“Sem base legal, não há investigação que se sustente”, diz advogado após suspensão parcial da Operação Rustius em Sorriso


Parte das investigações da Operação Rustius, deflagrada pela Polícia Federal no último dia 20 de maio, foi suspensa por decisão liminar do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT). A medida atendeu a um pedido do advogado Estevam Húngaro Calvo, que representa um dos empresários investigados na operação.

Em entrevista concedida nesta segunda-feira (24) Calvo explicou que a suspensão se baseia na falta de fundamentação legal para as medidas cautelares autorizadas no processo. “Para que ocorra uma busca e apreensão, é necessário haver fundamentação legal clara, o que não se verificou nesse caso. A Justiça Eleitoral, com prudência, suspendeu os efeitos da operação para analisar melhor a legalidade dos atos”, declarou.

A decisão foi proferida pelo relator do caso no TRE-MT, desembargador Rafael de Freitas Arantes, que considerou os argumentos da defesa suficientemente graves para justificar a suspensão parcial da investigação até o julgamento do mérito.

“Não se pode autorizar buscas em domicílios ou empresas sem objetivos definidos. A Constituição protege a privacidade dos cidadãos, e as operações precisam ter fundamentos jurídicos sólidos”, completou o advogado.

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Alcance da decisão

A suspensão determinada pela Justiça Eleitoral abrange exclusivamente o empresário representado por Calvo. No entanto, o advogado pondera que, caso o mérito do habeas corpus reconheça a nulidade dos atos, outros investigados também poderão ser beneficiados pela extensão da decisão.

Entre os demais alvos da Operação Rustius estão o prefeito de Sorriso, Alei Fernandes, e o vice-prefeito, Acácio Ambrosini. Ambos foram citados em mandados de busca e são investigados por suposto envolvimento em um esquema de financiamento irregular de campanha.

afirmou Calvo.

Sobre a operação

A Operação Rustius apura um suposto esquema de caixa dois nas eleições municipais de 2024. Segundo a Polícia Federal, há indícios de uso de empréstimos fraudulentos, repasses por meio de “laranjas” e pagamentos em espécie para ocultar recursos não declarados oficialmente à Justiça Eleitoral.

Durante a operação, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão, e ao menos 17 pessoas já foram indiciadas. Parte dessas apurações, entretanto, está temporariamente suspensa, enquanto o mérito do habeas corpus tramita no TRE-MT.

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Em nota, a defesa do empresário afirma que a investigação apresentou uma série de ilegalidades, como a ausência de fundamentação adequada para buscas e a quebra genérica de sigilos bancário, fiscal e telemático.

O desembargador relator, ao justificar a concessão da liminar, destacou que “já houve o cumprimento da busca e a colaboração do investigado com os agentes públicos” e que “a suspensão visa evitar prejuízos irreparáveis, caso se reconheçam nulidades insanáveis no futuro”.

A investigação contra os demais envolvidos segue em andamento. O julgamento do mérito do habeas corpus ainda não tem data definida e será analisado pelo Pleno do TRE-MT, após manifestação do Ministério Público Eleitoral e da instância de origem.

A defesa finalizou reafirmando sua confiança nas instituições democráticas.

Fonte: nortaomt

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