“Quando ele passa a ser, então, já de forma surpreendente, vitorioso na eleição […] isso significou que as elites políticas, o atual presidente que estava no poder, o atual congresso que estava ainda no poder, e a corte e a procuradora-geral não conseguiram impedir a vitória dele, de forma até surpreendente […] surpreendeu a comunidade internacional, que a eleição na Guatemala, desse modo, foi até livre e justa, nesse sentido, passou-se para uma segunda fase desse movimento de tentar impedir a posse“, detalhou o especialista.
Guatemala: novo presidente e bandeira anticorrupção
“A grande questão que tornou o então candidato Bernardo Arévalo pelas elites locais foi a sua principal bandeira contra a corrupção […] a Guatemala é um país de corrupção extremamente predominante no sistema político e no sistema econômico. […] Essa relação de patrimonialismo entre as elites econômicas e as elites políticas fazem o país ser extremamente corrupto”, explicou.
“[…] No Brasil, por exemplo, o combate à corrupção ficou associado a uma pauta de direita contra o Lula, contra o PT […] já na Guatemala, o combate à corrupção virou uma pauta da esquerda e progressistas contra a elite de direita que estava no poder na Guatemala há um bom tempo”, sublinhou.
Desafios para defender ‘bandeira do combate à corrupção’ na Guatemala
“O que ele pode fazer é criar iniciativas de transparência, criar editais, licitações para contratos com o poder executivo federal que ele vai controlar […] Essa promessa é uma autoarmadilha, vamos dizer assim, no médio prazo e ao mesmo tempo, em segundo lugar, isso gera um conflito constante, porque você vai estar com um presidente que está sempre criticando os outros como corruptos“, cravou à Sputnik.
Novo presidente da Guatemala tem perfil apaziguador
“É uma figura considerada por muitos como moderada. Ele assumiu um tom muito forte na campanha contra as elites, porque é uma estratégia de campanha, de assumir a bandeira do combate à corrupção, então isso faz sentido do ponto de vista eleitoral, mas é uma figura muito educada”, assegurou.
Peru como exemplo para a Guatemala
“Se um presidente chega com uma pauta muito radical e diz, eu não vou conversar com esse Congresso, vou para um enfrentamento, isso pode levar a esticando demais as cordas a uma ruptura […] O Peru é um bom exemplo para o Bernardo Arevalo: se você não tem uma hegemonia política na sociedade, apesar de uma maioria eleitoral circunstancial, foi suficiente para te eleger, mas é suficiente para governar, para liderar um país, para dialogar com essas elites, ou para enfrentá-las”, conclui.
Fonte: sputniknewsbrasil