Teste: Fiat Titano 2026 muda muito e vira outra picape sem mexer no visual


Quem te viu, quem te vê. Essa foi a impressão de todos os jornalistas que tiveram contato com a Fiat Titano 2026 com o novo motor 2.2 turbodiesel. É a principal mudança da picape média, que também trocou a linha de montagem da fábrica de Montevidéu (Uruguai) pela de Córdoba (Argentina). Isso acarretou em uma série de outras mudanças.

Além de motor e câmbio, a picape tem novo acerto de suspensão e troca a antiquada direção com assistência hidráulica pela elétrica. Será vendida em três versões no Brasil: Endurance (R$ 233.990), Volcano (R$ 263.990) e Ranch (R$ 285.990). A má notícia é que os preços estão até R$ 25 mil mais altos. O novo motor equipa todas elas, mas há diferenças no câmbio. Confira a avaliação em vídeo abaixo:

A Titano até merecia uma mudança estética para marcar a estreia do motor 2.2 da família Multijet. É a mesma unidade de Jeep Commander, Ram Rampage e Fiat Toro, desenvolvendo 200 cv de potência a 3.500 rpm e 45,9 kgfm de torque a 1.500 rpm.

A versão de entrada, Endurance, tem câmbio manual de seis marchas, característica que fez o torque cair para 40,8 kgfm por conta da embreagem. Nos modelos mais equipados, a caixa é automática de oito marchas.

A tração é sempre 4×4, independentemente da configuração. Uma versão 4×2 é montada na Argentina para abastecer o mercado local, mas a Stellantis não tem planos de lançá-la por aqui.

Abandonar o antigo 2.2 turbodiesel de 180 cv e 40,8 kgfm mudou radicalmente o comportamento da picape. Se antes o desempenho era seu ponto fraco, agora temos um conjunto mais responsivo, menos barulhento e, de quebra, mais econômico e veloz.

Não se trata de uma adaptação “plug-and-play”. A Stellantis precisou melhorar diversos aspectos estruturais para que este motor, importado da Itália, combinasse com a picape. Com exceção da Fiat Ducato, a Titano é o primeiro veículo com chassi de longarina a receber o 2.2 turbodiesel Multijet, já que Commander, Toro e Rampage têm carrocerias monobloco. Spoiler: caiu como uma luva.

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Como a unidade de força está montada mais avançada na carroceria, a Stellantis atualizou a compressão das molas para reequilibrar a picape. O curso dos amortecedores está mais curto, o que trouxe um acerto mais rígido e agradável, mitigando o “pula pula”.

Os coxins também são novos, agora produzidos por um fornecedor brasileiro. Este recondicionamento amenizou significativamente a vibração na cabine. Já o isolamento acústico, apesar de ter melhorado, continua devendo, principalmente em altas velocidades.

O novo câmbio automático, também compartilhado com os outros carros, deixou a Titano mais reativa. Mesmo com a caçamba cheia, quando há necessidade de mais torque, a caixa não espera a perda de velocidade para reduzir as marchas em situações de subidas mais desafiadoras, por exemplo. Tudo funciona de forma instantânea e com muita suavidade.

Outra (boa) consequência é que o desempenho melhorou consideravelmente. Segundo a Fiat, a Titano agora vai de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos, 2,5 s mais rápida que o modelo anterior. As retomadas também estão melhores, necessitando de 6,5 s para ir de 60 a 100 km/h (- 0,2 s) e 8 s para ir de 80 a 120 km/h (- 1,3 s). Levaremos a picape à nossa pista de testes para confirmar estes dados.

A adoção do motor 2.2 não alterou a capacidade de carga da Titano, que segue suportando 1.020 kg. A caçamba acomoda 1.314 litros até o limite superior, diz a Fiat.

A cereja do bolo na atualização técnica é o novo sistema de assistência na direção, antes hidráulica e agora elétrica. Isso melhorou não apenas sua manobrabilidade, já que o volante está mais leve, como também deixou a picape direta e aguçada.

O que chama atenção é sua desmultiplicação. Meia volta parece suficiente para encarar curvas mais fechadas. Especificamente neste aspecto, estamos falando de uma percepção de conforto, não de uma mudança técnica. Diâmetro de giro e número de voltas de batente a batente se mantiveram inalterados em relação à versão uruguaia da Titano. Para ajudar nas manobras, as câmeras 360° projetam na central multimídia uma imagem 3D da picape.

Some isso ao volante pequeno, inspirado nos carros da Peugeot (a Titano nada mais é do que uma versão da Landtrek), e temos uma condução bem satisfatória. Este comportamento deixou a Titano mais próxima de um automóvel — porém, não no mesmo nível de Ford Ranger e Volkswagen Amarok, que parecem SUVs.

Outro aspecto positivo são os freios a disco nas quatro rodas em todas as versões. Quando recebermos a picape para testes em nossa pista, poderemos avaliar se eles deixaram a Titano mais eficiente e segura.

Na cabine, o acionamento do freio de estacionamento passa a ser eletrônico com a mudança. Ainda sobre o pacote de segurança, a Titano Ranch agora oferece pacote Adas, com controle de velocidade adaptativo, sensor de ponto-cego e assistente de permanência em faixa.

Por fim, o consumo de combustível melhorou tanto na cidade, como na estrada. A Titano anterior era capaz de marcar 8,5 km/l em circuito urbano e 9,2 km/l no rodoviário. Agora, segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), são 9,9 km/l e 10,8 km/l.

Era de se esperar que a Titano melhorasse sua capacidade off-road ao adotar o mesmo motor de carros da Jeep e da Ram. A picape tem tração 4×2, 4×4 e 4×4 reduzida, além de diversos modos de condução — Normal, Econômico, Sport, Areia, Terra e Lama — que podem ser selecionados por um botão no console. Para encarar descidas íngremes, basta acionar o hill descent control e tirar os pés dos pedais. A picape também pode subir escadarias sem maiores problemas.

A Stellantis fez uma demonstração da capacidade de reboque com um piloto de teste ao volante. Encheram a caçamba com uma tonelada de carga e acoplaram uma carretinha com 3.500 kg de toras no engate. A picape enfrentou a subida íngreme na terra sem destracionar as rodas ou esgoelar o motor.

Ver um carro evoluir em tantos aspectos é uma grata surpresa. A substituição do motor da Titano culminou em uma série de melhorias técnicas, transformando-a por completo quanto à dirigibilidade. A briga com as concorrentes, todavia, continuará complicada. Abordaremos o assunto mais à frente, pois alguns equipamentos mudaram.

A central multimídia flutuante de 10’’ estreia novo layout e aparenta estar mais responsiva. Todavia, é uma atualização restrita aos grafismos, mantendo o sistema operacional de antes. Há GPS nativo — inútil nos dias atuais, mas que vem a calhar na roça — e conexões Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Carregador de celular por indução é opcional até na versão mais cara.

A tela de instrumentação cresceu de 4,2 para 7 polegadas. Ela está posicionada entre dois mostradores analógicos para conta-giros e velocímetro. A montagem do painel transmite solidez, apesar de a qualidade dos plásticos e do acabamento de aço escovado não encantar. Concluímos que a Ranger continua melhor neste aspecto. Há quem goste do estilo inspirado na Peugeot, com as teclas posicionadas na região central como atalhos.

Para os ocupantes do banco traseiro, há saídas de ar-condicionado (sem regulagem de temperatura ou intensidade do vento), saída USB para recarregar o celular, porta-objetivos e bolsos “canguru” nos bancos. O espaço interno é escasso para um ocupante com 1,85 m de altura, mantendo os joelhos sempre próximos ao banco frontal.

Com o novo motor e mais equipamentos, a Fiat espera melhorar o posicionamento da Titano. A proposta de mirar os frotistas segue firme, e tem sido o ponto forte da picape no Centro-Oeste. Com as novidades, a marca pretende seduzir o cliente agro que tem dinheiro para comprar modelos mais equipados, porém, cobrando bem menos.

Só um preço agressivo poderá concretizar tal estratégia — e isso a Titano tem. A versão de topo, Ranch, custa R$ 285.990. Já a Toyota Hilux Power Pack, o modelo mais barato com cabine dupla e câmbio automático, parte de R$ 288.990.

A pedra no sapato da Titano Ranch será a Ford Ranger na versão XLS, avaliada em R$ 281.900. É a configuração mais em conta da picape com tração 4×4. O motor 2.0 turbodiesel é menos potente, entregando 170 cv, mas a rival americana — também produzida na Argentina — tem um pacote consistente de equipamentos que agradou o picapeiro médio. A maior vantagem da picape italiana, feita na Argentina com uma base chinesa, é o pacote Adas. Se a vida da concorrência estava tranquila quanto à Titano, chegou a hora de abrir os olhos.

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Fonte: direitonews

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