Teste de 1991: o carro mais seguro do mundo não era um Volvo, mas um Saab


Conforto, desempenho e, principalmente, segurança, tanto ativa como passiva, são itens tão evidentes no Saab 9000 CD, que os suecos orgulhosamente o classificam como o “mais seguro do mundo”, numa disputa acirrada com seus compatriotas e rivais da Volvo.

É esse carro que a General Motors do Brasil escolheu (a Saab Automobile agora pertence 50% à GM e 50% à Scania), como representante europeu, para disputar o restrito mercado de importados. Ele começará a ser vendido em julho, num lote inicial de 50 unidades, com o preço em torno de 130 mil dólares.

Utilizando um monobloco projetado em conjunto com o grupo Fiat, de onde resultaram o Lancia Thema, o Fiat Croma e o Alfa 164, o Saab 9000 CD possui características próprias que o diferenciam, e muito, de seus “primos”.

Suas linhas são limpas, frente em cunha, que aloja a tradicional grade da marca (o único cromado externo), sem calhas no teto, pára-choques integrados e saias laterais, tudo pensado para favorecer a aerodinâmica e o silêncio interno. Com quatro portas, ótimo espaço interno, além de um porta-malas com 675 litros de capacidade, trata-se de um verdadeiro automóvel de família.

O conforto é um dos itens mais cuidados. Existe acionamento elétrico para vidros, espelhos retrovisores, teto solar e bloqueio central das portas. Os bancos dianteiros, além de aquecidos, podem ser regulados (eletricamente) no encosto, para frente, para trás, em altura, e contam com três memórias de posição.

Todo o revestimento é em couro cinza (opcional) e o painel revestido com uma moldura de madeira nobre envernizada. O sistema de som, além do tradicional toca-fitas, AM/FM estéreo, digital, com sistema antifurto e dez alto-falantes, tem equipamento de CD.

O ar-condicionado dispõe de três sensores. Basta escolher a temperatura desejada no mostrador que ele aumenta ou diminui o fluxo de ar, abre ou fecha as várias saídas do painel, para-brisa, assoalho e as individuais nas portas traseiras, que contam com ventiladores, mantendo a temperatura selecionada.

Na posição automática, caso a temperatura externa esteja muito baixa, também liga os desembaçadores dos espelhos retrovisores externos e o do vidro traseiro. Nesse modelo, por estar equipado com airbag, o volante não é regulável. Mas, com todos os ajustes de banco, praticamente não há necessidade.

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Com 2.300 cm³ de cilindrada, seu motor de quatro cilindros, cabeçote de 16 válvulas, duplo comando de válvulas, injeção eletrônica e turbocompressor é capaz de desenvolver 200 cv e um torque de 33,6 kgfm a 2.000 rpm, suficientes para que, apesar de seus 1.455 quilos, passe de um tranquilo sedã a um belo esportivo.

Ao ser acelerado fundo — o turbo atua à plena carga a partir de 3.000 rpm —, chega aos 100 km/h, saindo da imobilidade, em 8,35 segundos. Ou simplesmente faz retomadas de velocidade de 80 a 120 km/h em 5,92 segundos e crava 220 km/h reais no plano.

O excelente câmbio automático (opcional) de quatro marchas praticamente não transmite trancos nas trocas. Quando se usa o “kick down” (a redução de marchas por meio do pedal do acelerador), tudo é feito com uma suavidade impressionante.

O motor é silencioso, mesmo em altas rotações. Um sensor de detonação regula automaticamente o avanço da ignição de acordo com a gasolina usada, para melhor rendimento, sem que surjam detonações (batidas de pino). Além disso, está ligado também à válvula que regula a pressão do turbo, fazendo-a diminuir caso só a atuação no distribuidor não seja suficiente. Sem dúvida um dispositivo muito útil em função dos mais variados “coquetéis” de combustível nos postos de reabastecimento.

Em nossos circuitos padrão, na cidade chegamos a bons 7,46 km/l, e na estrada, com velocidades que variaram de 80 a 100 km/h, a 11,51 km/l. Só para ter-se uma ideia, rodando a 80 km/h (o que é difícil com esse carro) fizemos 12,82 km/l.

A segurança ativa também é outro ponto de destaque. Seu comportamento, principalmente em alta velocidade, é impressionante. O sistema de suspensão é um pouco áspero. Mas, em compensação, permite andar a qualquer velocidade mantendo a maior tranquilidade. Sempre neutro, mostra pouca inclinação da carroceria.

No limite acaba tendo uma leve tendência a sair de frente nas curvas de baixa e a desgarrar ligeiramente com a traseira nas de alta. Mas nada que não possa ser corrigido por meio do volante, que conta com um sistema de direção servoassistido de endurecimento progressivo muito bom e que sempre deixa sentir o carro. Ainda melhor, não apresenta reações diferentes mesmo em pisos ruins.

Os freios a disco nas quatro rodas, ventilados na frente, servoassistidos, com circuito triplo e ABS, são fantásticos. O piso pode ser seco, molhado, com areia, meio-a-meio, enfim, do jeito que for, que as rodas nunca vão travar por mais força que se faça no pedal. E o Saab sempre para reto, ou pode ser dirigido no menor espaço possível para aquela situação. Só para ter-se uma ideia, no seco, a 100 km/h, parou em 39,50 metros.

É realmente um carro de Primeiro Mundo e que, sem dúvida, também merece o título de um dos mais seguros.

Teste publicado originalmente na edição 313, de junho de 1991.

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Fonte: direitonews

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