Teste: BYD Shark será a primeira picape híbrida a brigar com Ranger e Hilux


Assim como os tubarões, as fabricantes chinesas de veículos atacam de forma rápida e, quase sempre, eficaz. Nessa nova onda, BYD e GWM sobretudo, “mordem” com carros mais acessíveis, modernos e tecnológicos. Após usarem essa estratégia com compactos e SUVs, chegou a vez das picapes. E a BYD Shark (tubarão, na tradução do inglês) é o início dessa nova ofensiva.

Essa é a primeira picape híbrida plug-in da BYD e também a estreante da tecnologia no Brasil. A Ford já vende a Maverick híbrida no país, mas com um sistema pleno, sem recarga externa.

Autoesporte foi até a Cidade do México (México) para o lançamento global da caminhonete, que está prevista para estrear no Brasil até outubro. E desde já causa furor. Mas, antes de explicar o motivo, cabe dizer que, no Brasil, a Shark vai competir com Ford Ranger, Toyota Hilux e Chevrolet S10, entre as médias. Futuramente, a GWM Poer será outra concorrente chinesa e híbrida plug-in.

Não será uma missão fácil. Entretanto, a caminhonete da BYD, tal qual um tubarão, tem na força uma de suas maiores virtudes. A força, no caso da picape, vem do conjunto híbrido plug-in formado por um motor 1.5 turbo de 192 cv a gasolina a outros dois propulsores elétricos. O primeiro, de 228 cv fica acoplado na dianteira junto com o motor a combustão, o outro, de 201 cv está presente no eixo traseiro. Desta forma, a picape tem tração nas quatro rodas.

Com esse conjunto, a BYD Shark entrega uma potência total de 430 cv. É mais do que qualquer outra picape à venda no Brasil atualmente. O torque combinado não foi divulgado. Porém, o motor turbo de outros mercados entrega algo perto de 25 kgfm, e os elétricos rendem 31,6 kgfm (dianteiro) e 34,7 kgfm (traseiro), é possível que o pico fique na casa dos 75 kgfm.

E, se um tubarão é rápido no mar, a picape Shark não é menos ágil no asfalto. Segundo a BYD, ela acelera de 0 a 100 km/h em 5,7 segundos. Ou seja, mesmo com 2.665 kg, é 0,1 s mais rápida que a Ranger Raptor e seus 397 cv e um segundo inteiro mais veloz que um Volkswagen Jetta GLi.

O teste com a Shark foi urbano e curto. Muito curto. Algo como duas voltas no quarteirão. Logo, as impressões também serão limitadas. Assim que a BYD disponibilizar a picape para um teste em melhores condições, traremos mais sobre a dinâmica de condução, consumo e desempenho.

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Ainda assim, nesse breve contato, notei que a picape tem entrega de torque próximo ao de modelos a diesel. Com a vantagem de parecer um carro elétrico. Logo, toda a força está disponível logo de cara. Outra vantagem é que roda suave, sem ruídos ou vibrações na cabine.

As primeiras impressões são de que a Shark é firme (a gosto do brasileiro), tem boas retomadas e é confortável ao volante. Ponto alto, principalmente em cidades com muito trânsito como a capital México que, diga-se, chega a ser pior que o de São Paulo.

Parte deste conforto, que faz até lembrar um SUV, é crédito da suspensão. É independente de braço duplo triangular na dianteira e na traseira. Essa arquitetura é mais comum em carros esportivos. Mesmo picapes monobloco (como a Ram Rampage e a Fiat Toro) costumam usar McPherson na frente e multilink atrás.

A Shark também tem uma proposta aventureira, por conta da plataforma DMO Super Híbrida Off-road. A marca, porém, não explicou como a tração 4×4 funciona. Considerando que há um motor elétrico na traseira, imaginamos que ele seja o responsável por mover as rodas do eixo posterior. Uma central eletrônica é responsável por dividir a tração entre cada eixo.

De todo modo, será necessário mais contato com o modelo para entender se, nesse aspecto, ela vem ameaçar as rivais mais consagradas no mercado e favoritas de quem exige um uso em condições difíceis.

Se considerarmos apenas a capacidade de carga, a Shark pode passar apuros, já que fica bem aquém das concorrentes a diesel. São 835 kg, contra cerca de 1 tonelada da maior parte das rivais. Achei interessante a possibilidade de abrir a tampa da caçamba de forma elétrica, com apenas dois toques em um botão.

Tem até uma escadinha para ajudar no acesso, como na Ford F-150. Mas não faz o menor sentido a operação de fechamento não ter a assistência elétrica. Principalmente porque a tampa é pesada. A caçamba de 1.435 litros é maior do que a de uma Chevrolet S10, por exemplo, com 1.329 l.

O melhor, entretanto, é o consumo de combustível. Usando apenas o motor a gasolina, as marcas ficam em 13,3 km/l, segundo o padrão europeu. Até aí, uma boa média, mas nada que surpreenda. Porém, usando os motores elétricos, o consumo vai para incríveis 65 km/l, segundo a BYD. Vale dizer que essa medição segue o ciclo chinês, bem mais otimista. No Inmetro, o consumo real certamente será bem menor, mas ainda assim, bom para um veículo tão pesado. Com esses dados, a autonomia fica em 840 km.

Só no modo elétrico, a bateria de 29,6 kWh garante 100 km de alcance, número ainda a ser confirmado pelo Inmetro para o padrão brasileiro. Em aparelhos rápidos, uma recarga de 30% a 80% a 40 kW leva apenas 20 minutos. Por outro lado, em um carregador doméstico AC (corrente alternada), a potência máxima é de apenas 3,3 kW. Ou seja, inferior ao padrão de 7 kW de outros modelos híbridos plug-in.

A BYD ainda não divulga quanto tempo leva para carregar a bateria em AC. Entretanto, deve demorar em torno de nove horas para atingir uma carga completa.

O porte da BYD Shark é um destaque. Mede 5,46 metros de comprimento, além de 3,26 m de entre-eixos. São cerca de 10 cm extras na comparação com uma Ford Ranger. Assim, a picape traz muito conforto para os passageiros. Na fileira de trás, cabem até três pessoas graças ao espaço bem razoável para pernas e cabeças.

A Shark também traz a conhecida central multimídia giratória de 12,8”. Eu gosto do sistema, é simples e rápido de mexer, embora incomode que configurações básicas sejam feitas apenas na tela. Algo que a marca chinesa inclui é o head-up display, um bom recurso que facilita a vida do condutor que só precisa olhar o para-brisa para ver as informações do computador de bordo.

No entanto, o que chama atenção é o conjunto de câmeras de 540° (você não leu errado). O recurso combina a visão 360° com a de 180° da parte inferior do chassi. Sabemos que esse nome é mais uma jogada de marketing, mas resolução é boa e, na minha opinião, todo recurso que te ajuda no dia a dia é um bom adendo.

A BYD também traz outras sacadas, como a chave digital NFC que nada mais é que um cartão de aproximação. Você chega perto no retrovisor e o veículo trava ou destrava, sem necessidade de chave física. Mas, a ação também pode ser feita pelo smartphone.

Para mim, o recurso VTOL é um dos mais legais da Shark. Com ele, é possível usar parte dos 29,6 kWh da bateria para alimentar outros equipamentos eletrônicos. O sistema funciona com uma espécie de extensão que liga no plugue do carregador. Na outra ponta, há uma régua com tomadas para conectar o aparelho que for preciso.

A BYD ainda não menciona quanto que essa brincadeira consome da bateria, que tem como ponto negativo o carregamento lento.

Mesmo com um contato curto, a BYD Shark deixa uma boa primeira impressão. E, diferente do que acontece no famoso filme do Steven Spielberg, a marca chinesa promete que a caminhonete não vai morrer na praia. Para Stella Li, vice-presidente global e CEO da marca chinesa nas Américas, a Shark “vai fazer muito sucesso no Brasil”.

Então, fica a expectativa para ver o ataque do tubarão. Resta saber se o preço, estimado em R$ 350 mil, não vai espantar os clientes, como um tubarão afugenta banhistas quando chega perto da costa.

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Fonte: direitonews

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