Quando um carro elétrico é mais vantajoso que um a combustão? Calculamos


A decisão de investir em um veículo elétrico envolve não apenas optar por um meio de transporte mais sustentável ou um modelo mais tecnológico e inovador, mas também uma análise financeira detalhada.

O tempo necessário para que a economia operacional compense o investimento inicial mais elevado varia conforme diversos fatores, como custo de aquisição, gastos com recarga vs combustível, manutenção e depreciação.

Autoesporte consultou especialistas e, neste texto, destacamos os principais aspectos a serem considerados nessa equação, além de um estudo de caso para exemplificar quanto tempo um carro elétrico precisa para “se pagar”.

Para determinar em quanto tempo um carro elétrico “se paga” em relação a um modelo a combustão equivalente, é fundamental considerar:

Carlos Augusto Roma, diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), explica que o tempo de retorno pode ser calculado dividindo o custo extra pela economia anual obtida com combustível, manutenção e disponibilidade.

O especialista destaca que, ao comparar modelos como o BYD Dolphin Mini e o Polo 1.0 TSI Comfortline, ambos com preços e conteúdos similares, o elétrico já apresenta vantagem econômica imediata, independentemente da quilometragem rodada. Autoesporte, já fez este comparativo do Dolphin Mini com o Polo e também o Hyundai HB20 e o Chevrolet Onix. Relembre:

Um dos principais atrativos dos veículos elétricos é o custo operacional reduzido. O preço da eletricidade tende a ser mais estável do que o dos combustíveis fósseis, e a manutenção é geralmente mais simples e econômica. “Nos elétricos, os intervalos de manutenção são o dobro dos exigidos por carros a combustão, e o custo das revisões é praticamente a metade”, afirma o diretor da ABVE.

Além disso, os motores elétricos possuem menos peças móveis e não requerem óleo lubrificante, resultando em menor desgaste e necessidade reduzida de manutenção frequente. “A economia dos motores elétricos é pela estrutura mais simples, sem componentes como sistema de escapamento, embreagem e câmbio. Isso significa menos desgaste e custos reduzidos ao longo da vida útil do veículo”, complementa Antonio Sanches, especialista de investimentos da Rico.

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Comparando os preços das revisões de modelos semelhantes, observa-se uma vantagem no custo do carro elétrico. Por exemplo, as revisões até 60 mil km do Renault Kwid elétrico custam cerca de R$ 1.995, enquanto a versão a combustão do Kwid a combustão demanda R$ 4.400 em revisões pela mesma quilometragem.

No caso do JAC E-JS1 comparado a um Chevrolet Onix Premier, estima-se que a economia com combustível e manutenção seja de aproximadamente R$ 10.000 ao ano se o motorista rodas mais de 20 mil km anuais (caso de motoristas de aplicativo, por exemplo). Isso significa que o investimento adicional de R$ 62.560 no elétrico poderia ser recuperado em cerca de seis anos.

Para ilustrar na prática o tempo necessário para que um carro elétrico se pague, comparamos dois modelos equivalentes, um a combustão e outro elétrico. Os veículos analisados têm preços próximos, sendo o BYD Yuan Pro, elétrico, e o Jeep Renegade Longitude T270, a combustão:

Ao longo de seis anos, diversos fatores impactam o custo total de propriedade, como consumo de combustível/energia, revisões, IPVA e desvalorização. Veja abaixo:

Neste estudo de caso, o veículo elétrico compensa financeiramente dentro do período de seis anos e com cerca de 130 mil km rodados (21,6 mil km por ano), graças ao menor custo de manutenção, economia de combustível e benefícios fiscais. Isso reforça que, para quem percorre grandes distâncias e mantém o veículo por alguns anos, a escolha por um elétrico pode ser vantajosa.

Ao fim de seis anos, o carro elétrico ainda tem um valor de revenda estimado em R$ 55.572,42, enquanto o modelo a combustão pode ser vendido por R$ 95.751,79.

Isso resulta em um saldo final de:

Ou seja, ao longo dos anos, o modelo elétrico se mostra mais econômico, com um custo total ligeiramente menor que o modelo a combustão. No entanto, é importante prestar atenção em alguns riscos dentro desse período.

Como observamos nos cálculos, com a economia de 50% do IPVA nos elétricos, incentivos fiscais e isenções tributárias podem potencializar o retorno do investimento em um carro elétrico. “Estados como São Paulo oferecem isenção total ou parcial de IPVA para veículos elétricos, o que representa uma economia relevante no longo prazo,” relembra Antonio Sanches, da Rico.

No entanto, o especialista em investimentos acredita que, à medida que a tecnologia se populariza, há a possibilidade de redução ou eliminação desses subsídios, o que pode afetar a viabilidade econômica desses veículos: “Os incentivos ajudam no curto prazo, mas a tendência é que os preços dos elétricos caiam naturalmente”, prevê.

A depreciação de um veículo elétrico é outro fator crucial na análise financeira. Para o nosso estudo de caso, consideramos depreciação de 18% para o modelo a combustão e 30% para o elétrico. O motivo é a aproximação do final do período de garantia, que pode representar um grande custo de manutenção em caso de necessidade de troca da bateria.

“Uma das desvantagens dos veículos elétricos é a incerteza quanto à desvalorização a longo prazo e o período de garantia da bateria. A tecnologia das baterias está em constante evolução, e os avanços nesse campo podem tornar as baterias dos veículos atuais obsoletas em alguns anos. Isso pode levar a uma desvalorização mais rápida dos veículos elétricos no mercado de revenda”, afirma Antonio Sanches, especialista de investimentos da Rico.

Por outro lado, há a possibilidade de valorização conforme a aceitação dos elétricos cresce no mercado. Carlos Augusto Roma, diretor da ABVE, é mais otimista sobre essa dinâmica de mercado: “Em no máximo cinco anos, será difícil alguém optar por um veículo que não seja, pelo menos, híbrido”, aposta.

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Fonte: direitonews

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