A equipe da antropóloga Heather McKillop da Universidade da Louisiana tem estudado a lagoa Punta-Hicacos já há três anos e recentemente fez uma descoberta sensacional.
Os instrumentos de flotação (habitualmente usados para descobrir navios afundados) registraram uma série de objetos estranhos debaixo d’água em uma pequena área de 30 por 30 metros, que acabaram sendo os restos de um antigo assentamento maia envolvido na extração de sal.
O assentamento que recebeu o nome Ch’ok Ayin representava uma típica aldeia maia. Havia quatro construções: uma casa, duas oficinas de artesanato e o destino da quarta ainda é indefinido.

Mapa das pilhas de madeira e contornos de edifícios da aldeia maia
A aldeia foi construída entre 550 e 800 d.C., mas a madeira das toras sobreviventes que passaram 1.500 anos debaixo d’água parecia como se tivesse sido trabalhada ontem. As pilhas nem sequer balançaram, embora tais construções de madeira costumem ser pouco duráveis.
A explicação é fácil: a vila descoberta fica nos manguezais e o solo em tais lugares é muito rico em turfa que cria um ambiente anaeróbico impróprio para a vida das bactérias. Não há bactérias – não há podridão da madeira.
“As condições de conservação são perfeitas ao longo da costa sul de Belize, onde a deposição de turfa de mangue é de até 10 metros abaixo do fundo do mar”, explica McKillop.
Outro fato que chocou os cientistas foi a extrema riqueza dos habitantes da aldeia inundada. Muitos produtos de obsidiana, ferramentas de silício e fragmentos de cerâmica vermelha foram encontrados na zona. Tudo isso é insanamente caro e raro para a época maia.

Artefatos de silício da aldeia maia Ch’ok Ayin
Os cientistas perceberam que a prosperidade dos habitantes de Ch’ok Ayin é explicada pelas suas atividades principais. Estando localizado à beira-mar, eles estavam envolvidos na produção de sal.
É que para os maias, o sal era um produto extremamente essencial usado como conservante natural, como medida de preços e em rituais religiosos. Segundo a opinião de McKillop, a produção de sal foi uma “pedra angular” da economia maia.

Artefatos da aldeia maia Ch’ok Ayin
Mais do que isso, os arqueólogos dizem que a pequena vila serviu como um laço na rede comercial e de transporte. Eles apontam um fato curioso: os itens ricos encontrados no assentamento não têm origem local. Isso significa que tais itens foram comprados e trazidos das terras não habitadas por maias.
A descoberta em Punta-Hicacos revela a complexidade e o nível do desenvolvimento do sistema econômico dos maias.

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Fonte: sputniknewsbrasil






