🗣️ Há 30 anos, um conflito em Ruanda, entre dois grupos étnicos, deixou mais de 500 mil mortos. No episódio de hoje, vamos debater com especialistas quais marcas o confronto deixou na região. Não perca! pic.twitter.com/hm8bcCdztV
— Mundioka (@mundioka) April 5, 2024
Como era a estrutura hierárquica de Ruanda antes da colonização?
“Eles [tutsis e hutus] vão se assentar na região dos Grandes Lagos […] a partir de uma série de processos e de movimentos populacionais migratórios que vão ocorrer na África Subsaariana entre o século VI e o século XVIII. Então tem toda uma conformação ao longo desse período”, explica o professor.
🌎 Após 30 anos do conflito em Ruanda, como a população africana lida com uma das maiores marcas da história recente? Conversamos com @franco75220014, mestre em RI pela @pucriooficial; e Guilherme Ziebell, professor de RI da @ufrgsnoticias. Ouça agora!https://t.co/IpZei97ggu
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“A gente tem um terceiro grupo que compõe essa multiplicidade da região, e que em geral fica esquecido, que são os tuás, um grupo que compunha cerca de 1% dessa população […] e que era um grupo majoritariamente caçador, coletor. Então a gente vai ter a composição desses três grupos, a origem desse grupo que a gente chama de hutus e a origem desse grupo que nós chamamos de tutsis. Não é a região, eles são frutos desses movimentos migratórios, diferentes dos tuás, que têm uma origem mais vinculada à própria região.”
“Então é a partir daí que sai esse resultado de uma maioria da elite fundamentalmente tutsi. Essa dinâmica, evidentemente, vai gerar uma série de tensões entre esses diferentes grupos, os majoritariamente produtores agrícolas e os majoritariamente pecuários.”
Qual o papel da colonização na divisão entre tutsis e hutus?
“Essa ideia de etnicidade não é presente dessa forma, ou de uma forma mais próxima, como a gente entende, antes da presença europeia. São os europeus que vão dar esse sentido de etnicidade para as diferenças que se conformam a partir de grupos sociais distintos e que, dependendo do olhar que a gente está dando, são, sobretudo, classes sociais distintas. Mas mais do que isso, além de cristalizar esses elementos como elementos étnicos, eles vão operacionalizar essa distinção cristalizada por eles no processo de dominação”, complementa.
“Selecionaram também pessoas dentro desse grupo que, de acordo com eles, eram pessoas que tinham traços mais europeus. Por exemplo, nariz mais fino, traços mais finos de modo geral que, na concepção racista da época, eles consideraram traços superiores, evidência de um intelecto superior, de uma raça superior. E eles premiaram esse grupo também com uma ascensão social dentro dessa administração belga. E daí muitas posições intermediárias na administração, no serviço público que acontecia dentro do aparato colonial belga, foram dadas para esse grupo.”
Qual foi o motivo do genocídio em Ruanda?
“E o que se segue ao longo das semanas seguintes, é algo que realmente se dá num espaço bastante curto de tempo, é a morte de centenas de milhares de tutsis. Diferentemente de outros genocídios que a gente tem notícia, por exemplo, acho que o mais conhecido é o Holocausto, que se deu numa escala industrial e com métodos extremamente organizados, o genocídio de Ruanda acontece numa escala quase que vizinhança-vizinhança, são vizinhos matando outros vizinhos e assim por diante, ele se dá verdadeiramente numa escala descentralizada e local”, acrescenta.
“Então, o que eles fizeram foi um sistema descentralizado em que cada localidade julgava os casos que aconteceram lá. E você tinha tribunal de bairro, em que as pessoas que participaram dos massacres tinham a oportunidade de se apresentar e pedir desculpas, e a reunião lá do grupo de vizinhos e pessoas de cada respectiva comunidade ouvia o que essa pessoa tinha a dizer e depois atribuía uma sentença.”
Como está Ruanda hoje?
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Fonte: sputniknewsbrasil