A Cadillac começou a dar as caras no Brasil após meses de muito mistério. Algumas unidades da frota corporativa da GM estiveram no Autódromo de Interlagos durante a etapa brasileira do Campeonato Mundial de Endurance (WEC), no dia 13 de julho.
Antes mesmo de qualquer comunicação oficial da GM do Brasil a respeito, Autoesporte já conheceu seu primeiro SUV para o nosso mercado antes mesmo de ele ser lançado. Fomos até o México para dirigir com exclusividade o Lyriq, o primeiro carro elétrico da marca de luxo.
A previsão era de que as vendas da Cadillac começassem ainda neste ano. Porém, conforme apuramos, podem ficar para o início de 2026. Até a Fórmula 1 tem influência nessa decisão. Enquanto a General Motors define os últimos detalhes desse plano, conheça um pouco mais sobre o Lyriq.
O SUV de 510 cv, com plataforma de Chevrolet Blazer EV, já está de malas prontas para o Brasil. Só falta saber quando a passagem será comprada. No entanto, já posso adiantar uma coisa: a chegada será em um voo de primeira classe.
A Cadillac é uma fabricante norte-americana que tem mais de 120 anos de história, mas talvez só seja conhecida no Brasil por virar nome de música do Roberto Carlos. Atualmente, o carro mais famoso da marca no país é o Escalade, um SUV gigante, de 5,40 metros de comprimento, com motor V8, vendido aqui apenas por importação independente.
Só que a estratégia da GM com a Cadillac no Brasil será bem diferente (e silenciosa), pelo menos nesse começo de jornada. O foco inicial será em carros elétricos, como Lyriq e Optiq, além do próprio Escalade em sua variante movida a bateria. O V8 não está descartado, mas não deve vir na primeira leva.
O desafio para definir a data de estreia começa justamente por aí: vender carros elétricos de luxo de uma marca nem tão conhecida do público com preços que devem ficar acima de R$ 500 mil. Ter por trás a General Motors, terceira maior montadora do país, com a Chevrolet, certamente já ajuda a estreante.
Outra forma de aproximar a Cadillac do consumidor é por meio da Fórmula 1, uma vez que a marca será a 11ª equipe no grid a partir de 2026. A GM quer usar isso a seu favor, por isso não descarta a possibilidade de deixar o lançamento dos primeiros carros para o ano que vem.
A Cadillac pode ser novata no Brasil, mas a moderna plataforma Ultium já está por aqui no Blazer EV, com o qual o Lyriq compartilha muitos componentes. A vantagem é que inconvenientes do modelo da Chevrolet foram sanados aqui. Algo bom em comum entre os dois é o visual. Ambos têm muita personalidade e linhas marcantes, mas o Cadillac adota um estilo próprio em relação à Chevrolet, como é característico da divisão de luxo da GM.
Mesmo sendo elétrico, o Lyriq traz uma enorme grade frontal, típica da marca, e os finos faróis de LED lhe dão um design bem atraente. Nas laterais, as maçanetas ficam embutidas na carroceria quando as portas são trancadas. As lanternas traseiras de LED saem da coluna C e contornam toda a base do vidro traseiro. As rodas são de 20″ e o porta-malas é enorme: tem 793 litros de capacidade, segundo a GM.
No interior, muito luxo. Painel e portas são emborrachados e têm revestimento de couro. Com 4,99 m de comprimento, o Lyriq tem ótimos 3,09 m de entre-eixos. Assim, pessoas da minha altura (1,87 m) viajam com muito conforto para as pernas. Não só isso: a fila traseira conta com uma terceira zona de ar-condicionado, duas entradas USB-C e aquecimento e refrigeração nos assentos laterais.
Na frente, os bancos até têm formato esportivo, mas são confortáveis como duas poltronas. Também há aquecimento e refrigeração, além de massageadores e dois níveis de memória. Uma tela de LED de 33″ integra painel de instrumentos e central multimídia. De acordo com a Cadillac, o sistema é capaz de reproduzir mais de 1 bilhão de cores, pois a resolução é em 9K HD.
O som é ótimo, com 19 alto-falantes. Uma evolução em relação ao Blazer EV é que o Lyriq tem conexão com Apple CarPlay sem fio. O mecanismo não está disponível no SUV da Chevrolet, equipado com o sistema operacional Google Built-In.
No México, o Cadillac Lyriq é vendido com dois motores elétricos (um sobre cada eixo) que, juntos, entregam 510 cv de potência e 62,2 kgfm de torque, formando tração integral. As baterias de 102 kWh garantem autonomia de 505 km no México.
Contudo, não é fácil manobrar o SUV. Além dos quase 5 m de comprimento, são 2,20 m de largura. A câmera em 360 graus auxilia muito nessa hora, já que conta com a melhor resolução de imagem que já vi em um carro. Os ajustes elétricos do banco e do volante permitem ótima ergonomia para o motorista, que fica confortável e com uma postura ereta para não sentir dores nas costas em trajetos longos.
Carros elétricos são conhecidos pelas arrancadas vigorosas e pela entrega instantânea de torque ao se pisar no acelerador. Surpreendentemente, no caso do Lyriq, o fôlego não enche tanto os olhos assim, embora também não decepcione. O zero a 100 km/h oficial em 5,3 segundos está longe de ser ruim, claro, mas o SUV perde elasticidade conforme ganha velocidade. Afinal, pesa nada menos do que 2.687 kg, quase 200 kg a mais do que o Blazer EV, que já é um carro pesado.
Por outro lado, apesar do peso elevado, a frenagem do Lyriq é bem mais suave e exige menos esforço (e susto) do motorista que a do Blazer EV. Claro que você sente a carga das quase 2,7 toneladas do SUV, especialmente acima dos 60 km/h, mas a calibração do Cadillac é mais bem acertada do que a do irmão da Chevrolet, e o pedal vibra bem menos.
Em segurança, o elétrico de luxo também está muito bem servido, com frenagem automática de emergência, assistente de permanência em faixa e controle de cruzeiro adaptativo (ACC). Fica agora a expectativa em relação à chegada da Cadillac ao Brasil, ainda em 2025 ou em 2026, junto com a F1.
Os carros serão importados do Tennessee (Estados Unidos) e o Lyriq deve custar acima de R$ 500 mil. As vendas terão foco em empresários e executivos. Fato é que a General Motors prometeu que o Cadillac entregaria muito luxo. E isso acontece. Se a primeira impressão é a que fica, ela foi muito boa.
Pontos positivos: Acabamento; espaço interno; conforto; itens de segurança e tecnologia interna
Pontos negativos: Peso elevado compromete o desempenho e a autonomia; capacidade de manobras
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Fonte: direitonews