Flagrante aumenta o isolamento de Israel?
“O Hamas considerou bem-vinda essa resolução, o que significa que Israel evidentemente vai estar pressionado a encerrar suas operações militares. Vamos ver se isso de fato ocorrerá”, afirma.
“Esse relatório que vaza essa informação de que Israel estaria usando de inteligência artificial, a criação de perfis robôs para pressionar no sentido inverso, ou seja, falar que esses movimentos universitários seriam antissemitas, ou que haveria qualquer tipo de mobilização antissemita nos EUA, e esse dinheiro usado para pressionar congressistas americanos é mais um elemento que pega mal que circulou no noticiário norte-americano nestes últimos dias. Ele soma mais um elemento negativo para a postura norte-americana [de apoio a Israel]”, destaca Amaral.
“Avalio que quanto mais a guerra prolongar-se, Joe Biden, pragmaticamente, será obrigado a endurecer o discurso contra Israel à medida que aumenta o número de vítimas crianças e mulheres. Para muitos analistas, a provável sequela pós-guerra será a emergência de uma nova dinâmica dessa relação.”
“É certo que Israel utiliza, com êxito, ao longo da história, uma ‘política de bullying’ baseada no vitimismo e no ressentimento contra pessoas, grupos, instituições e países que contrariam ou discordam das suas ações. Normalmente quem critica Israel é chamado de antissemita e rotulado como ‘nazista’, ‘fascista’, ‘persona non grata’, entre outras expressões contundentes”, afirma Silveira.
Por que o alvo era o Partido Democrata?
“Partiam principalmente dos democratas as pressões contra o próprio governo de Joe Biden, que teve baixas no seu corpo técnico de governo justamente por conta dessa responsabilidade que os EUA tinham em financiar, em armar Israel, em um momento que atinge 38 mil civis palestinos mortos nesse conflito. Então, sem dúvida nenhuma, essa operação secreta israelense tinha como objetivo reverter essa onda [de críticas]. Não reverteu, porque inclusive vazou essa informação. O tiro saiu pela culatra.”
“Acho que essa é mais uma gota d’água num copo cheio, em que Israel está cada vez mais isolado, e agora vê até mesmo a potência que o favorece, que são os EUA, conseguindo trazer uma proposta de cessar-fogo, aprovada no Conselho de Segurança da ONU.”
EUA têm experiência em interferência política
“Vale mencionar, por exemplo, o golpe de 1964 no Brasil, que em 1963 e 1962 houve uma grande participação de atores norte-americanos no intuito de tentar afetar os rumos políticos brasileiros, tentar evitar que a onda esquerdista, digamos assim, que estava sendo conduzida com o presidente João Goulart na época, se mantivesse. A tendência era essa na época, e os EUA fizeram diversas mobilizações através de institutos e think tanks para tentar colocar essa onda no Brasil como associada à lógica comunista. Isso foi muito forte e acarretou no apoio de uma parte importante da elite brasileira ao golpe de 1964, que era um golpe justamente antidemocrático”, afirma.
“Os EUA estão diante de uma saia justíssima nessa situação em especial, e de um dos inúmeros desafios do mundo BANI. Nenhum país está imune a campanha de desinformação. Os avanços tecnológicos já propiciam certo controle, total ou parcial, dos indivíduos, destruição ou manipulação da memória histórica dos povos, e guerras ditas em nome da paz já fazem parte da realidade deste mundo tão similar ao romance ‘1984’, de George Orwell.”

Fonte: sputniknewsbrasil