Teste: Ferrari Roma Spider, dirigir de cabelo ao vento nunca foi tão bom


Entra no carro. Senta no banco do motorista. Pisa no freio e aperta o botão de partida. Seleciona o Drive. Solta o freio de estacionamento. Acelera. Freia. Aciona a seta. Segue os comandos do Waze. Olha os espelhos. Entra e sai de ruas e avenidas. Estaciona. Essa é a rotina de qualquer um que dirige todos os dias. Não há mais o frio na barriga do início, as coisas acontecem no automático — mas nem sempre. Quando você está dentro de uma Ferrari, nada é igual ao habitual.

Para começar, é impossível não chamar a atenção por onde passa com um esportivo da marca italiana, por vários motivos. O principal é estar em uma Ferrari. Outro é ela ser uma Roma Spider, um dos modelos com o visual mais polêmico da fabricante italiana. Digo isso principalmente pelo formato da dianteira, mais alongada e com um visual apelidado de “nariz de tubarão”. Sei que seria muita ousadia julgar, mas nem preciso disso. Sempre disse que esse é meu carro favorito da marca quando se trata de design.

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Na cor Rosso Imola, um tom metálico e mais sóbrio do tradicional vermelho da fabricante, fica ainda mais fácil se apaixonar pelo conversível. Tanto que eu não fui a única. Perdi as contas de quantos motoristas pararam seus carros ao meu lado e bateram palmas. Sem contar as diversas ocasiões em que vi as pessoas tirando fotos do esportivo. Acho que nem preciso dizer que isso está longe de fazer parte do meu cotidiano.

Por isso, a bordo da Roma Spider, meu coração batia mais forte. Era uma emoção diferente: felicidade misturada com tensão. Parecia que eu tinha desaprendido a dirigir toda vez que via o símbolo do cavalinho rampante no volante. Cada movimento era pensado. Até trocar de faixa me deixava um pouco nervosa. Chegar perto demais dos outros carros? Nem pensar. Aquele frio na barriga das primeiras vezes havia voltado.

Com o passar do tempo, comecei a me acostumar com a situação. Decidi apenas aproveitar cada segundo — até porque viver essa experiência realmente não é para qualquer um. E há outro ponto importante: a Ferrari Roma Spider não sai da concessionária da Via Itália, a importadora oficial da fabricante no Brasil, por menos de R$ 3,950 milhões. Definitivamente, não é um carro para qualquer um. Tudo é diferente do esperado.

Mesmo com o valor exuberante, por incrível que pareça esse é um dos modelos mais baratos da marca italiana no nosso país. Isso acontece porque a Roma Spider atende a um público um pouco diferente do tradicional comprador de Ferrari. Acredite se quiser, mas o foco do conversível está mais no uso diário — e até familiar. Uma prova disso é que o modelo traz uma segunda fileira de bancos. O espaço, claro, só é indicado para crianças. Nem me arrisquei a sentar por ali. O porta-malas acompanha a ideia e tem um volume generoso para os padrões de superesportivos: são 255 litros.

Só que essa proposta não impede a Roma Spider de entregar números incríveis. Repito: incríveis. O esportivo vem equipado com um motor V8 3.9 biturbo a gasolina que rende impressionantes 620 cv de potência e 77,5 kgfm de torque. Para a felicidade dos puristas, nada de eletrificação. O câmbio é automatizado de dupla embreagem com oito marchas e a tração, traseira. Tal motorização, aliás, é também usada na configuração cupê.

Na vida real, a máquina acelera de zero a 100 km/h em 3,4 segundos. Infelizmente, dirigi a Roma Spider pelas ruas de São Paulo por 40 minutos e não foi possível testar todo o seu poder. A experiência foi mais uma degustação.

Sendo honesta, isso nem faz tanta falta. As outras sensações já impressionaram bastante. Começo comentando sobre algo simples: as luzes de seta. Diferentemente de outros carros, a Roma Spider não traz uma haste. Na verdade, dois botões foram posicionados no volante para o condutor indicar se quer mudar de direção para a esquerda ou direita.

Essa decisão tem uma explicação: o motorista não precisa tirar as mãos da direção e a condução fica mais segura, especialmente a velocidades mais altas na estrada. O mesmo acontece com outras funções do carro, como os modos de condução ou o botão de partida. Magnífico.

Para complementar a proteção aos ocupantes, o painel de instrumentos tem um tamanho considerável, de 10,5 polegadas, e deixa as principais informações do esportivo à mostra de maneira fácil e com ótima resolução. Basta olhar para a tela digital logo à frente para conferir a velocidade, o conta-giros, o mapa GPS e até imagens das câmeras exteriores.

Ainda assim, a Roma Spider tem central multimídia. Uma curiosidade é que sua tela fica na vertical. Outra é que ela é menor que a do cluster: 8,4″. Permite conectar Apple CarPlay e Android Auto sem fio, configurar o ar-condicionado e até o aquecimento dos bancos. Uma terceira tela para o passageiro dianteiro dá acesso à seleção de músicas. Falando nisso, vale observar que a qualidade do sistema de som é outro item admirável.

Agora, vamos ao que interessa. Chega de suspense. Hora de falar da dirigibilidade. Confesso que, antes de começar a experiência, imaginei algumas situações. A principal delas é que, por ser esportiva, a Roma Spider quase não me proporcionaria conforto. Contudo, essa Ferrari conversível me surpreendeu até nisso.

Por exemplo: durante o trajeto, surgiu um buraco do qual não consegui desviar, e naquele momento senti de antemão a pancada, mas… adivinhem? A pancada não veio! A suspensão é mais acertada para o conforto do que a de muitos carros de passeio. E não só no modo Comfort. Quando troquei para o Sport — há ainda outros três: Wet, Race e Esc-Off —, a sensação foi a mesma. Claro que a Roma Spider fica mais responsiva, rígida e até com o ronco do motor mais alto. Ainda assim, quase não há balanços dentro da cabine.

Sendo a Roma Spider um conversível, eu não poderia deixar de mencionar a capota. A Ferrari optou pela estrutura flexível com lona e tecido, a fim de diminuir o peso do modelo. No total, são 1.556 kg. Assim, a abertura é realizada quando o veículo está parado ou em velocidades de até 60 km/h. O processo leva apenas 13,5 segundos e é o mais rápido entre todos os concorrentes.

Para não dizer que não há um ponto negativo: é preciso manter um botão pressionado durante todo o ciclo de abertura ou fechamento da capota para completá-lo. Incomoda, mas claro que vale muito a pena dirigir com os cabelos ao vento.

Na hora de devolver o carro, com um gigante sorriso no rosto e uma pitada de tristeza, estacionei e demorei para entender como abrir a porta. No lugar da alavanca da maçaneta, basta pressionar um botão.

Está comprovado: na Roma Spider, nada é similar a um carro comum. Nada mesmo. E preciso admitir que saio com a sensação de querer viver esse algo diferente todos os dias. É que tem coisas que só a Ferrari pode nos proporcionar.

Ponto positivo: Acerto da suspensão faz os ocupantes sentirem que estão em um carro voltado para o conforto.
Ponto negativo: Abertura e fechamento da capota só são realizados se o motorista pressionar um botão por 13,5 segundos.

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Fonte: direitonews

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