A frente parlamentar evangélica, uma das maiores do Congresso, enfrenta um racha interno sobre sua posição política em relação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Atualmente, 246 deputados e senadores integram a bancada, mas as divergências internas impediram a construção de uma candidatura de consenso para a liderança do grupo, algo que tradicionalmente era feito por aclamação desde sua criação, em 2003.
Desta vez, a escolha do novo líder será feita por meio de voto, um sinal de crescente fragmentação dentro da bancada. A votação ocorrerá por cédulas, com a contagem sendo feita por uma pessoa indicada pelo atual presidente da bancada evangélica. Três deputados se colocaram na disputa pelo comando: Otoni de Paula (MDB-RJ), Greyce Elias (Avante-MG) e Gilberto Nascimento (PSD-SP).
Otoni de Paula, ligado à Assembleia de Deus e apoiado pelo atual presidente da bancada, Silas Câmara, se afastou de Jair Bolsonaro e fez acenos a Lula. Greyce Elias, membro da Sara Nossa Terra, é considerada a candidata mais de “centro”. Gilberto Nascimento, também da Assembleia de Deus, é visto como mais conservador e próximo ao grupo aliado a Bolsonaro e ao pastor Silas Malafaia, ambos do Partido Liberal (PL).
A eleição do novo líder ocorrerá na quarta-feira (26), em um culto na Câmara dos Deputados. Segundo o G1, apesar da presença de Greyce, a disputa deve ser centrada entre Otoni e Nascimento, com ambos trocando acusações nos bastidores. Otoni afirma que Nascimento permitirá uma interferência mais direta de Malafaia e Bolsonaro na bancada, o que Nascimento nega.
As divergências persistiram e cresceram à medida que parlamentares evangélicos se aproximaram de Lula. O resultado da eleição deverá ditar a orientação política da bancada evangélica e definir seu alinhamento com o Planalto às vésperas das eleições de 2026.
Esta não é a primeira vez que a bancada evangélica enfrenta divergências políticas. Em 2023, a bancada precisou realizar uma eleição em cédula devido a desentendimentos entre os deputados Eli Borges (PL-TO) e Silas Câmara (Republicanos-AM). Após horas de disputa, o então presidente Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) anulou o processo eleitoral devido a divergências no número de votos computados e registrados.
Fonte: sputniknewsbrasil