A história da Audi com o público brasileiro é longa, assim como a do sedã A3. O modelo foi lançado por aqui em 1997, quando a operação da marca alemã ainda era de responsabilidade da Senna Imports. Na última década, foi o carro mais vendido da montadora. Claro que os números mudaram. Em 2015, por exemplo, o sedã alcançou um de seus ápices com 6.462 unidades comercializadas. Já em 2024, foram 456 emplacamentos. Mesmo com a queda, porém, o A3 continua marcando presença.
Aqui, vale contextualizar. O Audi A3 já foi produzido nacionalmente em duas épocas diferentes, sempre em conjunto com a Volkswagen, na fábrica de São José dos Pinhais (PR). A primeira vez foi no final dos anos 1990, mais especificamente em 1999, junto com o Golf. A segunda foi a partir de 2015, justamente quando o sedã alcançou números mais altos de venda. Na época, o A3 teve até uma unidade pintada em homenagem a Ayrton Senna, com desenho feito pelo artista Eduardo Kobra.
Já a atual geração do sedã médio é importada da Alemanha para o Brasil desde 2021. Mas agora, na linha 2025, o modelo passou por mudanças pontuais, reforçando o intuito de se manter firme no mercado brasileiro, hoje dominado pelos SUVs. E digo: essa missão o A3 cumpre de forma exemplar.
Algo que impressiona no sedã é o frescor do design, ainda que a atual geração já esteja na estrada há quase cinco anos. Na atualização de meio de geração, a grade dianteira ficou mais robusta, com aplicação do novo logo que se mescla bem com o visual. Os faróis de LED Matrix, capazes de contornar veículos na direção contrária para não ofuscar os demais motoristas, agora vêm de série no A3. Entretanto, um dos detalhes que mais chamam a atenção na versão Performance Black (testada por Autoesporte), que custa R$ 344.990, são as rodas de liga leve, de 19 polegadas, com pegada esportiva.
O A3 tem 4,50 metros de comprimento, 1,81 m de largura, 1,44 m de altura e 2,63 m de entre-eixos. E, embora entregue um amplo espaço na cabine, perde para o rival (em preço e em porte) BMW Série 3, que tem 4,70 m de comprimento e 2,85 m de entre-eixos. Vale pontuar que, sim, o espaço é satisfatório, mas principalmente para os dois passageiros dianteiros.
Na segunda fileira, o túnel central atrapalha quem senta no meio, já que reflete de forma negativa no espaço para as pernas. Em contrapartida, o porta-malas tem 425 litros de capacidade. Ou seja, aproxima-se da litragem de SUVs compactos disponíveis no Brasil, como o Hyundai Creta, com seus 422 litros. O compartimento, aliás, tem abertura automática, algo incomum em sedãs.
No habitáculo, o Audi A3 esbanja bom acabamento. Nada que não se espere de um carro de mais de R$ 340 mil. A partir da linha 2025, o pacote S Line, antes opcional, passa a vir de série na versão de topo. Assim, o sedã oferta bancos esportivos com costuras brancas e estofamento que mescla couro e microfibra, o que deixa o interior mais luxuoso, além de pedaleiras de alumínio. Com a absorção do pacote, o logo “S Line” também está presente no volante e nos assentos.
Durante os dias em que fiquei com o Audi A3, percebi que o sistema da central multimídia de 10,1″ é intuitivo. E tem conexões sem fio para Android Auto e Apple CarPlay. Um detalhe de que gostei foi a facilidade de ligar/desligar o start-stop por um botão no painel. Este auxilia na economia de combustível, mas incomoda no dia a dia, com o carro sempre desligando.
O ponto alto é o pacote de assistências ao condutor, que passou a oferecer (finalmente) o controle de cruzeiro adaptativo (ACC) de série, já que é uma mão na roda no trânsito cotidiano e também essencial em um carro nessa faixa de preço. Assistentes de saída e de mudança de faixa, bem como alerta de tráfego traseiro e frenagem de emergência, também integram o pacote do sedã médio.
Agora, é no desempenho que o Audi A3 realmente se destaca. Durante o período de teste, rodei com o sedã médio majoritariamente no ciclo urbano, mas dei umas boas aceleradas em um pequeno trecho rodoviário. Como adiantamos, o A3 perdeu o sistema híbrido leve na linha 2025, porém ganhou mais torque. Dessa forma, o já conhecido motor 2.0 permanece com 204 cv de potência, mas alcança 32,6 kgfm de torque, ante os 30,6 kgfm do modelo anterior.
O conjunto é atrelado ao câmbio automatizado de dupla embreagem S Tronic de sete marchas. Como de praxe nos carros da Audi, as trocas são realizadas sempre na hora certa, para cima ou para baixo. A velocidade das mudanças também agrada. Ao contrário de modelos mais caros da marca, o A3 não vem equipado com a tração quattro. As rodas motrizes são as dianteiras. Mas, convenhamos, para o uso habitual do consumidor de sedãs, o recurso não faz muita falta.
Uma característica que parece não mudar nunca no Audi A3 (ainda bem) é a dirigibilidade apurada. Como de costume, a suspensão tem ajuste esportivo que garante, além de boa dose de diversão, estabilidade invejável. Outro ponto positivo é que o torque é entregue na totalidade a apenas 1.600 rpm.
Apelando para os números de fábrica, o A3 vai de zero a 100 km/h em 7,4 segundos. Um dado menos otimista é o de consumo. Em nosso teste, a média foi de 7,2 km/l com o ar-condicionado ligado — muito pior do que aquele divulgado pelo Inmetro, de 10,1 km/l.
Ao fim do meu convívio com o A3 senti que, mesmo em diferentes gerações e quase três décadas de vida, o sedã alemão segue sendo aquele bom companheiro de longa data.
Pontos positivos: Boa dinâmica e lista de equipamentos completa são pontos positivos no A3
Pontos negativos: Consumo na vida real é alto; preço é similar ao de modelos maiores
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Fonte: direitonews