“Então quando os assessores de Donald Trump fazem uma declaração como essa, estão demonstrando que os Estados Unidos querem seguir com a sua hegemonia, e para isso precisam também do dólar. E não só manter, mas como tentar ampliar [a dependência do dólar]. E, por isso, os Estados Unidos tendem a utilizar o seu poderio nas diferentes organizações internacionais, como […] no Banco Mundial. Se determinado país está esperando um empréstimo do Banco Mundial ou um empréstimo no Fundo Monetário Internacional [FMI], os Estados Unidos podem retaliar”, explica.
“Depois que se abandona a sua moeda e entra no dólar, é muito difícil conseguir sair sem deixar um grande rastro de destruição, porque a riqueza do país, enfim, a riqueza das empresas, das pessoas, aquilo que ela tem acumulado pode ter uma desvalorização muito grande porque a moeda é sobretudo confiança. Então é desejável essa desdolarização, mas ela é feita em doses homeopáticas.”
“Isso já demonstra também a reação de Trump ou de lideranças políticas nos Estados Unidos nessa direção.”
Como escapar da armadilha do dólar?
“Não é possível virar a chave e deixar de depender do dólar da noite para o dia. Então nesse sentido […] Trump tem razão quando diz que os Estados Unidos podem e seguem tendo a prerrogativa de punir os países que se esforçam pela desdolarização por meio de sanções. E aí não preciso nem me estender muito porque as próprias sanções que estão sendo feitas contra a Rússia podem ser feitas contra qualquer outro país que entre nessa batalha.”
“E Trump dizer isso também, eles estão acusando o golpe, acusando de que agora a coisa é séria, de que tem países poderosos e uma articulação tentando, fazendo esse esforço todo de desdolarização, que não é nada fácil, mas que, exatamente, incomoda muito ao estabelecimento estadunidense”, complementa.
“Pela ascensão chinesa, da importância chinesa hoje econômica, já é o principal PIB [produto interno bruto] do mundo em termos de poder de compra, em algum momento no futuro próximo vai ser o principal PIB do mundo também do ponto de vista nominal. Agora não é só questão de números e de economia, é de poder geopolítico, e a China tem também mostrado um aumento imenso do seu poder geopolítico, por articulações bilaterais, por influências regionais, nos fóruns globais de discussão. Então o grande candidato é o renminbi.”
“A gente está vivendo um momento de transformações grandes na economia global. […] a ascensão chinesa econômica, geopolítica, o processo de substituição monetária. […] a gente está em um momento de transformação também da forma da moeda. O mundo inteiro está criando moedas digitais dos bancos centrais. […] a China é pioneira nesse processo. Das potências, é a que está mais envolvida no desenvolvimento de sua moeda digital de Banco Central. Os Estados Unidos estão lá atrás.”
Fonte: sputniknewsbrasil