DIEGO NUÑEZ E ITALO NOGUEIRA
NOVO HAMBURGO, RS, E RIO DE JANEIRO, RJ – O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, participou neste sábado (3) de um evento de campanha em Novo Hamburgo (RS) exclusivo para mulheres, público no qual enfrenta maior rejeição.
Ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente defendeu a flexibilização do porte de armas como uma das ações voltadas para as mulheres.
“Quando precisar trocar um pneu sozinha na rua e vier pessoas na sua direção, prefere ter na bolsa uma Lei Maria da Penha ou uma pistola? E ninguém aqui é contra Maria da Penha. Nosso governo foi o que mais prendeu machões”, disse ele, que ouviu em uníssono a resposta: “pistola”.
O eleitorado feminino é um dos que o presidente enfrenta maior dificuldade. O comportamento misógino do presidente voltou à pauta após o debate na TV Bandeirantes, promovido no domingo (28) em parceria com a Folha de S.Paulo, no qual ele ofendeu a jornalista Vera Magalhães e a senadora Simone Tebet (MDB), candidata à Presidência.
Nesta sexta-feira (2), ele voltou ao tema ao dizer que quem provoca deve estar pronto para ser provocado e que há oportunismo quando “se usa da condição biológica como escudo”. A declaração no Twitter não cita nenhum caso específico, mas ocorre na esteira de críticas à sua ofensa à apresentadora de TV Gabriela Prioli.
Principal aposta da campanha do presidente para se aproximar do eleitorado feminino, Michelle fez um discurso centralizado na religião cristã, dizendo que a Presidência de seu marido é uma missão enviada pelo Deus cristão e citou a Nicarágua.
“Temos um presidente forte e corajoso que luta para que o Brasil não perca sua liberdade. Estamos vivendo uma guerra espiritual. Hoje é o momento de falar de política para continuar podendo falar de Jesus. Nós, mulheres, precisamos nos posicionar como cristãs”, afirmou Michelle.
O local escolhido para o evento foi estratégico, já que o Sul é a região onde Bolsonaro apresenta seus melhores resultados.
A maior parte do público feminino presente ao evento aparentava ter mais de 45 anos. Algumas exibiam orgulhosas faixa escrito “as tias do zap”. Algumas jovens estavam presentes acompanhadas de adultas.
As bolsonaristas pareciam especialmente entusiasmadas com a presença da primeira-dama. Entre os gritos tradicionais da direita brasileira, como “mito”, “a minha bandeira jamais será vermelha” e “eu vim de graça”, se destacava também pedidos por Michelle.
Antes da chegada de Bolsonaro, foi exibido um vídeo sobre cristãos perseguidos no mundo. Denise Lorenzoni, mulher de Onyx, fez um discurso com forte teor religioso.
“Esse evento é para mostrar ao Brasil que mulheres estão ao lado de Michelle e Jair Bolsonaro nessa luta pelas nossas famílias. É muito importante que o Rio Grande do Sul, através do carinho das mulheres gaúchas, mostrar que estamos mobilizados”, disse Onyx antes da chegada do presidente.
Bolsonaro tem dois palanques no Rio Grande do Sul. Onyx e o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) disputam o voto bolsonarista ao governo gaúcho.