As eleições presidenciais e parlamentares na Turquia aconteceram no último 14 de maio. Nelas, o atual presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, concorreu com Kemal Kilicdaroglu e Sinan Ogan. Nenhum dos candidatos atingiu 50% de votos necessários para eleição, portanto, no dia 28 de maio, terá um segundo turno entre Erdogan e Kilicdaroglu.
Para Daniel Muñoz Torres, especialista em assuntos internacionais ouvido pela Spuntik, o resultado pode influenciar o vínculo entre a América Latina e a Turquia, já que, segundo Torres, a maior parte foi das relações entre as duas partes foi desenvolvida durante o governo Erdogan. Portanto, uma possível vitória do atual presidente poderia ser benéfica para as relações, sendo o resultado do pleito um importante sinal para os países latino-americanos.
“Quando o Império Otomano [1299-1923] desaparece, gera-se um grande êxodo da população para a América Latina. Por exemplo, muitos libaneses e armênios, que haviam feito parte do Império, se estabelecem no México, Brasil, Argentina e Colômbia e esse primeiro elo está dado. Agora, os descendentes desses primeiros migrantes estão totalmente integrados em nossas sociedades, estima-se que sejam quase dez milhões”, diz.
Esse vínculo foi fortalecido na época da Guerra Fria (1947-1991), especialmente porque ambas as regiões, a turca e a latino-americana, que eram subdesenvolvidas, eram pontos estratégicos na luta entre os Estados Unidos e a então União Soviética (URSS), já que os dois lados buscaram integrá-los para um lado ou para o outro. Posteriormente, isso os tornou pontos centrais no final do século XX e início do século XXI.
Embora a Turquia tenha ampliado sua presença na América Latina, tendo a Argentina como principal aliada, outra nação entrou nessa equação: o Brasil. De mãos dadas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante seus dois primeiros mandatos (2003-2011), Ancara e Brasília avançaram como nações com uma visão diferente diante da hegemonia dos Estados Unidos.
“Um dos exemplos mais importantes dessa relação foi o Acordo Tripartite com o Irã em 2010 para realizar uma troca de urânio iraniano por combustível nuclear enriquecido em território turco e, assim, evitar uma rodada de sanções. Além do fracasso do acordo nuclear, o Brasil foi o principal parceiro comercial e estratégico até 2013 com o governo da [ex-presidente] Dilma Rousseff”, afirmou Ariel González Levaggi, doutor em relações internacionais e ciência política.
Na visão de Muñoz Torres, atualmente, os principais aliados de Ancara na América Latina são Brasil, México, Argentina e Colômbia.
No caso do Brasil a aliança é realmente forte, visto que, atualmente, Brasília é o principal parceiro comercial da Turquia na América Latina. Entre as duas nações se comercializa sementes, frutas, grãos e metais.
Esses mesmos elementos são trocados pela Argentina (matérias-primas) e pelo Chile (cobre) com Ancara, segundo o Instituto Estatístico Turco (TURKSTAT, na sigla em turco). Já com o México, o principal produto comercializado nas vendas bilaterais no ano passado foi o algodão sem cardagem e penteado, chegando a um valor de US$ 65 milhões (R$ 324 milhões).
Fonte: sputniknewsbrasil