Teste: BYD Seal custa R$ 296.800 e abre portas para carros esportivos chineses no Brasil


O BYD Seal acaba de ser lançado por R$ 296.800 para ser o quinto carro elétrico da marca no Brasil, se juntando a Tan, Han, Yuan e ao recém-lançado Dolphin. O sedã, que tem certa semelhança com o Porsche Taycan, é sem dúvida o carro chinês mais esportivo que você pode ter na garagem — e não é só pelos 531 cv de potência.

A esportividade do sedã, que fez sua primeira aparição no Festival Interlagos, realizado em julho em São Paulo, começa no “visual marítimo”. Isso porque o Seal (foca, em inglês) é o segundo carro da BYD a fazer uma alusão ao oceano — o primeiro foi o golfinho, ou melhor, o Dolphin.

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Com seus 4,80 metros de comprimento, a tal semelhança com o Taycan vem na dianteira pelo formato dos faróis de LED que dão uma cara agressiva ao elétrico. E pra deixar a dianteira ainda mais marcante, os DRLs de LED são formados por quatro riscas de cada lado no formato bumerangue.

Na lateral, as maçanetas são embutidas na carroceria quando o carro está travado, como acontece em carros mais luxuosos, as rodas são de 19 polegadas com um design cheio de formas e as saias têm o desenho claramente inspirado em guelras — confesso que achei estranho.

Na bela traseira, as lanternas de LED são interligadas e têm desenhos internos como se fossem peixinhos nadando para dar um aspecto tridimensional, principalmente quando estão acesas de noite. Os para-choques são musculosos e parecem simular saídas de escapamento.

O entre-eixos de 2,92 m garanta um ótimo espaço para quem senta no banco de trás, até para pessoas altas com 1,87 m, como é meu caso. A coluna C com leve caimento cupê não compromete o conforto para a cabeça. Quer mais notícias boas? O túnel central é plano e têm duas entradas USB, sendo uma do tipo C, e saídas do ar-condicionado.

Na frente, os materiais são de ótima qualidade e o painel ondulado que faz referências às ondas é todo emborrachado. Acabamento premium em carro chinês era algo inimaginável há poucos anos, mas acreditem: a cabine é digna de carro de luxo. Porém, há seus exageros. Parte das portas e do console central — que são de plástico — misturam preto brilhante mesclando outras cores como azul e rosa em formas geométricas, o que cansa os olhos com o passar do tempo.

A gigante tela giratória da central multimídia tem 15,6″ e a conexão com Apple CarPlay é feita só via cabo, apesar de ter dois carregadores de celular por indução e outra dupla de entradas USB, sendo outra do tipo C. O painel de instrumentos tem tela de 10,2″ e é digital.

Hora de colocar o BYD Seal para andar. Engato a ré na manopla de câmbio de “cristal” semelhante a dos carros da Volvo, e a visão de 360° com holograma do carro em 3D faz você entrar e sair de qualquer vaga com maestria, por mais apertada que seja; basta ter espaço para caber o carro.

A posição de dirigir é baixa, bem típica de carros esportivos, e como o console central é alto o motorista se sente num monoposto, o que é bem interessante. Outro detalhe esportivo é o volante com base chata, mas que poderia ter o raio um pouco menor.

São dois motores elétricos, um em cada eixo do carro, que entregam 531 cv de potência e 68,3 kgfm de toque, portanto números dignos de um esportivo. O Seal vai de zero a 100 km/h em 3,8 segundos e parece que a BYD ficou orgulhosa desse número porque há um “3.8s” estampado na tampa do porta-malas para fazer alusão ao número. É uma marca boa para uma foca pesada: são 2.150 kg.

Autoesporte já dirigiu o Seal em Interlagos e a impressão foi boa. Ficou curioso? Clica aqui.

Como podem imaginar, o Seal acelera forte com pouca força no pedal, e todo esse peso não joga contra o carro para exercer as atividades básicas do dia a dia: arrancadas, retomadas e ultrapassagens. E se você entrar na estrada e puder acelerar até os 120 km/h, pise fundo no acelerador que você vai grudar no banco nos poucos segundos que o sedã demora para atingir essa velocidade.

O Seal é cheio de tecnologias semiautônomas para auxiliar o motorista. Isso é sempre muito bem-vindo, o problema é que às vezes a interferência é muito bruta. Neste caso, o monitoramento de faixa é muito presente. Se você se aproximar da faixa o sistema logo trata de emitir um alerta e tem uma interferência forte no volante para corrigir a trajetória. Aos poucos você vai se acostumando, só que não deixa de ser incômodo.

A direção é bem precisa na cidade, já em velocidades mais elevadas esta assertividade deixa um pouco a desejar. Entretanto, está longe de transmitir insegurança. Um recurso que está lá para ajudar e dar mais conforto não existe para mim: o Head-up Display. Para quem não está ligando o nome à função, é aquele velocímetro projetado no para-brisa que aparece para o motorista não tirar o olho do horizonte.

Acontece que, neste caso, ele é muito baixo e sai da linha do meu olhar (tenho 1,86 m). A solução para visualizar? Inclinar a cabeça para baixo, mas é óbvio que eu não dirigi assim. Procurei algum ajuste, mas confesso que não o encontrei, então segui viagem sem problemas no confortável banco com estilo esportivo.

E outro avanço para um carro chinês é a suspensão. Ela é pouco rígida, só que na medida certa. O conforto a bordo é bom, o carro fica firme no solo e, nas curvas mais fechadas, não tem uma rolagem de carroceria que cause desconforto. Ser mais próximo do chão têm seus benefícios, mas quando passo por um asfalto mais irregular é preciso reduzir bem a velocidade.

Apesar da certa semelhança na dianteira com o Taycan, eles estão longe de ser rivais. O sedã elétrico mais próximo de preço à venda no Brasil é o também chinês JAC E-J7 (R$ 252.900).

Com baterias de 82,5 kWh, o Seal tem autonomia de 531 quilômetros no exterior, de acordo com a fabricante chinesa. Porém, desde o mês de maio o Inmetro tem um novo padrão de medição e os carros têm esta capacidade. Por isso, o Seal é oficialmente vendido com 372 km.

Confesso que se anos atrás colocassem “chinês”, “esportivo” e “R$ 296.800” na mesma frase seria estranho. Bem estranho! Mas o tempo passou e as coisas mudaram. A BYD é ousada em querer incomodar as marcas premium e eu reconheço isso. Era esperado um preço bem maior pelo Seal – e pelo o que o sedã oferece, seria injusto eu dizer que não vale o preço.

Se você quer um elétrico com pegada esportiva e tem em torno de R$ 300 mil para gastar no carro, o Seal é sem dúvida uma boa opção. Ele não é esportivo só no visual, ele é esportivo em vários aspectos. Ter as três palavras citadas acima juntas na mesma frase passou a fazer sentido neste atual momento. O Seal é um baita carro.

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Fonte: direitonews

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