A bariátrica, conhecida como redução do estômago, é um dos procedimentos mais conhecidos por pessoas obesas que precisam perder uma quantidade significativa de peso. A cirurgia é bastante invasiva e, por isso, é recomendada apenas para casos onde o paciente tem um quadro grave de obesidade ou não teve bons resultados com outros tratamentos.
Mas uma alternativa pode começar a ser utilizada no lugar da operação: a gastroplastia endoscópica, ou sutura gástrica. Ela foi aprovada pela Agência Nacional de Saúde (Anvisa) no final de 2016 e é indicada para pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30. Ao contrário da bariátrica, a sutura pode ser realizada até mesmo em pacientes com obesidade leve, e é feita sem cortes.
“A maior vantagem do procedimento é que, ao contrário da cirurgia de redução de estômago, ele é realizado sem que haja nenhum corte no paciente, evitando complicações no pós-operatório e possibilitando uma melhor recuperação”, explica o cirurgião do aparelho digestivo Eduardo Grecco, coordenador do Serviço e da Residência Médica de Endoscopia da Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo.
Ele conta que o paciente recebe alta no mesmo dia e já pode voltar às atividades normais após dois ou três dias, apesar de precisar de dieta pastosa por até um mês. Já na cirurgia bariátrica, o indivíduo requer mais cuidados, especialmente devido ao tempo de internação e recuperação.
Diferenças entre procedimentos
A sutura gástrica é realizada por meio de um tubo flexível, o endoscópio, que é introduzido pela boca do paciente sob anestesia geral. O cirurgião utiliza a câmera embutida no aparelho para ver as imagens do estômago em tempo real, fazendo costuras no órgão para diminuir a sua capacidade.
“Na cirurgia bariátrica, o indivíduo não terá só o tamanho do estômago reduzido, mas também pode ter dificuldade com a absorção de nutrientes, produzindo uma alteração das ações metabólicas. A pessoa absorve menos nutrientes, gorduras e açúcares, e irá precisar de cuidados constantes, como suplementação de ferro e vitaminas. Na sutura endoscópica, você não tem esse tipo de alteração vitamínica porque o estômago continua exercendo todas as suas funções”, afirma Grecco.
O cirurgião comenta que o procedimento ajuda a diminuir a fome e aumentar a saciedade com menor ingestão de alimento da mesma forma que a bariátrica. Mas o mais importante é manter uma dieta balanceada antes e depois da cirurgia, além de ter uma equipe multidisciplinar e apoio psicológico trabalhando junto com o paciente.
Ele ressalta que a redução de peso é menor na gastroplastia endoscópica: enquanto na bariátrica a redução é de até 40% do peso corporal, o emagrecimento resultante do procedimento menos invasivo é de até 25%.
Para quem é indicado
As indicações clássicas da cirurgia endoscópica são para pessoas com quadro de obesidade leve e sobrepeso, mas o médico afirma que existem pacientes que deveriam realizar a bariátrica e optam pelo procedimento menos invasivo para “não mexer com o intestino”, ou devido aos riscos da operação.
“Esses pacientes podem realizar a gastroplastia endoscópica, porém, devem estar cientes da questão do resultado. Para um paciente com 100 kg que deveria pesar 60kg, o ideal é uma cirurgia bariátrica. Porém, com a sutura gástrica, ele sai desse patamar de 100kg e vai para 80kg, e, com isso, inicia o processo de emagrecimento”, explica.
Grecco lembra que há contraindicações para pessoas com algum tipo de distúrbio psiquiátrico importante, como compulsão alimentar, ou doenças que prejudiquem a coagulação do sangue. Pacientes com gastrite, esofagite ou outras doenças podem realizar o procedimento, desde que ele seja comunicado e tratado previamente.
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