Via @jornaloglobo | De volta do périplo pela Ásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende destravar nos próximos dias o processo de indicação do candidato à vaga aberta com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 18.
A expectativa de integrantes do governo é a de que Lula confirme até esta sexta-feira (31) a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para o STF. Mas como o próprio Lula já frustrou as previsões dos auxiliares na semana passada, quando decidiu deixar o anúncio para depois da viagem, o novo “calendário” vem sendo tratado com discrição.
Antes, Lula já avisou que vai conversar com o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que reúne o apoio para o STF não só do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), mas também de uma influente ala de ministros do Supremo, como Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.
Lula não pretende implodir as pontes com o senador, considerado pelo Palácio do Planalto um candidato forte na disputa pelo governo de Minas Gerais no ano que vem. Tampouco quer irritar o maior aliado de Pacheco, Davi Alcolumbre, que insistiu nos bastidores pela indicação.
A decisão de postergar a indicação de Messias ocorreu na sequência de um encontro que Lula teve a sós com Alcolumbre na véspera da viagem à Ásia. Na ocasião, Alcolumbre não escondeu a preferência por Pacheco e alertou para a rejeição de Messias.
Nas contas do presidente do Senado, o aliado seria aprovado sem dificuldades pelo plenário, com o apoio de pelo menos 60 parlamentares, mais que os 41 votos exigidos pela Constituição para ser confirmado pela Casa.
Cálculo eleitoral
Minas Gerais é peça-chave no tabuleiro eleitoral de 2026 – desde a redemocratização, todos os presidentes eleitos pelas urnas também venceram por lá, daí a busca do chefe do Executivo por um palanque forte e competitivo no segundo maior colégio eleitoral do país.
“Se por um lado a decisão do Supremo não cabe ao Pacheco, cabe ao Lula com os seus critérios, uma eventual candidatura ao governo de Minas cabe a Pacheco e aos seus critérios”, diz um interlocutor do senador ouvido em caráter reservado. “Nas próximas 48 horas as coisas devem tomar forma.”
Até a noite desta terça-feira (28), não havia ainda uma sinalização do Planalto sobre quando o papo entre Lula e Pacheco. Nesta quarta-feira (29), a agenda do presidente estará concentrada na crise de segurança do Rio e na posse do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro da Secretaria-Geral.
Resistência
Para integrantes do governo, a demora de Lula tem sido interpretada como uma forma de não atropelar Alcolumbre e Pacheco – e de ter mais confiança nos votos necessários para garantir a aprovação. O chefe da AGU enfrenta rejeição na tropa de choque bolsonarista, que o vê como um “quadro ideológico” do PT e homem de confiança de Lula.
Mas até mesmo aliados de Bolsonaro avaliam que o ministro, hoje, seria aprovado pelo plenário da Casa, ainda que por um placar apertado.
“Vai ter muito desgaste na sabatina, mas Messias vai passar com certeza porque somos minoria”, disse ao blog um integrante da tropa de choque bolsonarista na Casa, que calcula que a oposição vai angariar pelo menos 30 votos contrários.
A previsão tem como referência o patamar da votação de Rogério Marinho (PL-RN), que recebeu 32 votos na disputa pela presidência do Senado, em 2023, e a votação média que a oposição consegue reunir em temas em que colide frontalmente com os interesses do Palácio do Planalto.
Por Rafael Moraes Moura
Fonte: @jornaloglobo
 
 
 
				





