Confirmando a informação publicada por Autoesporte na última semana, Renault e Geely anunciaram nesta segunda-feira (17) um acordo para a produção e comercialização de carros híbridos e elétricos no Brasil.
Com a parceria, a Renault vai produzir veículos híbridos e elétricos para a chinesa em sua fábrica de São José dos Pinhais (PR). A venda também ficará a cargo da marca francesa, mas os pontos de venda terão separação física, como acontece, por exemplo, com as marcas da Stellantis que compartilham parte da rede.
A contrapartida da Geely é se tornar acionista minoritária da Renault do Brasil. O aporte, que não teve o valor revelado, vai conceder “acesso à infraestrutura de produção local, vendas e serviços”.
Em comunicado, as duas empresas disseram que “o negócio ainda está sujeito à assinatura dos acordos definitivos e aprovações prévias das autoridades regulatórias pertinentes”.
A parceria de Renault e Geely não é algo inédito. Franceses e chineses já são sócios na joint-venture de motores Horse, responsável por produzir, entre outros, os motores que equipam a linha Renault no Brasil, incluindo os novos 1.0 e 1.3 turbo presentes em Kardian e Duster, respectivamente.
Ambas também desfrutam de uma joint venture na Coreia do Sul, na qual a Geely possui 34% das ações da Renault. Este segundo acordo gerou, entre outros produtos, o Grand Koleos, SUV híbrido plug-in que compartilha a plataforma CMA com o Volvo XC40 e será vendido no Brasil já em 2025, conforme revelado em primeira mão por Autoesporte.
Pelo frescor do anúncio, ainda há mais perguntas do que respostas. Com base em apurações, podemos projetar que o acordo deve ter moldes similares ao que acontece na Coreia do Sul. A sociedade envolveria apenas a Renault do Brasil, ou seja, não valeria para outras divisões da fabricante francesa na América do Sul, como a Argentina.
Segundo interlocutores da Geely, os detalhes da futura sociedade com a Renault ainda estão em negociação. O modelo de negócio usado como ponto de partida é o da Stellantis com outra marca chinesa, a Leapmotor, que também lançará carros no Brasil em 2025.
Nessa lógica, a Geely aproveitaria diversos pilares estruturais da própria Renault, como a fábrica de São José dos Pinhais (PR) e parte de sua rede de revendas, a fim de acelerar seu ingresso e crescimento no mercado brasileiro, mas ambas seriam tratadas como marcas independentes e até concorrentes entre si.
Com a possibilidade de aproveitar parte do complexo fabril da Renault no Paraná, a Geely pretende produzir pelo menos dois veículos no Brasil já a partir de 2026 ou, mais tardar, 2027. Com isso, encurtaria o processo de corrida contra as rivais BYD e GWM, que já possuem operações mais maduras no país e inaugurarão fábricas próprias aqui ainda este ano.
É importante ressaltar que o complexo localizado na Região Metropolitana de Curitiba ainda não está adaptado para produzir veículos eletrificados, algo que demandaria um bom volume de investimentos.
O grande objetivo da Geely é promover um crescimento exponencial na América Latina nos próximos anos. Apenas em 2025, a meta é crescer o volume de vendas na região na ordem de 60%. Apesar de ser uma das maiores fabricantes da China, a empresa possui uma participação de mercado ainda muito baixa em nossa região.
Segundo o comunicado, a negociação engloba apenas a marca Geely. Afinal, a gigante chinesa também estuda lançar outras marcas no Brasil de modo concomitante. A sueca Volvo já opera de maneira independente no país, assim como a chinesa Zeekr, recém-lançada, e a também sueca Polestar, que deve ingressar por aqui em breve. Há ainda as picapes da Riddara, que serão representadas aqui por um importador terceirizado.
Um dos modelos da Geely com potencial para ser produzido na fábrica da Renault no Paraná é o SUV médio elétrico EX5. Em um futuro de médio e longo prazo, a sociedade permitiria até a comercialização casada de modelos Renault com a insígnia Geely e vice-versa, tal qual ocorre com o Grand Koleos na Coreia do Sul, onde o modelo também é comercializado como Geely Monjaro.
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Fonte: direitonews