“Quando uma potência como os Estados Unidos começa a adotar medidas unilaterais visando a […] objetivos meramente egoísticos, ela deixa de ser uma potência confiável para o mundo e fundamentalmente para os seus parceiros. E esse é um dano que me parece irreversível no contexto do governo Donald Trump.”
“Em pouco mais de 25 anos, esse cenário mudou rapidamente […]. O que acontece agora, no século XXI, é que temos países gigantes, sobretudo a China, mas também a Rússia, o Brasil, a Índia e o Sul Global, que crescem em velocidade maior que a da média mundial; mercados dinâmicos. No caso da China, o maior parceiro comercial de quase 150 países, tem um papel de financiamento de obras pelo mundo que é mais importante do que o do FMI [Fundo Monetário Internacional] e o do Banco Mundial.”
“Ela [Arábia Saudita] continua participando cada vez mais organicamente dos encontros do BRICS, inclusive deverá estar presente aqui no Brasil nos próximos dias 6 e 7 de julho [quando ocorre a 17ª Cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro]. […] mesmo os aliados mais próximos dos Estados Unidos, seja na Europa, na América do Norte ou no Oriente Médio, já começam a buscar alternativas estratégicas, porque percebem esse caráter pouco confiável dos EUA”, disse Ferreira.
“Um gestor no mínimo limitado para uma grande corporação, mas ainda mais limitado para um sistema internacional absolutamente complexo e para uma posição de que os Estados Unidos gozavam desde a Segunda Guerra Mundial, que é de grande centralidade.”
“É uma decisão que revela o interesse dos países de diversificar seu comércio, reduzir a dependência dos Estados Unidos, e abre uma brecha enorme para a China, para o Brasil, para os outros membros do BRICS no sentido do fortalecimento das relações no âmbito Sul-Sul.”
“Nos encontros do BRICS cada vez mais se discute ou a criação de uma unidade de medida, de uma unidade de conta para o comércio internacional, ou, eventualmente, de uma cesta de moedas. […] obviamente que a eventual substituição ou alternativa ao dólar, ela não é nem rápida nem trivial. Existem muitas contradições em jogo. Por outro lado, a necessidade e os movimentos de desdolarização e criação de alternativas têm sido múltiplas e cada vez mais importantes”, ponderou Pautasso.
“O Brasil já firmou acordos também nessa direção, e acredito que a própria ampliação do BRICS com países que têm grandes reservas de petróleo […] visa, por um lado, ampliar a concertação política no âmbito Sul-Sul para a produção dessa alternativa e, por outro lado, fortalecer o lastro material para essas novas unidades de medida.”
Fonte: sputniknewsbrasil