Todo torcedor sonha em estar nas arquibancadas para ver seu time conquistando títulos grandes. Dentro do futebol, a final da Copa Libertadores leva os fanáticos a fazerem inúmeras loucuras para conseguir assistir à decisão ao vivo. Porém, essas loucuras, sendo organizadas ou de última hora, correm o risco de não darem certo.
Esse é o caso de centenas de torcedores do Flamengo nesta sexta-feira (28/10). Tentando embarcar para o Equador com o objetivo de estar em Guayaquil para a final da Libertadores contra o Athletico-PR, que acontece neste sábado (29/10), os flamenguistas viveram momentos de terror no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro.
As cenas caóticas tomaram conta das redes sociais. Nas imagens, é possível ver pessoas que compraram pacotes com a Outsider Tours, empresa de viagens oficial do clube, e que não conseguiram embarcar em nenhuma aeronave.
Para o Metrópoles, a torcedora Flávia Freitas, de 47 anos, contou como foi o processo de ver um planejamento de meses se destruir em poucas horas. Com o marido Rubens Ramos, de 49 anos, o filho Guilherme, de 19, e o amigo Rafael Carvalho, de 47, Flávia planejou estar no Estádio Monumental Isidro Romero Carbo em 2022 desde o ano passado.
Na última final do Rubro-Negro, contra o Palmeiras, a torcedora não pôde estar no local devido ao vestibular do filho. Decidiu, então, que a próxima oportunidade seria diferente. Por isso, logo depois do primeiro jogo da semifinal da competição continental, decidiu aderir aos pacotes de viagem para apoiar seu time do coração na decisão.
“Compramos três pacotes há um mês e meio, praticamente. Nos organizamos para ir e, obviamente, a gente projeta muita coisa nesse jogo. Como sempre existe uma insegurança sobre a definição do local da final, decidimos fechar direto com a Outsider Tours, uma empresa referenciada, para não correr o risco de algo dar errado”, conta ela.
Mesmo assim, as expectativas não ocorreram de acordo com o plano. A empresa tinha informado, em contrato, que os vouchers de transporte, acomodação e partida, além de outras informações para a excursão, seriam encaminhados aos passageiros 20 dias antes do jogo. Entretanto, apenas 10 dias antes da viagem Flávia recebeu os vouchers do hotel e informações de horário do voo de ida e volta.
A família Ramos estava em um voo que saía do Rio de Janeiro às 9h desta sexta-feira. Na quinta, entretanto, notícias de que voos apresentaram problemas e foram cancelados começaram a rodar nas redes sociais. Foi quando Flávia tentou contato com a Outsider e não conseguiu mais falar com nenhum representante.
A empresa criou um grupo de WhatsApp com os clientes, em que apenas os administradores poderiam mandar mensagem, e começaram a passar informações sobre possíveis problemas na viagem. De acordo com a companhia, o voo, que não teria alteração, foi adiantado para às 7h40. A família decidiu chegar mais cedo ao aeroporto para conseguir ter tranquilidade no embarque.
Às 3h30, Flávia já estava no local, lotado com pessoas que deveriam ter embarcado na madrugada. Lá, havia um fila para confirmar os dados do check-in somente para clientes da empresa, onde afirmaram que o nome da torcedora estava no voo combinado. Entretanto, quando chegou sua vez de fazer efetivamente o check-in, seu nome não estava mais lá. O voo, então, teria retornado ao seu horário original.
A partir daí, uma grande desorganização tomou conta do aeroporto. O diretor comercial da Outsider Tours, Fernando Sampaio, entrou em ação e começou a recolher passaportes para fazer a inclusão manual de passageiros em outros voos. O fluxo era ruim e os funcionários pediam paciência aos clientes.
Outros torcedores, que já haviam conseguido embarcar, começaram a avisar que as aeronaves estavam decolando com assentos livres. De acordo com as companhias aéreas, não havia como colocar novos passageiros por conta de atraso, o que poderia impedir que os voos fossem autorizados.
Foi aí que informaram que não haveriam mais voos pela manhã, apenas na madrugada. A confusão se instalou e o diretor comercial da empresa sofreu tentativas de agressão.
O Procon do Rio de Janeiro chegou ao aeroporto e ofereceu três opções de novos horários para o interesse de cada torcedor, além do reembolso. “Eles estavam muito despreparados, fazendo filas sem ter informações, sem ser transparentes sobre o que estava acontecendo. Colocaram nossos nomes em uma lista de papel, de acordo com o horário que escolhíamos, mas sem nos dar a certeza se as propostas iriam acontecer. Tudo aconteceu diferente do combinado”, conta Flávia.
A torcedora ainda relata que outros problemas precisarão ser enfrentados: “A gente está sem o ingresso. Informaram que receberíamos os tíquetes em Guayaquil, mas podemos embarcar, chegar lá e não ter ingresso”.
Para Flávia, o maior problema não é nem esse. “Uma grande parte do sonho da gente já foi destruído. Projetei estar lá hoje, nos bares e restaurantes, confraternizando com amigos. A gente se planeja e investe para ter uma experiência completa. Quando teremos a oportunidade de fazer isso de novo?”, questiona ela.
A flamenguista relata que nenhuma autoridade, além de Fernando Sampaio, estava presente no local para resolver os problemas, incluindo responsáveis do Flamengo.
O Metrópoles tentou contato com o clube carioca e com a Outsider Tours, mas não teve resposta. O espaço da reportagem segue aberto para futuros posicionamentos.