Tem celular antigo em casa? Saiba onde descartar corretamente este e outros aparelhos


São classificados como resíduos especiais todos aqueles materiais que requerem um tratamento diferenciado para ser reutilizados e, por isso, não devem ser descartados nem no lixo comum nem no reciclável – e sim em pontos específicos de coleta. Aparelhos eletrônicos, lâmpadas e pilhas fazem parte desta categoria.

O chamado e-lixo é hoje o fluxo de lixo doméstico que mais cresce no mundo, segundo o último Global E-waste Monitor da ONU: mais de 53 milhões de toneladas de resíduos eletroeletrônicos são geradas anualmente. E a estimativa é que o volume chegue a 74 milhões até 2030, já que o consumo de dispositivos desse tipo não para de crescer (cerca de 4% ao ano).

Nessa categoria entram computadores, celulares, carregadores, fones de ouvido, liquidificadores, secadores de cabelo, torradeiras, ferros de passar e qualquer aparelho que possua circuitos eletrônicos e possua tomada ou bateria, que são descartados ao final de sua vida útil. 

Pilhas e lâmpadas também são considerados lixo eletrônico. Porém, por terem características próprias e manuseio diferenciado, possuem sistemas independentes de coleta e destinação e regulamentações específicas. 

Por que reciclar o e-lixo é tão importante

Se descartado incorretamente, o lixo eletrônico pode resultar em sérios danos ao meio ambiente e à saúde das pessoas. “Colocados no lixo comum, os eletrônicos vão parar em aterros sanitários e passam a ser perigosos. Quando expostos a sol e chuva, podem liberar no solo substâncias altamente tóxicas como mercúrio, cádmio, cobre, cromo, entre outros”, explica Alex Pereira, presidente da Coopermiti, central de triagem de resíduos eletroeletrônicos parceira da prefeitura de São Paulo. 

Estima-se que, entre 2016 e 2021, o gasto total da saúde no Brasil para tratar dos problemas causados em decorrência da destinação inadequada de resíduos foi de US$ 1,85 bilhão

Fonte: Panorama dos Resíduos Sólidos do Brasil 2022, da Abrelpe 

A coleta desses equipamentos tem ainda como objetivo fazer com que os materiais usados voltem para a cadeia produtiva, o que gera benefícios econômicos, além dos ambientais. “Mas muitas vezes, em vez de serem descartados, os aparelhos se acumulam em gavetas. Se pensarmos apenas em São Paulo, que lidera a lista dos maiores geradores de resíduos eletrônicos do Brasil, o potencial econômico e de impacto ambiental é gigantesco e ainda pouco explorado”, salienta.

Não deixe o celular velho na gaveta

Celulares, assim como outros aparelhos, contêm uma série de materiais valiosos – inclusive, preciosos, como ouro e prata – que poderiam ser recuperados. Apenas em 2019, segundo pesquisa da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), o e-lixo gerado em 13 países da América Latina continha 7.000 kg de ouro, entre outros metais, valendo US$ 1,7 bilhão em matéria-prima. 

A maior parte dos materiais usados para fabricar os celulares especificamente podem ser reinseridos na cadeia de produção, sendo utilizados em jóias, outros eletrônicos e até automóveis. 

Porém, uma pesquisa realizada pelo V.Trends, hub de pesquisa e insights da operadora de telefonia Vivo, mostra que três em cada cinco brasileiros têm lixo eletrônico guardado em casa. A principal barreira para o descarte apontada pelos entrevistados é o desconhecimento sobre pontos de coleta especializados (61%).

Onde descartar o celular e outros eletroeletrônicos

Atualmente, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), existem duas entidades gestoras responsáveis pela logística reversa de resíduos eletrônicos no país: a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree) e a Gestora para Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos Nacional (Green Eletron).

A Abree disponibiliza 3.417 Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) de eletrônicos espalhados por 1.224 municípios. Já o sistema da Green Eletron conta com 811 PEVs para eletrônicos em 225 municípios e 7.453 para pilhas em 978 cidades. 

Esses pontos estão distribuídos em parques, escolas, empresas, farmácias, supermercados, prédios públicos etc. Para localizar o mais próximo de sua casa, basta entrar no site da Green Eletron e da Abree, inserir o endereço, selecionar o tipo de produto e ver as opções. 

Lixo eletrônico não se restringe a apenas celulares e notebooks: lâmpadas, fios e qualquer outro produto com componentes eletroeletrônicos também estão nessa categoria (Maskot/Getty Images)

No caso dos celulares, marcas e operadoras do segmento como Apple, Samsung, Claro e Vivo também recebem e destinam os equipamentos para reciclagem.

Os municípios têm ainda seus próprios canais de informação sobre coleta. Moradores de São Paulo podem, por exemplo, pesquisar diretamente os PEVs da Coopermiti ou consultar o site do programa Recicla Sampa.

Onde descartar lâmpadas

Embora sejam recicláveis, as lâmpadas fluorescentes precisam ser descartadas em coletores especiais, pois contêm mercúrio e outras substâncias tóxicas em sua composição. Por isso, fabricantes, comerciantes e importadores são obrigados a instalar pontos de entrega para a população.

O consumidor pode levar a lâmpada usada ao local onde fez a compra ou procurar um ponto de coleta no site da Reciclus, associação responsável por operacionalizar a Logística Reversa das lâmpadas no país. No caso dos paulistanos, ainda dá para consultar os PEVs deste e outros resíduos na página do Recicla Sampa

Mais pontos de coleta até 2025

O Brasil é o quinto maior gerador mundial de e-lixo e o número um na América Latina, segundo a ONU. “A estimativa é que, de 1,5 milhão de toneladas produzidas ao ano, apenas 3% sejam recicladas ou descartadas corretamente, ainda há um longo trabalho pela frente”, comenta o presidente da Coopermiti.

Para avançar nessa agenda, o Acordo Setorial para a Logística Reversa de Produtos Eletroeletrônicos, assinado em 2019, prevê que os integrantes da cadeia produtiva, entre outras ações, instalem entre 2021 e 2025 mais de 5 mil pontos de entrega voluntária nas 400 maiores cidades do Brasil e coletar e destinar o equivalente em peso a 17% dos produtos colocados no mercado.

Outro desafio é criar a cultura da reciclagem de eletrônicos nas empresas, que geram grande volume de lixo eletrônico quando moderniza seus equipamentos. É comum que esse material acabe armazenado no próprio prédio, por falta de um plano de descarte regular de peças e dados armazenados.

“O almoxarifado de algumas empresas é um verdadeiro museu com computadores, monitores, smartphones corporativos e uma infinidade de fios. Do ponto de vista ambiental, este tipo de resíduo não pode ser jogado no lixo comum, mas ainda há uma questão de cibersegurança: os aparelhos podem guardar dados sensíveis”, lembra Pereira, da Coopermiti.

Segundo ele, armazenar os equipamentos na própria companhia não é mais seguro nem para o sigilo das informações nem para o meio ambiente – o destino mais seguro é a reciclagem. Entretanto, mesmo com o crescimento de uma cultura ESG nas organizações, a cooperativa trabalha com apenas 30% da capacidade de reciclagem. Pereira orienta, portanto, que as empresas procurem a cooperativa ou outra entidade para dar a destinação correta.

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