“É uma medida política, uma antecipação que o Senado estadunidense está fazendo mediante o que o presidente brasileiro [Jair Bolsonaro] criou no âmbito do cenário internacional. Sendo uma medida política, ela tem que ser antecipada, não pode ser pós, senão perde o efeito. Em um cenário pós, precisaria de uma medida de governo, de uma medida efetiva, de Estado. Por isso que ela pode, neste momento, parecer precoce”, diz Pitillo à Sputnik Brasil.
“Bolsonaro se tornou muito próximo de Trump. Isso desagrada a Biden. Então o Senado se lança a fazer esse chamado também com intenções internas.” Ele afirma que, com a resolução, tanto Biden quanto o Senado enviam para a sociedade americana o recado de que “o aliado de Trump, Bolsonaro, tem intenções golpistas, e os democratas não concordam com isso”.
“A política de relações internacionais dos EUA é de dupla moral. Ela sempre foi de dupla moral. Ela não está preocupada com a democracia de fato, ela está preocupada com a democracia somente de direito. O que ela quer é manter uma certa estabilidade política na América Latina, e o Brasil é o centro disso, para que a ordem mundial, a ordem econômica mundial, não seja perturbada neste momento”, diz Pitillo.
“Porque quando ela começa a se ampliar, deixando de servir só às classes dominantes e aos interesses dos EUA, rapidamente classificam essas posturas, governos e forças políticas de totalitárias e ditatoriais, se dispondo a defender a democracia restrita que sempre defenderam nos países capitalistas dependentes da América Latina”, conclui o especialista.