Hipérbole é uma figura de linguagem que dá ênfase ao exagero excessivo. Para citar um exemplo, na teoria, podemos usar o clássico “esse carro é um foguete”. Na prática, existe o BMW X6 M Competition.
Tudo nesse SUV cupê é superlativo: o preço acima de R$ 1 milhão, o diabólico motor V8 4.4 biturbo de 625 cv, os números de desempenho e consumo (de que falaremos a seguir), os quase 2.300 kg… O utilitário peso pesado parece desafiar a física em alguns momentos. Mas vamos por partes.
O X6 M Competition prova que SUV pode ter visual esportivo no sentido mais literal da palavra. Sua dianteira é agressiva com o capô vincado, os faróis a laser alcançam até 600 metros de iluminação e a grade gigantesca dá conta do fluxo de ar de que o motor V8 precisa.
Essa grade tem ajuste automático da posição das aletas: quando há necessidade de entrar mais ar, elas se abrem; quando o motor está na temperatura ideal, elas se fecham. O movimento também possui função aerodinâmica.
Nas laterais, as enormes rodas (aro 21 na frente e aro 22 atrás) dão um ar ainda mais agressivo. As dimensões são generosas: 4,94 metros de comprimento, mais de 2 m de largura e 1,69 m de altura. O entre-eixos de 2,97 m parece garantir um bom espaço para quem vai no banco traseiro, mas só na teoria, porque na prática não é assim.
O pioneiro caimento cupê do teto que o consagra desde o lançamento, em 2008, criando a moda mundial dos SUVs cupês, deixa uma pessoa de mais de 1,80 m com o pescoço envergado se ocupar uma das extremidades dos assentos de trás, o que não é nada confortável. Na traseira, a assinatura da versão, o para-choque exclusivo e nada menos do que quatro saídas de escapamento.
O interior é luxo puro, com materiais emborrachados, couro e fibra de carbono. São quatro zonas do ar-condicionado, iluminação interna com várias opções de cor, duas telas de 12,3″ na dianteira e outras duas menores para os passageiros de trás, bancos esportivos com aquecimento, ventilação, massageadores e ajustes elétricos.
A chave é a BMW Display Key, que parece um celular e pode controlar várias funções do carro por meio de sua tela de LCD colorida sensível ao toque. Agora vamos ao que mais interessa.
O volante possui ajustes elétricos de altura e de profundidade e oferece uma posição perfeita para o motorista. O banco é esportivo no formato, no entanto é bem mais macio do que o de outros carros que eu já dirigi. Isso tira um pouco da sensação de estar sentado em um esportivo de verdade, porém só até sair da inércia…
Basta dar a primeira pisada e colocar o barulhento V8 para funcionar que o motorista sente uma patada e gruda no assento. É inevitável soltar aquele palavrão que nomeia as alças de segurança no teto dos carros.
O torque máximo de 76,5 kgfm é entregue a incríveis 1.800 rpm e impressiona para um veículo desse tamanho e com esse peso: são praticamente 2.300 kg. As trocas de marcha do câmbio automático de oito marchas são imperceptíveis, mas vale a pena usar as enormes borboletas e fazer as trocas por contra própria. É divertido.
Ao mesmo tempo em que você sente estar dirigindo um carro pesado, a aceleração dá respostas imediatas e faz pensar que esse SUV desafia a física com um desempenho inacreditável pelo tamanho e peso que tem. O zero a 100 km/h é feito em 3,8 segundos, quase o mesmo tempo de um Porsche 911 Carrera S, que faz em 3,5 s. Já a velocidade máxima do SUV chega aos 290 km/h.
Nas laterais do volante existem dois botões vermelhos para a personalização de modos de pilotagem: M1 (esquerda) e M2 (direita). Ambos controlam ajustes de suspensão, direção, motor, frenagem e outras funções.
A pouca rolagem da carroceria nas curvas e as mudanças rápidas de trajetória também são fenômenos contraditórios para um SUV desse porte. Não sai de dianteira nem de traseira, a tração integral mantém o grandalhão fincado no asfalto. O excesso de peso é mais sentido nas frenagens, quando se leva um pouco mais de tempo para achar a dosagem certa do pé no pedal.
Quem comprar esse carro, a última coisa em que vai pensar é em consumo. Mas não pode faltar a informação. Segundo o Inmetro, ele faz 5,9 km/l na cidade e 7,3 km/l na rodovia.
Para o dia a dia na cidade, o X6 M Competition chega a ser agressivo demais. Além de o tamanho dificultar certas manobras e do fato de o carro ser extremamente ligeiro nas respostas do acelerador, a suspensão é bem mais dura do que a de costume para um SUV. Isso tira um pouco do conforto, porque as imperfeições de um asfalto irregular ficam evidentes dentro da cabine. Mas estamos falando de um carro de 625 cv, então essa rigidez da suspensão torna-se necessária até certo ponto.
O BMW X6 M Competition não é um SUV esportivo, mas sim um esportivo no corpo de um SUV. Houve um trabalho minucioso de engenharia para esse grandalhão ter o desempenho e o comportamento que tem. Parece contrariar a física de tal maneira que só Isaac Newton poderia explicar. E aqui vai mais um exemplo hiperbólico…
Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.
Fonte: direitonews