O Kremlin considera que a Rússia está em estado de guerra devido o envolvimento do Ocidente na Ucrânia, segundo declarou o porta-voz da presidência, Dmitry Peskov, em uma entrevista publicada nesta sexta-feira (22) no jornal Argumenti i fakti.
Até agora, o país invasor se referia ao conflito como uma “operação militar especial”, contudo “quando o Ocidente interveio do lado da Ucrânia, para nós isto tornou-se uma guerra”, disse Peskov. “Estou convencido disso. E todos devem compreender isso”, acrescentou.
O porta-voz do Kremlin insistiu que a Rússia continuará fazendo todo o possível para garantir que o potencial bélico da Ucrânia não seja uma ameaça para seus cidadãos e seus territórios, incluindo as quatro regiões ucranianas anexadas em setembro de 2022.
“Para nós, o mais importante é garantir a segurança das pessoas nos territórios destas regiões que estão atualmente ocupadas de fato pelo regime de Kiev”, disse.
A Rússia vinha evitando por todos os meios chamar o conflito ucraniano de “guerra”, limitando-se a chamá-lo de “operação militar especial”, apesar de não ter alcançado a vitória rápida esperada e de ter visto a campanha se estender por mais de dois anos e sem uma solução imediata à vista.
As declarações de Peskov causaram agitação entre os meios de comunicação russos, que rapidamente perguntaram ao porta-voz do Kremlin se o estado da campanha bélica na Ucrânia tinha mudado e a Rússia estava oficialmente em estado de guerra.
“De fato, após o envolvimento do Ocidente coletivo (no conflito), isto tornou-se uma guerra, mas não há alterações legais e ‘de jure’, trata-se de uma operação militar especial”, afirmou o porta-voz em sua coletiva de imprensa diária.
Além disso, reiterou que a tarefa das forças russas na Ucrânia agora é “libertar o território” das regiões anexadas que Moscou controla apenas parcialmente.
No mês de fevereiro, Peskov já havia se referido à campanha russa na Ucrânia como uma “guerra”, quando disse que “a operação na Ucrânia que tinha os seus objetivos continua de fato como uma guerra com o Ocidente coletivo e a OTAN”.
As declarações foram divulgadas horas depois do maior ataque recente contra o setor energético ucraniano, com quase 90 mísseis e mais de 60 drones. A Rússia teve como alvo, na madrugada desta sexta-feira (22), vários oblasts na Ucrânia, segundo afirmou o ministro da Energia do país atacado, German Galushchenko.
A campanha de ataques massivos russos contra centrais eléctricas e térmicas ucranianas já deixaram milhões de ucranianos sem eletricidade durante semanas desde novembro de 2022. (Com Agência EFE)
Fonte: gazetadopovo