“Ela já não existiria no mapa. Isso é óbvio. A Coreia [do Norte] é muito pequena, tem 25 milhões de pessoas, mas conseguiu estabelecer um princípio de destruição mútua assegurada com a maior superpotência global do mundo, que são os Estados Unidos”, defende o estudioso da Coreia do Norte.
“Muammar Gaddafi [presidente da Líbia morto em 201] desistiu do programa nuclear. A Líbia tinha o melhor IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] da África. Tinha um programa que os lucros do petróleo caíam direto nas contas dos cidadãos. As mulheres eram livres. Sabe o que acontece na Líbia hoje em dia? As pessoas estão sendo vendidas na Líbia. O Iraque também abandonou o seu. Olha como está o Iraque. Onde está o Afeganistão? Onde está uma série de países que tentaram políticas diferentes?”, questiona ele.
Acordo entre a Rússia e a Coreia do Norte equilibra forças na região
“São dois países que estão interagindo justamente para evitar a eclosão de um novo conflito”, comenta ele. “Foi uma visita boa para os dois lados e cheia de sinais, com assinatura de acordos econômicos, culturais e também do ponto de vista militar e geopolítico mesmo, assinatura de um tratado de cooperação e defesa mútua”, exemplifica.
“Esse acordo de agora equilibra as coisas porque estabelece um limite para os Estados Unidos […]. Agora eles [EUA] sabem que se iniciarem um ataque à Coreia do Norte, automaticamente se torna um ataque à Federação da Rússia também, porque é isso que prevê o acordo.”
“Os Estados Unidos é que são o elemento estranho daquela região ali. É uma herança da Segunda Guerra, da Guerra Fria, onde as grandes potências tentavam estabelecer pontos estratégicos nas bordas do inimigo, no caso da União Soviética. E a Guerra Fria acabou há 30 anos. Mas, na cabeça dos Estados Unidos, na verdade, os Estados Unidos não saíram da Segunda Guerra Mundial ainda”, afirma ele.
Cisão entre Sul e Norte: um dos legados dos EUA após a 2ª Guerra Mundial
“Os Estados Unidos causaram a divisão nacional da Coreia. Eles é que apareceram lá e não saíram de lá até hoje. Você tem todo tipo de armamento possível dos Estados Unidos na Coreia do Sul e 30 mil soldados. E a política sul-coreana é totalmente subjugada pelos Estados Unidos”, afirma Rubio.
Guerra da Coreia
“Os Estados Unidos bombardearam tanto a Coreia do Norte que eles usaram mais bombas no pequeno território norte-coreano, que tem o tamanho de Roraima, do que todo o teatro de operações do Pacífico durante os cinco anos de Segunda Guerra Mundial. Quase 1 milhão de toneladas de bomba em cima da Coreia do Norte”, destaca Rubio.
Guerra de balões
“Em outros lugares do mundo, como […] Gaza, são bombas mesmo que estão sendo jogadas no outro lado. Na Coreia se limita aos balões com lixo e ao K-pop.”
“Os Estados Unidos várias vezes ao ano promovem exercícios militares com o Exército sul-coreano. Simulam invasão do território norte-coreano. Esses exercícios foram pausados durante esse período.”
“O Iraque precisava ser destruído porque estava produzindo armas de destruição em massa. Cadê as armas de destruição em massa de Saddam Hussein? Nunca existiram, até hoje ninguém encontrou.”
Brasil e Coreia do Norte
“70% da Coreia do Norte não é cultivável. É terra rochosa ou montanha. Tem muito carvão, tem terras-raras, que agora os países vizinhos estão de olho. Uma das maiores reservas de terras-raras do mundo foram encontradas na Coreia do Norte em 2019.”
“Estive lá em 2018 e voltei agora em 2024. Não reconheci a cidade porque tinham edificado ruas totalmente novas. Estão com um plano de lançar 50 mil casas em cinco anos. Em 2020 houve a abertura de um complexo de produção de fertilizantes para a agricultura no interior do país.”
“Operários, camponeses, professores, varredores de rua são pessoas que estão no teatro. São pessoas que estão acessando esses lugares. Desde a mais tenra idade, o norte-coreano aprende a tocar um instrumento musical, a praticar um esporte […]. Só consigo entender que as pessoas são assim porque existe um sistema educacional, uma cultura, um sistema econômico que providencia espaço para essas pessoas serem assim”, opina.
Que tal conhecer a Coreia do Norte?
“Aconselho contratar uma agência turística que já trata do visto. O visto norte-coreano é coisa simples. É o trâmite de qualquer outro país. Mas o visto norte-coreano você tem lá na hora”, garante ele.
Fonte: sputniknewsbrasil