“Trata-se de uma espécie de nebulosa política, em que você vai ter o núcleo duro, em que você vai ter, aí sim, as instituições voltadas para avançar os interesses de Israel, e nas margens você vai ter pessoas na imprensa, na indústria social, cinematográfica, que procuram apresentar visões positivas de Israel”, explicou.
“Alguém que faça um comentário mais crítico a Israel já é tachado automaticamente de antissemita e basicamente tem sua carreira política destruída. Então o medo de ser chamado de antissemita e suas implicações faz com que muita gente acabe se calando”, comentou ele.
“Eles sabem influenciar os deputados, prometem votos, prometem apoio financeiro, apoio institucional, tudo que for necessário para transformar esse lobby em realidade.”
Eleições presidenciais norte-americanas
“A força do lobby pró-israelense é enorme, tanto que a gente vê na eleição presidencial agora os dois candidatos, tanto a Kamala Harris quanto o Donald Trump, cortejando o lobby pró-Israel, procurando mostrar qual seria o maior defensor dos interesses de Israel, o que é bastante interessante. O presidente dos Estados Unidos se compromete a defender o futuro, os interesses de outro país”, disse o professor da UFF.
“Se Trump ganhar a eleição, teoricamente, ele é o candidato que menos vai mudar esse quadro, porque ele tem uma fidelidade canina a Israel. Os deputados do grupo trumpista são, todos eles, muito ligados ao lobby israelense”, destacou Onnig.
“Regionalmente, Israel aproveita este momento político de um certo vácuo ainda antes das eleições americanas para tentar limpar a região, segundo a visão israelense, das organizações que eles julgam como terroristas, que são basicamente o Hamas, ligado aos sunitas, e o Hezbollah, ligado aos xiitas”, salientou Onnig.
Escalada de ataques pode acarretar em guerra generalizada
“Você tem uma deterioração absurda da situação das populações civis, um genocídio sendo cometido em Gaza, crise humanitária absurda no Líbano, então a situação é muito mais letal e perigosa do que já foi anteriormente, principalmente para as populações civis que estão sofrendo a violência desenfreada militar por parte de Israel”, opinou o especialista.
“Na segunda metade do século XX, o mundo virou as costas aos palestinos. E agora estamos assistindo toda essa situação fruto desse descaso […] Acho que é um repeteco com uma intensidade um pouco mais grave do ponto de vista da inação. Do ponto de vista da paralisia do sistema ONU e das tantas dificuldades que nós teremos pela frente nos próximos anos”, concluiu ele.
Fonte: sputniknewsbrasil