“A Sérvia se encontra em uma situação extremamente difícil”, disse o presidente do país, Aleksandar Vucic, após convocar o Conselho de Segurança Nacional e classificar este domingo (11) como o dia mais difícil ao longo de seu mandato.
Ele acusou Kosovo e os EUA de mostrar pouco respeito por quaisquer acordos, e que existe muita mentira, a nível internacional, nas informações sobre a situação na região separatista.
Os comentários foram feitos em um momento de escalada de tensões, sublinhou Vucic, culpando Pristina e acusando “boa parte da comunidade internacional” de “participar” no esquema das autoridades do Kosovo.
Ele fez um apelo aos sérvios no norte de Kosovo para que “sejam calmos e pacíficos e não cedam às provocações”. O presidente instou particularmente que se abstivessem de quaisquer movimentos agressivos contra a EULEX e a KFOR“, missões lideradas pela União Europeia (UE) e pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) estacionadas no Kosovo.
Ao mesmo tempo, Vucic acusou os EUA de se aliarem a Kosovo contra a Sérvia ao não respeitarem os acordos alcançados com Belgrado. “Tenho uma pergunta para nossos parceiros americanos: quais acordos Pristina respeita? E quais os americanos respeitam?”.
Tensões no Kosovo
O impasse no norte de Kosovo, que é predominantemente sérvio, foi desencadeado nesta semana após prisão de um ex-policial sérvio acusado de atacar uma patrulha policial de Kosovo.
As tensões já estavam altas desde que Pristina anunciou eleições antecipadas na área, que deveriam ser boicotadas por todos os partidos sérvios. Além disso, centenas de policiais de etnia albanesa foram destacados para o norte da região nesta semana.
A polícia de Kosovo, equipada com veículos blindados, invadiu uma represa no lago Gazivode, no norte de Kosovo, neste domingo (11), derrubando e rasgando uma bandeira sérvia e chutando um segurança e um trabalhador. A barragem, construída em 1979, é o maior reservatório de água doce da região e gera até 35 MW de eletricidade.
Também no domingo (11), moradores da cidade vizinha de Zubin Potok se reuniram em frente à vila municipal local para protestar contra a demonstração de força da polícia albanesa de Kosovo e seus maus-tratos à população local.
A detenção do policial de etnia sérvia sob acusações de “terrorismo”, depois que ele e vários de seus colegas deixaram a força policial de Kosovo em protesto contra a discriminação de Pristina às leis, levou alguns sérvios locais a erguer barricadas nas áreas do norte da região.
© Sputnik / Marko KujavicPessoas descansam ao lado de grafite com os escritos “Kosovo é Sérvia, Crimeia é Rússia”, em Kosovska Mitrovica, Sérvia, 28 de maio de 2019
Pessoas descansam ao lado de grafite com os escritos “Kosovo é Sérvia, Crimeia é Rússia”, em Kosovska Mitrovica, Sérvia, 28 de maio de 2019
© Sputnik / Marko Kujavic
Mais de 350 membros das forças policiais do governo de Pristina foram mobilizados, e Belgrado considerou responder com um contingente de mil soldados para garantir a ordem. Os sérvios consideram o destacamento das unidades policiais kosovares e albanesas uma violação do Acordo de Bruxelas de 2013, que delineou os direitos dos sérvios que vivem no Kosovo.
A UE e a OTAN apoiaram o lado de Pristina, sendo que o chefe de relações exteriores da UE, Josep Borrell, exigiu que os sérvios kosovares derrubem suas barricadas imediatamente. A OTAN também disse que poderia intervir usando os “pacificadores” da Força Kosovo, liderada pela aliança militar.
Enquanto o presidente sérvio convocava o Conselho de Segurança Nacional para debater a crise, o primeiro-ministro de Kosovo, Albin Kurti, disse que poderia atacar os sérvios que montam barricadas usando “todos os meios disponíveis”.
O ministro de Assuntos Internos de Kosovo, Shelal Svecla, complementou dizendo que a polícia tinha as capacidades necessárias para tomar as “ações apropriadas” caso “as barricadas não fossem removidas“.