Qual a semelhança do Islã com a umbanda e o candomblé?
“Lá no continente africano nós temos várias matrizes, vários nascedouros de tradições, de grupos étnicos diferentes, que no contexto brasileiro, na nossa ‘salada’, nas várias formas de resistência […] produziram o que seria mais correto chamar de candomblés, assim como umbandas.”
“Então a presença do Islã, seja no contexto das religiões africanas produzidas no Brasil, assim como no período anterior, que a gente chama de pré-diaspórico, é muito intensa”, acrescenta.
“Desde o século XVI se fala […] até em muçulmanos que chegam aqui também na própria frota de Cabral.”
“Xangô assentiu a um pedido, demonstrando politicamente respeito ao islamismo: ele adotou para si e para todos os seus descendentes um interdito típico do islamismo, que é não consumir carne de porco. E é curioso, porque até hoje nos terreiros de candomblé do Brasil, e depois, nessa nova diáspora, mundo afora, quem é filho de Xangô […] não come carne de porco.”
“Existem muitas saudações, rezas, utilizadas tanto no candomblé quanto na umbanda, que possuem raízes e expressões que também transitam pelo Islã. Eu gosto de utilizar o exemplo do atabaque, que vem de al-tabak.”
“Igualzinho. Você vê que essas relações, o uso do branco na sexta-feira, o jejum de Oxalá às sextas-feiras, a origem referencial de paz, o Exu da umbanda que atende a Xangô, Xangô-Orixá, que respeitam o islamismo, tudo isso forma um caldo muito interessante de um sincretismo afro-islâmico que nós precisamos conhecer melhor”, afirma.
Fonte: sputniknewsbrasil