Conteúdo/ODOC – Sorriso (400 km de Cuiabá) lidera a taxa de estupro e estupro de vulnerável no país, com 113 casos a cada 100 mil habitantes. Localizada no norte do Mato Grosso, a cidade é tida como a capital nacional do agronegócio, maior produtor individual de soja do mundo, terceiro maior PIB de Mato Grosso e quarta cidade mais violenta do Brasil.
De acordo com os dados do Anuário da Segurança Pública de 2024, divulgado na quinta-feira (18) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o município subiu duas posições com o aumento taxa de Mortes Violentas Intencionais (MVI) de 70,5 casos a cada 100 mil habitantes para 77,7 casos a cada 100 mil habitantes, um aumento de 10,3%.
São consideradas MVI os crimes de homicídios, roubo seguido de morte (latrocínio), feminicídios, mortes de policiais e mortes decorrentes de intervenção policial e lesão corporal seguida de morte.
Um dos casos mais chocantes de estupro no país ocorreu em Sorriso em 24 de novembro de 2023. Gilberto Rodrigues dos Anjos invadiu uma residência estuprou e matou Cleci Calvi Cardoso, 46 anos, a filha dela Miliane Calvi Cardoso, 19 anos e Manuela Calvi Cardoso, de 13 anos. A outra criança Melissa Calvi Cardoso, de 10 anos, ele assassinou por esganadura.
Além de Sorriso, Cuiabá, Sinop e Tangará da Serra figuram como os municípios de maior risco das mulheres serem vítimas de violência sexual.
O crime cometido como o acima citado em Sorriso, não é do tipo mais comum, praticado por desconhecidos. Geralmente os criminosos são conhecidos da vítima e o estupro ocorre dentro de casa. As vítimas, em sua maioria, são crianças e adolescentes de no máximo 13 anos (61,6%), que são estupradas por familiares ou conhecidos (84,7%), dentro de suas próprias residências (61,7%).
Violência em MT
Mato Grosso apresentou aumento de 8,1% em relação a 2023, com 1.159 casos em 2023 contra 1.072 em 2022. É um dos seis estados que apresentou aumento, enquanto no país caiu em 3,4%. Os casos de execuções tem sido cada vez mais frequentes com a mesma forma de ação: um garupa na motocicleta atira em locais públicos contra as vítimas e invasões em residências para matar.
Conforme o estudo, o aumento dos casos de mortes violentas ocorre devido às disputas de mercados e pontos de venda de drogas entre as diversas facções de base prisional e milícias que controlam territórios de forma armada e violenta. Segundo o Estudo Global sobre Homicídios 2023, do UNODC, nas Américas, 50% de todos os homicídios são motivados pelo crime organizado, contra uma média mundial de 22%. O Brasil não informou o UNODC o seu percentual, por isso a média regional é apenas referencial.
“É preciso avançar na discussão sobre como reprimir o poder bélico, territorial e financeiro do crime organizado de forma mais eficiente e efetiva do que o incentivo/ liberalidade da letalidade policial por parte de alguns governantes, sejam eles de direita, centro ou de esquerda no espectro político e ideológico. A atual forma de enfrentamento acaba por gerar mais mortes, sobretudo de negros, jovens e por armas de fogo, enquanto o crime organizado tem comprometido várias esferas da vida pública e da economia formal não atingidos pela ação de policiamento ostensivo e de operações especiais”, apontou o estudo.
De acordo com o Anuário, com o excessivo do policiamento ostensivo, o crime vai ocupando espaços cada vez maiores na política, na economia e no controle da vida de milhões de brasileiros e brasileiras. A repressão eficaz das facções e milícias passa pelo aumento da capacidade de investigação criminal por parte das polícias judiciárias (polícias civis e federal) e de combate à lavagem de dinheiro como estratégias de redução da impunidade e da corrupção.
Fonte: odocumento