Pesquisadores da Universidade de Lille, na França, e do Hospital da Universidade de Lausanne, na Suíça, desenvolveram um novo tratamento que promete revolucionar a qualidade de vida de pessoas com Síndrome de Down. A terapia consiste na reposição do hormônio liberador de gonadotrofina, com o objetivo de evitar a degeneração cerebral e estimular conexões entre neurônios. A pesquisa foi publicada nesta sexta-feira (2/9) na revista Science.
O grupo descobriu que as alterações cognitivas desencadeadas pela Síndrome de Down estão relacionadas a problemas anteriores relacionados à produção de GnRH – hormônio liberador de gonadotrofina.
“A manutenção do sistema GnRH parece desempenhar um papel essencial na maturação cerebral e nas funções cognitivas. Na Síndrome de Down, a terapia com esse hormônio parece promissora, especialmente porque é um tratamento sem efeitos colaterais significativos”, afirmou Vincent Prévot, diretor de pesquisa do laboratório da Universidade de Lille e um dos autores do estudo, em comunicado.
Após a relação entre o hormônio e as alterações cerebrais ter sido identificada, os cientistas aplicaram injeções de GnRH em 644 camundongos que estavam preparados para servirem como modelos científicos da síndrome. Depois de 15 dias, a equipe verificou que a reposição havia melhorado os sintomas neurodegenerativos nos animais. Em seguida, os cientistas realizaram testes semelhantes em um grupo de sete homens com idades entre 20 e 50 anos com a mutação cromossômica.
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Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais e que pode surgir décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomasPM Images/ Getty Images
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Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista Andrew Brookes/ Getty Images
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Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoceWestend61/ Getty Images
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Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do anourbazon/ Getty Images
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Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doençaOsakaWayne Studios/ Getty Images
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Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comunsKobus Louw/ Getty Images
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Segundo pesquisa realizada pela fundação Alzheimer’s Drugs Discovery Foundation (ADDF), a presença de proteínas danificadas (Amilóide e Tau), doenças vasculares, neuroinflamação, falha de energia neural e genética (APOE) podem estar relacionadas com o surgimento da doençaRossella De Berti/ Getty Images
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O tratamento do Alzheimer é feito com uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. A doença não tem cura e o cuidado deve ser feito até o fim da vidaTowfiqu Barbhuiya / EyeEm/ Getty Images
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Os participantes tiveram um dispositivo colocado no braço que liberava uma dose do hormônio GnRH a cada duas horas, ao longo de seis meses. Os resultados identificaram a melhora cognitiva em seis dos sete voluntários. Eles apresentaram maior capacidade de compreender instruções, prestar atenção e memorizar informações.
As mudanças também foram comprovadas por exames de imagem realizados antes e depois do uso do hormônio. O único aspecto que não apresentou melhora foi a capacidade olfativa dos indivíduos.
Próximos passos
Ao mesmo tempo que os resultados são promissores, os estudiosos lembram que a alta dosagem de hormônios como o GnRH pode aumentar o risco de câncer, e pessoas com Síndrome de Down já apresentam maior chance de desenvolverem leucemia.
Os cientistas pretendem realizar um novo estudo, com mais participantes, para avaliar o tratamento com mais pessoas com Síndrome de Down e também querem testar o hormônio em pessoas com Alzheimer.
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