A Grécia e a Turquia devem evitar quaisquer “incidentes ou acidentes militares” no mar Egeu usando o “mecanismo de desescalada estabelecido pela OTAN especificamente para resolver tais questões”, disse o secretário-geral da organização.
As declarações foram dadas após vários jatos F-16 turcos terem sido vistos sobrevoando as ilhas gregas de Agathonisi e Anthropofagoi, o que levantou sérias preocupações de Atenas, segundo o jornal I Kathimerini.
As aeronaves foram posteriormente identificadas e interceptadas, em conformidade com as regras internacionais, acrescentou o meio de comunicação.
“Existem algumas diferenças, alguns desacordos, e, claro, nossa mensagem é que essas diferenças devem ser resolvidas por meios diplomáticos”, disse Jens Stoltenberg.
Ele enfatizou que foi para evitar os incidentes ou acidentes militares no mar Egeu, por exemplo, que a OTAN estabeleceu um “mecanismo de resolução de conflitos do qual a Turquia e a Grécia estão participando“.
Aliados na OTAN, Grécia e Turquia estão em desacordo há décadas, e o risco de um conflito armado não deixa de existir.
Uma nova rodada de tensões explodiu em 23 de agosto, quando a Grécia supostamente usou sistemas de defesa aérea S-300 para escoltar caças F-16 da Força Aérea turca que faziam uma missão de reconhecimento a oeste da ilha de Rodes.
O Ministério da Defesa grego negou as alegações da Turquia de que Atenas implantou seus S-300 contra os F-16 turcos.
As tensões entre Atenas e Ancara aumentaram ainda mais no dia 3, quando o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, alertou que a Grécia pagaria um “preço alto” se os incidentes com aviões turcos continuassem.
O ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, disse que Ancara esperava objetividade da OTAN em relação ao uso pela Grécia de sistemas S-300 na busca de aeronaves turcas. Segundo Akar, Atenas ignora o direito internacional, as boas relações de vizinhança e a amizade com Ancara.
O ministro das Relações Exteriores da Grécia, Nikos Dendias, expressou nesta quinta-feira (15) preocupação com a contínua deterioração das relações com a Turquia, datando o deslize de Ancara para uma postura agressiva no outono de 2019, quando assinou um acordo de fronteira marítima com a Líbia.
Falando a correspondentes parlamentares em Atenas, Dendias, que está indo para Nova York na próxima semana para a Assembleia Geral das Nações Unidas, disse que desde então a liderança turca “fez escolhas que não deixam margem para negociação“.
A Turquia alega que a Grécia está estacionando tropas em ilhas no mar Egeu, violando os tratados de paz assinados após a Primeira e a Segunda Guerra mundiais. Ancara entende que as ilhas do mar Egeu foram dadas à Grécia, sob os tratados de 1923 e 1947, com a condição de que não fossem armadas.
O ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, disse repetidamente que a Turquia começaria a questionar a soberania grega sobre as ilhas se Atenas persistisse em armá-las. O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, disse que a posição da Turquia de questionar a soberania da Grécia sobre as ilhas é “absurda”.