Rota 66: Caco Barcellos diz que teve pesadelos ao investigar execuções


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Rota 66, livro escrito por Caco Barcellos, completa 30 anos de seu lançamento e está prestes a virar uma série da Globoplay. O escritor e jornalista revelou, durante coletiva de imprensa, que pensou em desistir da investigação sobre a Rota e que precisou de ajuda terapêutica para entender “os pesadelos e os gritos horrorosos” que o acompanhavam.

“A maior dificuldade foi, sem dúvida, foi conviver com as histórias das pessoas que são vítimas dessa violência. A minha grande motivação era fazer uma denúncia, eu queria dizer que o país não é signatário de nenhum projeto que envolva pena de morte, a Contitução Brasileira é muito clara com relação a isso, não permite que ninguém tire a vida do outro, seja autoridade ou não, evidentemente que existe uma lacuna para legítima defesa”, explicou.

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Susto

Entretanto, a denúncia aumentou após o escritor levar um susto com a quantidade de execuções por forças policiais. “Eu percebi que essas histórias eram sempre apresentadas como ações legais de legítima defesa, mas bastava trabalhar por meia dúzia de horas, na apuração desses casos, para descobrir uma quantidade imensa de contradições e eu fiquei muito assustado”, pontuou.

Eu pensei várias vezes em parar a investigação para sofrer menos, mas, ao mesmo tempo, isso me dava energia para continuar”

Caco Barcellos

Dessa maneira, Caco Barcelos revelou que pensou em parar com a apuração, que foi transformada em um banco de dados, mas que tudo virou energia para continuar o livro. “Eu fiquei muito assustado porque eu me dei conta que era uma situação muito mais grave, que era matar pessoas inocentes que nem sequer tiveram atos ilícitos. Eu só não desisti porque eu tenho uma coisa comigo: eu sofro com a injustiça que envolva uma pessoa alheia à sua história e, em vez dessa indignação me levar ao abandono daquilo, ao contrário, virou combustível para continuar”, explicitou.

O jornalista também revelou que passou a ter muitos pesadelos durante a apuração: “Os mortos continuam, vão para a sua alma e isso é dramático. Eu não sei te contar quantas vezes que acordei com pesadelos, com gritos horrorosos e fiz, evidentemente, um processo terapêutico para entender. Depois eu compreendi que são vidas que foram eliminadas e que acompanham”.

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