Ainda há uma indefinição sobre a abertura do complexo da BYD em Camaçari (BA). Desde que Autoesporte revelou, com exclusividade, que as atividades na fábrica iriam atrasar, foram muitas as informações sobre a possível data de início da operação. E mais uma vez temos um prazo estipulado ao fim do túnel.
Stella Li, vice-presidente global da BYD, disse há poucas semanas, em entrevista a jornalistas brasileiros na China, que Camaçari irá começar a produzir carros a partir de junho. Ou seja, no máximo, daqui 40 dias. No entanto, segundo apurou Autoesporte, a executiva se esqueceu de combinar com quem mais importava: os funcionários da unidade baiana.
Fontes garantem que os trabalhadores, em nenhum momento, receberam quaisquer tipos de comunicados oficiais da empresa sobre um possível início da produção no país em junho. O Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari (BA) reforçou que também não foi avisado de nada acerca do tema.
Segundo interlocutores ouvidos por nossa reportagem, a BYD só conseguiria celebrar o início da produção no prazo informado por meio de montagem SKD (kits pré-montados vindos da China) em linha reduzida e baixíssima escala. “Fazer carro em SKD é muito fácil. Queremos fábrica aqui, com estamparia, solda…”, reclamou o presidente do sindicato, Júlio Bonfim.
O temor do sindicato é que o complexo de Camaçari se torne apenas um grande centro de distribuição da BYD na América do Sul, ou um espaço para montagem de kits pré-fabricados vindos da China. Em nota divulgada no início desta semana a associação diz o seguinte:
Nas últimas semanas, saiu da China um carregamento com 7 mil veículos destinados ao Brasil. É o maior transporte de veículos em um único navio já destinado ao nosso país, superando os 5,5 mil veículos trazidos de uma só vez em junho do ano passado.
Essa movimentação, mais o recente pedido da BYD de redução fiscal para montagem de kits em SKD e CKD em Camaçari acentuam o temor. Bonfim alerta também para o aumento da produção na fábrica da montadora em Zhengzhou (China), de 545 mil unidades no ano passado para 1 milhão este ano.
“Isso tudo só mostra a intenção da empresa em transformar Camaçari num grande complexo logístico”, argumenta o dirigente sindical. Em reportagem da Automotive Business, Bonfim salienta ainda que “observa alguns indícios de que a ideia de fábrica caia por terra em algum momento”.
A BYD reafirma em nota que pretende criar 20 mil postos de trabalho diretos e indiretos referentes ao complexo de Camaçari. Segundo o sindicato local, o corpo de funcionários da unidade, hoje, beira 350 colaboradores. E, de acordo com fontes consultadas por nossa reportagem, o ritmo para novas contratações não foi acelerado nas últimas semanas.
Em posicionamento oficial enviado à Autoesporte, a BYD “reitera seu compromisso com a reindustrialização de Camaçari”, mas não dá detalhes sobre o cronograma de inauguração da fábrica. Leia, abaixo, na íntegra a resposta da fabricante:
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Fonte: direitonews