Teste: BYD Yuan Pro é SUV elétrico com preço de T-Cross; vai incomodar?


Dizer que o Brasil será dominado por carros chineses tem um certo tom de exagero, mas é fato que eles vieram para ficar. A BYD, por exemplo, acaba de dar mais um passo em sua estratégia nacional com o lançamento do Yuan Pro, um SUV compacto elétrico que vem forte para enfrentar até modelos a combustão com o preço oficial de R$ 182.800 (veja equipamentos).

Novo SUV elétrico mais barato do país e conhecido como SUV do Dolphin, por compartilhar a mesma plataforma, o BYD Yuan Pro chega para incomodar veículos estabelecidos no segmento de SUVs compactos a combustão, como Volkswagen T-Cross, Hyundai Creta, Chevrolet Tracker e Honda HR-V.

E o motivo é simples. Nessa faixa de preço, o Yuan Pro se equipara às versões mais caras dos SUVs compactos. No entanto, também vai brigar face a face com os elétricos Peugeot e-2008 e Volvo EX30, além do Neta X que chega em breve ao mercado nacional.

Parte da linha Dynasty, o Yuan Pro tem traços visuais parecidos com os do Yuan Plus que, no portfólio da marca no Brasil, fica acima do novato. O design tem uma harmonia interessante, com um capô mais arredondado, faróis de LED e lanternas traseiras interligadas, seguindo o mesmo estilo de LEDs em zigue-zague do Dolphin.

Porém, é nessa parte que já cito um ponto que o Yuan Pro deixa a desejar: são apenas 265 litros de capacidade no porta-malas. No Peugeot e-2008, por exemplo, são 434 litros. Há um motivo que explica a baixa litragem. Em vez de um kit de reparo emergencial, comum em carros elétricos, o BYD traz um estepe temporário, que ocupa mais espaço.

Por mais que muita gente prefira um pneu extra na hora do aperto, não há como deixar de dizer que o compartimento fica pequeno e não comporta tanta bagagem assim. Em contrapartida, o Yuan Pro tem dimensões que ficam na média de SUVs compactos a combustão. São 4,30 metros de comprimento, 1,83 m de largura, 1,67 m de altura e distância entre-eixos de 2,62 m.

Essas medidas se refletem em um espaço razoável na segunda fileira. No tempo em que fiquei com o SUV, percebi que ele consegue, sim, levar três passageiros adultos, mas dois adultos no banco traseiro se ajeitam melhor, principalmente em relação ao espaço para os ombros. Eu tenho 1,60 metro de altura e não sofri nada com falta de espaço para as pernas na parte de trás, graças ao assoalho plano. Assim, mesmo pessoas mais altas viajam com tranquilidade.

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A BYD disponibilizou duas saídas USB (uma do tipo normal e uma C) para os passageiros do banco de trás, mas senti falta de uma saída de ar traseira. É uma penalidade, já que o item é quase mandatório no segmento e deveria estar presente em um modelo que custa mais de R$ 180 mil.

Já a vida do motorista não é nada complicada. O BYD Yuan Pro é bem equipado no geral, incluindo a conhecidíssima central multimídia giratória de 12,6 polegadas. A conexão para Android Auto sem fio é feita de forma prática, mas há momentos em que o sistema parecia “travar” de alguma forma. Nada que interferisse no funcionamento, mas vale a ressalva. Outra é que a projeção só funciona com a tela na horizontal. Ao parear o smartphone, o giro do sistema para a vertical fica travado.

O painel de instrumentos digital é o mesmo do Dolphin, simples e de fácil visualização. Contudo, preciso bater na tecla de que faz falta a presença física dos comandos de ar-condicionado, já que no Yuan Pro os ajustes são feitos diretamente na central e sem a opção de ajustes pelo volante multifuncional no quadro de instrumentos, como o King já oferece.

Assim, o motorista precisa sair do GPS ou da conexão para conseguir regular a temperatura. Até há um botão de liga e desliga no console central, mas ter todos os comandos físicos seria interessante. Boa notícia é que o Yuan Pro tem comandos de voz. Basta dizer “Hi, BYD” para o sistema responder e, com isso, você até pode solicitar a regulagem de temperatura.

Ainda assim, mesmo para esta jovem motorista de 25 anos, existem algumas práticas que facilitam a direção (ainda mais em estradas) e a presença dos comandos do ar é uma delas.

O SUV da BYD traz um acabamento interno simples, mas bem alinhado e acima da média do segmento de SUVs compactos. Há uma boa quantidade de plástico rígido nas portas, mas materiais macios ao toque também marcam presença no painel. Os bancos dianteiros com ajustes elétricos são um mimo que nenhum Creta ou T-Cross trará. Vêm revestidos de couro sintético e são confortáveis. Para o condutor, o formato mais “concha” melhora o conforto.

Gostei bastante do contraste entre o cinza e o off-white na cabine: entrega modernidade. Além disso, a BYD abdicou de ter botões e porta-óculos no teto, que ficou apenas com as luzes auxiliares, então o design é bem limpo.

No console central, há carregador de celular por indução e alguns comandos físicos do carro, como um botão para mudar os modos de condução (em breve falamos mais sobre) e o freio de estacionamento eletrônico, entre outros.

Um ponto positivo é a oferta de um porta-objetos logo abaixo do console, que também traz saídas USB, mesmo que o acesso não seja tão simples para o motorista por conta da posição. No mais, há chave presencial e um sistema de som com seis alto-falantes.

Na lista de equipamentos, o BYD Yuan Pro tem sensores de estacionamento dianteiro e traseiro e assistente de partida em rampas. Mas para por aí. Assim como acontece no recém-lançado BYD King, não há recursos do tipo ADAS (segurança ativa ou semiautônoma), como frenagem automática de emergência ou controle de cruzeiro adaptativo (ACC).

Nem mesmo um alerta de ponto cego que, confesso, a gente se acostuma por ajudar bastante no trânsito do dia a dia. Ainda mais quando se vive em cidades lotadas de carros, como São Paulo. A BYD trata como ADAS sistemas como controle de cruzeiro convencional, controle de estabilidade e freios ABS, que não são interpretados como itens avançados de segurança ativa.

Por falar em rotina, o Yuan Pro é um carro que se encaixa bem na cidade. O motor elétrico dianteiro de 177 cv de potência e 29,5 kgfm de torque serve bem ao SUV. Com esse dado, o modelo supera os 158 cv do Peugeot e-2008 e também é mais potente que os 150 cv de um T-Cross Highline ou os 167 cv de um Creta Ultimate, por exemplo.

Seu desempenho não chega a ser empolgante, mas traz boas respostas de aceleração. Ainda mais com o modo Sport acionado, sendo este um dos quatro modos disponíveis. A lista ainda tem Normal, Eco e Snowfield – mais voltado para situações de baixa aderência.

Com esse conjunto, o SUV acelera de 0 a 100 km/h em 7,9 segundos e chega à velocidade máxima de 160 km/h. A suspensão é voltada para o conforto, então é muito agradável de dirigir o Yuan Pro. Entretanto, assim como acontece no Dolphin Mini, senti uma certa instabilidade durante os três dias em que fiquei com o carro. A traseira balança um pouco, mas as rodas aro 17 com pneus 215/60 ajudam a dar uma maior estabilidade ao SUV do que se sente no hatch.

Seja como for, foi bem fácil encontrar uma boa posição de dirigir. Durante o período de teste, percebi que estava muto confortável dirigindo o Yuan Pro. A ergonomia é um ponto positivo, com as possibilidades de ajuste elétrico do banco e regulagem manual de altura e profundidade do volante. Os freios, a disco nas quatro rodas, também entregam uma boa resposta de frenagem.

Agora, como todo carro elétrico, autonomia é sempre uma questão importante. No Yuan Pro, ela deixa um pouco a desejar. A bateria do tipo Blade, de 45,1 kWh, garante 250 km com apenas uma carga, segundo o Inmetro. Para efeito de comparação, o novo e-2008 tem 261 km no PBEV. Cabe bem para uma pessoa que prioriza o uso urbano, mas para quem gosta de “cair na estrada”, tem que ter mais atenção com os pontos de recarga.

Claro que, em uma situação comum e de vida real, o condutor consegue fazer médias melhores. Afinal, depende do uso diário do veículo e da avidez do pé do motorista. Por ora, com apenas três dias de contato, não foi possível testar a autonomia total do Yuan Pro para entender quanto podemos alcançar. Mas, com certeza, é algo que você verá em breve na Autoesporte.

Para finalizar, vale dizer que o SUV consegue ser carregado tanto em corrente alternada (AC), do tipo lento (6,6 kW), quanto corrente contínua (DC), do tipo rápido (até 60 kW).

Agora, vamos às considerações finais. O Yuan Pro é um SUV elétrico de quase R$ 183 mil que chega com boas armas para brigar até com modelos a combustão. Mas o embate não será fácil. Ainda mais que, nessa faixa de preço, o novato se equipara com o Song Pro, o SUV híbrido da BYD que custa a partir de R$ 195.800 – e lidera o segmento.

Embora seja um carro movido a baterias com um bom desempenho, bem equipado e com preço competitivo, o BYD Yuan Pro deixa a desejar em alguns quesitos, como espaço do porta-malas e autonomia. E, devido à faixa de preço, ocupa um segmento no qual os consumidores são um pouco mais exigentes.

Assim, o BYD Yuan Pro certamente invade o mercado fazendo barulho, mas teremos que esperar para ver se conseguirá repetir o sucesso do Dolphin, que se tornou (em pouco tempo) o carro elétrico mais vendido do Brasil.

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Fonte: direitonews

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