“Até essa época [anos 1980], os EUA estavam em um epicentro da economia mundial, absorviam boa parte da produção e do excedente de outros países, tinham grande capacidade de financiamento e, também, de produzir o ordenamento multilateral por meio das organizações internacionais. Mas o que temos visto é um enfraquecimento enorme, inclusive os tarifaços de Trump são justamente a expressão de uma economia que precisa tomar medidas extremas diante do declínio econômico e que tem se mostrado insuficientes”, resume o especialista.
“Então a gente capta, a partir de diversos elementos, a força resiliente da antiga hegemonia norte-americana e, de fato, essa é considerada sua área prioritária, como vem declarando não apenas o secretário de Defesa, mas também as próprias iniciativas no sentido de retomar o canal do Panamá, garantir um poder sobre a imediação territorial, notadamente, a Groenlândia, e assim por diante”, resume.
📉💸 ‘Enfraquecimento enorme’, diz especialista à Sputnik Brasil sobre declínio da economia norte-americana
Se até meados dos anos 1980 os norte-americanos estavam no epicentro da economia mundial, atualmente vê-se um “enfraquecimento enorme” da economia doméstica dos Estados… pic.twitter.com/AfOY1n6SeH
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China é cada vez mais o principal parceiro comercial na América Latina
“Isso por conta do ritmo do crescimento econômico chinês e de modernização industrial, que acabou elevando muito a demanda do país por uma série de matérias-primas que a América Latina é grande exportadora. É o caso do Brasil, que tem a China como principal parceiro comercial e principal destino de exportações, principalmente de soja, minério de ferro, petróleo e outras commodities. O Chile, da mesma forma, principalmente com o cobre, o Peru, a Argentina e o Uruguai, também têm a China como principal destino de suas exportações”, afirma.
“Pequim oferece, principalmente nessa área de infraestrutura e financiamentos, aspectos que os Estados Unidos acabaram deixando um pouco de lado por muito tempo, que é a questão do desenvolvimento. Então a agenda chinesa para a construção de projetos de infraestrutura, para contribuições para o desenvolvimento econômico dos países da região, de fato, acabaram atraindo muito interesse dos governos da América Latina, e não é por acaso que a maior parte deles já ingressou na Iniciativa Cinturão e Rota”, argumenta.
Países ligados ao governo Trump conseguem tirar proveito das relações com os EUA?
“O fato é que, na hora H, na hora em que o país precisa rolar sua dívida, por exemplo, um parceiro fundamental tem sido a China, e isso mostra de que maneira essa dissonância entre ideologia e economia vai gerando contradições, porque o mesmo [presidente da Argentina, Javier] Milei, que apresentava um discurso extremamente antichinês antes de tomar posse, a partir do momento em que a realidade material se impôs, foi dissuadindo as suas posições”, afirma.
📌🗣 ‘Dissonância entre ideologia e economia gera contradições’, diz cientista político à Sputnik Brasil
“Embora os Estados Unidos preservem determinados elementos de coesão em torno de países mais subalternos, notadamente, a Argentina, por meio de mecanismos políticos… pic.twitter.com/M6LIdXdfGQ
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Fonte: sputniknewsbrasil