A saúde vai muito bem, obrigado, mas a financeira e dos planos de saúde do país, que registraram ‘astronômicos’ lucros de R$ 2 bilhões no primeiro semestre deste ano (1S23), informou a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). De acordo com a autarquia, o lucro obtido pelo setor corresponderia a 1,3% da receita total verificada no mesmo período, que chegou a aproximadamente R$ 154 bilhões.
Prova de que a (falta) de saúde é um bom negócio para poucos, o resultado líquido do 1S23 foi positivo para todos os segmentos do setor:
- As administradoras de benefícios registraram lucro de R$ 260,6 milhões;
- As operadoras odontológicas tiveram lucro de R$ 327,4 milhões;
- As médico-hospitalares, com R$ 1,46 bilhões.
Em contraponto, o pior resultado operacional coube às operadoras médico-hospitalares, com déficit de R$ 4,3 bilhões, o que mantém a trajetória negativa que tem origem no ano passado. Tal prejuízo teria sido compensado por um resultado financeiro recorde de R$ 5,9 bilhões, decorrente, sobretudo, da remuneração de aplicações financeiras, que lhe permitiram auferir uma receita final de R$ 105,7 bilhões.
No caso da sinistralidade – relação entre as receitas das operadoras e os desembolsos com as despesas assistenciais – o segmento médico-hospitalar encerrou o 1S23 em 87,9%, o que representa uma queda de 0,9 ponto percentual (p.p.) ante igual período do ano passado. Na avaliação da ANS, esse resultado reflete a performance das maiores operadoras do país, uma vez que 88% das receitas relativas às mensalidades são “consumidas” com despesas assistenciais.
“Estamos vendo que a rentabilidade das operadoras está vindo, de maneira geral, do rendimento das operações financeiras. Essa situação não é desejável, afinal, a operação de plano deve ser sustentável por si só. Então as operadoras precisam rever sua gestão e analisar onde podem melhorar. É muito importante ter um estudo de atuária mais prospectivo, com análise de cenários e dos impactos possíveis”, analisa Jorge Aquino, diretor de Normas e Habilitação das Operadoras.
No primeiro semestre dos anos de 2018 e 2019, a sinistralidade observada era de 84%. Já os altos patamares de sinistralidade pós-Covid (desde 2021) decorrem da lenta recomposição das receitas dos planos – em especial, de grandes operadoras – mais do que pela variação das despesas assistenciais, por conta da demanda dos serviços de saúde.
Fonte: capitalist