De acordo com o especialista militar saudita Issa Al Faiye, os EUA usaram a decisão da OPEP+ de reduzir a produção de petróleo como pretexto para retirar seu contingente militar da região do golfo Pérsico.
Segundo ele, a nova Doutrina de Segurança Nacional dos EUA indica que não há mais ameaças à segurança nacional de primeiro ou segundo grau na região, contudo, os americanos veem este momento como favorável para esta política.
O especialista também afirma que, no último encontro entre o líder saudita e o presidente norte-americano, Biden notou que a Arábia Saudita estava interessada na estabilidade e segurança em sua região, além de formar novas parcerias.
Enquanto nenhum dos países da região procura uma escalada, os EUA veem a política energética como ferramenta para resolver suas diferenças, realizar ameaças e chantagens.
Ao mesmo tempo, a suspensão do fornecimento de armas ou assistência militar dos EUA à Arábia Saudita e a outros países da região não traz benefícios a Washington, que pode perder sua influência tanto no golfo Pérsico, quanto no Oriente Médio.
“Eles não perderão apenas a influência estratégica, mas também muito dinheiro. O lobby militar norte-americano e representantes do complexo militar-industrial sabem muito bem disso. Eles próprios têm grandes interesses na venda de armas aos países da região”, destacou o especialista.
Sendo assim, estes países sempre conseguirão encontrar meios de firmar acordos por novos armamentos, inclusive da Rússia, sendo uma resposta lógica às chantagens norte-americanas.
Para o professor de direito internacional Asil al-Joueid a Arábia Saudita mostra ser um país soberano que firma acordos com aqueles países que achar melhor e necessários, enquanto os EUA seguem mostrando seu desrespeito pelos interesses nacionais sauditas.
“O petróleo é uma matéria-prima, uma mercadoria, e não um brinquedo político nas mãos de qualquer um. A Arábia Saudita não viola nenhumas normas do direito internacional […] Ao contrário de Washington, os sauditas não interferem nos assuntos internos de outros Estados”, destaca o professor.
O professor ainda refere que são os EUA que estão tentando politizar o mercado energético, querem que todos tomem medidas para seu próprio benefício, esquecendo que a OPEP+ não é apenas Rússia e Arábia Saudita.
Recentemente, legisladores democratas norte-americanos apresentaram um projeto de lei para abordar a retirada de todas as tropas americanas da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.
Além disso, o projeto de lei prevê o fim da comercialização de armas aos países do Golfo após a OPEP+ anunciar o corte na produção de petróleo de dois milhões de barris por dia.
Por sua vez, o presidente norte-americano, Joe Biden, falou sobre a necessidade de Washington e Riad reconsiderarem suas relações.
Já os sauditas afirmaram que as decisões foram tomadas por unanimidade pelos membros do acordo da OPEP+ e tem uma natureza puramente econômica.