Apesar da crescente despesa militar nos países europeus, não há uma verdadeira vontade de o traduzir em maior cooperação militar na União Europeia (UE), concluiu um relatório publicado pela Agência de Defesa Europeia.
Como um ponto positivo, ela destacou o crescimento dos gastos na defesa, que atingiram € 214 milhões (R$ 1,2 bilhão) em 2021, e que são previstos aumentar para € 284 milhões (R$ 1,6 bilhão) até 2025. Isso permitiria aos Estados-membros da UE se recuperar do subfinanciamento da década anterior, notam os autores do relatório.
No entanto, o estudo também detalhou que os planos de defesa costumam ser implantados a nível nacional. 18% de todo o investimento militar aconteceu em programas de cooperação, o que é menos um ponto percentual que em 2020.
A Agência de Defesa Europeia crê que os países europeus preferem investir primeiro em soluções nacionais, e depois a nível da OTAN, por serem soluções mais baratas e curtas de se realizar. A Aliança Atlântica é considerada a principal destinatária da orientação militar multilateral.
Fatores como complexidade da legislação, prazos urgentes, disponibilidade orçamentária e retenção de pessoal e especialistas nas áreas de planejamento, compras e pesquisa e tecnologia foram apontados como principais obstáculos para a cooperação.
No entanto, “mesmo que todas as lacunas refletidas nas metas de capacidade da OTAN fossem fechadas pelos Estados, fazê-lo sem a colaboração a nível europeu não permitiria superar a fragmentação e resultaria em ineficiências”, escreve a Agência de Defesa Europeia.
A descoberta mina a percepção de que a operação militar especial da Rússia na Ucrânia uniu os Estados-membros da UE no que toca à defesa.
O relatório propôs duas soluções que recolheram interesse entre os países do bloco europeu. Sob a primeira, grupos de Estados-membros proporcionariam tropas de reserva e exercícios regulares dos grupos de combate da UE. A segunda levaria à criação de um programa padrão para treinar nações parceiras sob uma direção central ou estruturas de colaboração existentes com experiência nessas operações.
Após décadas de redução das despesas militares em porcentagem do PIB, em 2014 a OTAN colocou como objetivo não vinculativo os Estados-membros gastarem pelo menos 2% do PIB até 2024, sendo que a grande maioria gastava menos que isso. Ao longo dos anos também surgiram esporadicamente discussões sobre a formação de um Exército Europeu, mas elas não têm mudado a situação.
Fonte: sputniknewsbrasil