(FOLHAPRESS) – A cúpula do PT já começou a mapear nomes que poderiam disputar a presidência da Câmara em 2023 contra o atual titular do posto, Arthur Lira (PP-AL), e ajudar a construir uma base parlamentar em um eventual mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além do deputado federal Luciano Bivar (União-PE), que retirou sua candidatura ao Palácio do Planalto, está no páreo Marcelo Ramos (PSD-AM), que já foi vice-presidente da Casa.
Ramos ingressou no PSD quando o presidente Jair Bolsonaro se filiou ao seu antigo partido, o PL. Na ocasião, afirmou ao presidente da legenda, Gilberto Kassab, que gostaria de disputar o comando da Câmara, mas que não seria aventureiro e retiraria seu nome caso não se viabilizasse.
Interlocutores de Lula já foram a Manaus conversar sobre o assunto com o parlamentar, que chegou a apresentar uma proposta de solução para o orçamento secreto, que passa pela padronização dos valores e pela vinculação dos recursos à retomada de obras paralisadas.
Ramos, no entanto, não é consenso no PT, já que o presidente do Senado e seu correligionário, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve disputar a reeleição. “O caminho, na tradição, é solução fruto de entendimento com quem foi parte da vitória. E dois partidos, um para cada Casa, mas feito de entendimento e somente após o resultado das eleições”, diz o ex-governador Wellington Dias, um dos coordenadores da campanha de Lula.
Mesmo o apoio a Bivar é incerto. Integrantes da legenda afirmam que dependerá do tamanho da bancada do União Brasil e da eleição na Bahia. Caso o vice-presidente da legenda, ACM Neto, se eleja, o União ganha mais peso na escolha.
O que pesa a favor dos dois partidos é seu posicionamento mais ao centro. Caso o PT efetivamente apoie um candidato, deve ser um nome mais moderado justamente para conseguir conquistar aliados fora da esquerda, considerados fundamentais para conseguir aprovar projetos no Congresso.
O próprio Lula já declarou em entrevistas que não deve se envolver e citou a derrota de Luiz Eduardo Greenhalgh em 2005, quando Severino Cavalcante, um deputado do baixo clero, acabou se elegendo. A digital do Planalto só apareceria, portanto, em um cenário de vitória claro. Do contrário, o plano é não entrar em rota de colisão com Arthur Lira, para evitar ganhar um inimigo poderoso logo no início do mandato.