Em uma coletiva de imprensa em Kunshan, perto de Xangai, nesta quarta-feira (11), Sánchez disse que era importante encontrar um “compromisso” entre a UE e a China antes da aguardada votação de outubro sobre novas tarifas sobre os VEs chineses.
“Tenho que ser direto e franco […]. Acho que precisamos reconsiderar, todos nós, não apenas os Estados-membros, mas também a Comissão [Europeia], nossa posição em relação a esse movimento”, disse ele aos jornalistas. “Não precisamos de outra guerra, neste caso, uma guerra comercial.”
De acordo com o Financial Times (FT), os comentários do premiê espanhol, feitos durante sua segunda viagem à China desde o fim da pandemia de COVID-19, representam uma intervenção significativa em uma disputa comercial entre a China e a UE nos últimos meses e sinalizam uma mudança na própria posição da Espanha.
Ainda no ano passado, a UE empreendeu uma investigação de meses sobre supostos subsídios injustos na indústria automobilística da China, em relação à baixa competitividade das montadoras europeias diante da produção chinesa. Na conclusão da investigação, o bloco de 27 membros propôs em junho um aumento acentuado nas tarifas em até 37,6% sobre os VEs chineses, elevando as tarifas gerais para quase 50% e refletiria medidas semelhantes dos EUA, acusadas de protecionistas por Pequim. Para serem aprovadas, no entanto, as novas taxas precisam obter maioria de 15 Estados-membros na votação.
A Espanha foi um dos 11 países que votaram a favor do aumento das tarifas em uma pesquisa consultiva em julho. Apenas quatro países votaram contra a medida, e nove se abstiveram.
Segundo a apuração do FT, a China respondeu fazendo um forte lobby contra as tarifas, lançando uma série de contramedidas, incluindo uma investigação sobre importações de carne suína da Europa que podem afetar os produtores espanhóis. A China importou US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 8,5 bilhões) em produtos suínos da Espanha no ano passado, mais do que qualquer outro país da UE.
Na segunda-feira (9), o presidente chinês Xi Jinping encorajou Sánchez a desempenhar um “papel construtivo” nos laços entre a China e a UE, enquanto o primeiro-ministro espanhol pediu relações “mais próximas, mais ricas e mais equilibradas”, afirmando achar “que precisamos construir pontes entre a União Europeia e a China”.
As tensões comerciais são parte de uma deterioração mais ampla nas relações entre Pequim e os governos ocidentais pela falta de planejamento industrial e franca exposição às cadeias de suprimentos chineses, a segunda maior economia do mundo.
O superávit comercial da China com a UE foi de US$ 162,13 bilhões (cerca de R$ 918,2 bilhões) nos primeiros oito meses de 2024, um aumento de quase 6% na relação ano a ano. O superávit comercial da China com a Espanha foi de US$ 17,99 bilhões (aproximadamente R$ 101,9 bilhões) nos sete meses até julho, praticamente inalterado em relação ao ano anterior.
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Fonte: sputniknewsbrasil