Via @cnnbrasil | O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, retirou nesta segunda-feira (15) o sigilo de uma gravação obtida pela Polícia Federal durante as investigações de um suposto esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Segundo o material, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados teriam realizado uma reunião para discutir formas de ajudar o senador Flávio Bolsonaro (PL) na investigação sobre “rachadinha” no gabinete do filho do ex-presidente quando ele era deputado estadual.
A gravação faz parte da uma investigação da Polícia Federal que apura o suposto uso da Abin para espionagem ilegal de adversário de Bolsonaro.
Na última fase da operação da PF, realizada na semana passada, cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e outros sete de busca e apreensão. O objetivo da operação é investigar uma organização criminosa que teria sido montada durante a gestão de Alexandre Ramagem, atual deputado federal e pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro.
Leia a íntegra da transcrição do áudio clicando aqui.
O que há na gravação?
O ex-presidente, em determinado momento, diz que “nunca sabe se alguém está gravando alguma coisa“. Ramagem, porém, disse, nesta segunda-feira (15), que Bolsonaro sabia que estava sendo gravado.
O áudio também traz uma suposta oferta do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel para ajudar Flávio em troca de uma cadeira no STF.
Pela gravação, também é possível verificar Ramagem orientando advogadas de Flávio Bolsonaro e alertando para risco “político” do envolvimento do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no caso.
A CNN procurou os citados no documento. Veja o que disseram até o momento:
- Jair Bolsonaro: sem manifestação até o momento.
- Alexandre Ramagem: “O presidente Bolsonaro sempre se manifestou na reunião por não querer favorecimentos ou jeitinhos”. “Eu me manifestei contrariamente à atuação do GSI no tema, indicando o caminho por procedimento administrativo pela Receita Federal, previsto em lei, e ainda judicial no STF”
- Augusto Heleno: procurado, o advogado Matheus Millanez, que representa o general Augusto Heleno, informou que não se manifestará.
- Luciana Pires: a CNN tenta contato com a defesa.
- Juliana Bierrenbach: “O que eu relatei foi a existência de uma organização criminosa no âmbito da Receita. Eles atuam da seguinte forma. Existe uma portaria que é de 2012 que determina que alguns funcionários da Corregedoria da Receita federal e da área de investigação podem utilizar uma senha de acesso que torna o acesso dos funcionários indetectável”.
- Flávio Bolsonaro: “Mais uma vez, a montanha pariu um rato. O áudio mostra apenas minhas advogadas comunicando as suspeitas de que um grupo agia com interesses políticos dentro da Receita Federal e com objetivo de prejudicar a mim e a minha família. A partir dessas suspeitas, tomamos as medidas legais cabíveis. O próprio presidente Bolsonaro fala na gravação que não ‘tem jeitinho’ e diz que tudo deve ser apurado dentro da lei. E assim foi feito. É importante destacar que até hoje não obtive resposta da justiça quanto ao grupo que acessou meus dados sigilosos ilegalmente”.
- Wilson Witzel: “Nunca mantive qualquer relação pessoal ou profissional com o juiz Flavio Itabaiana e jamais ofereci qualquer tipo de “auxílio” a qualquer um durante meu governo. O presidente Jair Bolsonaro deve ter se confundido e não foi a primeira vez que mencionou conversas que nunca tivemos, seja por confusão mental, diante de suas inúmeras preocupações, seja por acreditar que eu faria o que hoje se está verificando com a Abin e Policia Federal. No meu governo a polícia civil e militar sempre tiveram total independência”.
Luísa Martins e Patrícia Nadir
Fonte: @cnnbrasil