuda a Toro a ter uma dirigibilidade suave é a suspensão. Robusta como é de praxe nos modelos da plataforma Small Wide, ela possibilita passar por buracos e terrenos irregulares sem muito sofrimento. Com um pingo de exagero, é possível compará-la a um SUV nesse quesito. O inconveniente, quando o assunto é praticidade, é o diâmetro de giro de 12 m — quase igual ao de uma Nissan Frontier, que é muito maior. Na prática, significa que o motorista precisa de mais espaço e cuidado para manobras.

Por outro lado, a lista de equipamentos entrega (quase) tudo o que é esperado de uma versão de entrada. A Toro Endurace traz seis airbags, controles de tração e de estabilidade, ar-condicionado manual, luz diurna de LED, alerta de pressão de pneus, retrovisores externos com tilt down, rodas de liga leve de 16 polegadas e sensor de estacionamento traseiro. O que faz falta mesmo é a câmera de ré, não oferecida nem como opcional.

Fora isso, a Toro Endurance tem até capota marítima como item de série. Parece fortuito, mas tem se tornado comum oferecê-lo como acessório, mesmo em picapes mais caras. O único problema é na hora da retirada. Uma pessoa sozinha dificilmente consegue fazer esse serviço com qualidade. Quem ficar muito incomodado pode pagar R$ 9.499,62 por uma capota rígida elétrica.

O acabamento é simples e segue o padrão de versões pé-de-boi. Há plástico por todo lado e bancos de tecido. Mas o quadro de instrumentos, digital de 7 polegadas, tem tela configurável. A central multimídia, compatível com Apple CarPlay e Android Auto sem fio, tem o mesmo tamanho de tela. Mas não dá para negar que o tablet vertical de 10,1″ das versões mais caras agradaria mais.

No fim das contas, a Fiat Toro Endurance entrega o que se espera ao mesclar o conforto de um SUV com a versatilidade de uma caminhonete. Tecnicamente, é superior às rivais diretas por um preço similar. Pedida sem erro para quem precisa usar um só carro para trabalhar e sair com a família. Se continuar sendo pau para toda obra sem intenção, tem tudo para seguir sendo “só” a segunda picape mais vendida no Brasil.

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Fonte: direitonews

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