Simplificação da placa Mercosul pode ter facilitado a onda de clonagem no Brasil


Jundiaí/SP, Itajaí/SC, Gramado/RS, Votorantim/SP. Que atire a primeira pedra quem, em um congestionamento, nunca ficou a observar a tarjeta das placas dos veículos ao redor. Eu me recordo de brincar, quando criança, de quem via primeiro a placa de um estado distante. 

A partir de 2019, 2020, porém, ao menos onde a frota veicular é mais nova, maior, essa cena tem se tornado mais rara, ou difícil de acontecer. Isso em razão da chegada da placa no padrão Mercosul, em que o nome das cidades nas tarjetas foi substituído por uma faixa azul com a legenda “Brasil”. Assim é feito com o nome dos demais países do bloco em que se adotou o padrão. 

Muitas pessoas criticaram a mudança pela despesa gerada, mas pode-se dizer que a maior queixa ouvida é a de não ser possível identificar de que estados são os veículos que transitam nas vias de uma cidade. Há até mesmo memes na internet que abordam a mudança de forma divertida, com a curiosidade alheia, também por alegadas questões de segurança das pessoas. 

O debate sobre a implantação da placa Mercosul no Brasil levou anos — foi postergada cinco vezes, até que teve início no Rio de Janeiro e foi se espalhando pelo país. Em uma das versões de sua regulamentação foi sugerida a adoção de brasões do estado e do município onde os veículos são registrados.

Porém, como tal medida somente aumentaria ainda mais os custos para os donos dos veículos, a ideia foi abortada. Até porque, pelo tamanho ínfimo dos brasões, dificilmente alguém conseguiria, de longe, visualizar com precisão a localidade. 

Outro argumento que também suscita acalorados debates diz respeito à suposta facilidade de clonagem das placas Mercosul. Isso pela facilidade de obtê-las em estabelecimentos pouco comprometidos em seguir as regras determinadas. Tanto que, em alguns estados, a obtenção de placas decorativas no padrão Mercosul foi proibida às estampadoras. 

Outro ponto alegado é a ausência de um lacre para manter a placa presa ao veículo, como ocorria com a anterior. Falta que, em tese, facilita o furto de placas para uso indevido, clonagem e afins. Mas é preciso lembrar que mesmo o modelo anterior, com lacre, era furtado, clonado, causando transtornos para o dono verdadeiro. 

Entendo que esse é um ponto que, no dia a dia, merece atenção especial. Infelizmente não vivemos em um país que permita ao cidadão transitar com um veículo com placas fixadas unicamente por parafusos ou fitas dupla face, passíveis de serem furtadas com facilidade. 

A criação da placa Mercosul, com seus sistemas de segurança e controle, representou um avanço para os órgãos e entidades executivas de trânsito. Pode-se dizer o mesmo para o cidadão quanto à redução de custos propiciada por um modelo de placa que, mantidas as condições de legibilidade, duraria toda a vida do veículo.

E isso independentemente da localidade em que o veículo transite, uma vez que, para efeitos de fiscalização, por exemplo, só os caracteres alfanuméricos são necessários. 

Em que pese todo debate ainda a ocorrer sobre o tema, à medida que a tecnologia evolui, certamente em um período não muito distante, as tradicionais placas poderão ser substituídas por QR Codes ou outros meios tecnológicos mais seguros — e também de fácil leitura por equipamentos de fiscalização fixos ou portáteis, com agentes de trânsito. A cobrança de tarifas sem praças de pedágio ratifica isso. A conferir!  

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Fonte: direitonews

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