Seja quem vencer as eleições, processo de digitalização vai continuar, diz presidente da Visa


Seja quem vencer as eleições, processo de digitalização vai continuar, diz presidente da Visa

(FOLHAPRESS) – O processo de digitalização dos hábitos financeiros, que ganhou ainda mais força com a pandemia, deve prosseguir ao longo do próximo ano, independentemente de quem vencer as eleições no país, segundo avaliação de Nuno Lopes Alves, presidente da rede de cartões Visa no Brasil.


“A gente não se posiciona politicamente, mas o que vemos é que, independente do governo e do cenário macroeconômico, o movimento de digitalização vai continuar e isso significa oportunidades”, afirma o executivo em entrevista à reportagem.

Alves acrescenta que o país tem instituições sólidas e não vê risco à democracia relacionado ao processo eleitoral.

Segundo ele, o espaço para o crescimento das empresas de meios de pagamento depende muito mais do nível de sofisticação da economia e da sociedade em relação ao acesso ao comércio eletrônico de um modo geral do que ao quadro eleitoral ou macroeconômico.

Estimativas da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) citadas pelo presidente da Visa indicam que o patamar de consumo das famílias brasileiras via meios de pagamentos eletrônicos alcançará cerca de 60% ao final deste ano.

Há, contudo, diferenças entre as regiões, com percentuais bem menores em cidades mais distantes das grandes capitais. “Ainda tem muito espaço para essa porta [da digitalização] crescer. Têm várias verticais para serem penetradas”, diz Alves.

Ele afirma ainda que, mesmo com a retomada das atividades presenciais, hábitos digitais que passaram a ser adotados nos últimos dois anos deverão permanecer.

“Quando as pessoas pararam de ouvir os CDs e passaram a usar o streaming, elas não enjoaram do streaming e voltaram a comprar os CDs. A mesma coisa aconteceu com os filmes por assinatura, as pessoas não voltaram a alugar os videocassetes. A digitalização tem uma direção evolutiva.”

PIX É POSITIVO AO AUMENTAR O TAMANHO DO MERCADO POTENCIAL, DIZ EXECUTIVO

O presidente da Visa no Brasil também elogia o desenvolvimento e a adoção em larga escala do Pix pela população brasileira.

Novamente citando estimativas da Abecs, da qual é um dos vice-presidentes, Alves diz que, do total de usuários do Pix, cerca de 13% não possuíam qualquer tipo de meio de pagamento eletrônico até o lançamento da ferramenta, e outros 13% tinham acesso a esses serviços, mas não os utilizavam.

Dados de julho do BC (Banco Central) apontavam que o Pix, lançado em novembro de 2020, já alcançava a marca de aproximadamente 130 milhões de usuários.

Segundo Alves, 26% dos usuários do Pix não estavam digitalizados e a ferramenta de pagamentos instantâneos tem um papel de inclusão financeira e digital. “Uma vez nesse espaço, esse público passa a estar permeável a outras ofertas”, diz.

O executivo diz ainda que, a depender da disposição dos órgãos reguladores globais quanto à adoção de novas tecnologias, a ferramenta de movimentação financeira desenvolvida pelo Banco Central brasileiro pode vir a agregar no futuro novos serviços que vão além das fronteiras do país, permitindo, por exemplo, que uma pessoa no Brasil faça uma transferência por meio do Pix para alguém que irá receber o valor em um cartão da bandeira Visa, mesmo estando em outro país.

“Esse é o conceito de rede das redes. Qualquer rede que amplia nossa capacidade e nos dê mais visibilidade sobre nossas transações é uma boa notícia, porque a gente acaba tendo serviços de valor agregado sobre essas transações”, diz o presidente da Visa no Brasil.

VISA TEM PROJETOS COM CRIPTOATIVOS E REAL DIGITAL

O executivo diz que a empresa tem cada vez mais integrado suas plataformas com o universo dos criptoativos e cita um projeto em parceria com a Microsoft, que foi um dos nove selecionados pelo BC para testar a eficácia do real digital.

A ideia do projeto, afirma, é permitir que pequenos produtores rurais consigam se financiar por meio de diferentes investidores que podem estar em qualquer parte do mundo, se valendo de uma espécie de adaptador universal baseado na rede blockchain que irá converter as moedas de diferentes países, e até mesmo os criptoativos, os convertendo para o real digital.

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