Projeto-piloto do Real Digital entra em operação já em março


O projeto-piloto pioneiro do Real digital deverá ser lançado em março próximo, com a perspectiva de já estar em operação no final de 2024. A previsão foi feita, durante palestra no evento IDP Summit, nesta segunda-feira (27), pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, para quem “o grande ganho da moeda digital em relação ao Pix é que os pagamentos passem a ser feitos por meio de um contrato digital”.

“No mês que vem a gente já vai ter um piloto da moeda digital, o Brasil vai ser um dos primeiros países a fazer isso. A gente vai avançando com o piloto à medida que a gente vai tendo segurança”, adiantou o xerife da moeda tupiniquim, ao acrescentar que “o ente recebedor deixar de ser uma pessoa e ser um contrato digital, isso tem uma grande melhoria, em vários aspectos”.

O marco mais recente do Real Digital foi a conclusão da primeira etapa de sua implantação, com o Lift Lab, que consistiu na compilação de projetos e empresas contendo propostas de casos de uso para a futura moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês) do Brasil. Para o líder de Inovação da Fenasbac (Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central), Rodrigoh Henriques, essa fase preliminar, iniciada em 2022, “ajudou a delimitar melhor quais serão os casos de uso da moeda”.

Na avaliação de Henriques, o Lift Lab “criou as bases para o desenho da moeda digital brasileira”, em que as propostas em torno do Real Digital trouxeram aplicações em áreas como digitalização de operações, transações programadas e transações financeiras ligadas à internet das coisas, explorando formas de aplicar a CBDC brasileira com benefícios como maior transparência, controle e eficiência”.

Outra contribuição do Lift Lab, acentua o líder da Fenasbac é no sentido de que ele “trouxe uma clareza dos reais benefícios, as possibilidades de tecnologia que podem ser usadas para que o Real Digital venha a impactar a sociedade, e também de como deve ser o próximo passo do Banco Central, com o projeto claro”.

Ao acentuar que o Real Digital deverá proporcionar “uma nova infraestrutura financeira”, Henriques explica que ele conseguirá transitar por uma rede blockchain e terá novas funções, que serão testadas a fundo na segunda etapa, com o lançamento de um protótipo. “É um processo extremamente colaborativo, construído a centenas de mãos para que possa dar um ponto final na modernização do sistema financeiro”, reforça.

Uma terceira peça da modernização do sistema financeiro brasileiro, que começou com o Pix (sistema de pagamentos instantâneos) e teve continuidade com o Open Finance, pelo qual tornou-se possível padronizar os dados para compartilhamento entre instituições financeiras.

“O Pix permite fazer transação instantânea, é a chave dele. Com o Real Digital, vai poder fazer transações programáveis. Ele vai aceitar determinadas condições para serem executadas, trazendo transações mais inteligentes. No resto, as pessoas vão achar que estão fazendo um Pix mesmo. A diferença entre dinheiro eletrônico, que é o Pix, e o digital, que é o Real Digital, é sutil mesmo e só fica clara na ideia de programabilidade”, comenta o líder da inovação.

Funcionando como um Pix inteligente, por meio da CBDC, será possível associar uma transferência de dinheiro, sob determinadas condições, como o recebimento de um produto, além de oferecer descontos ou outras vantagens desbloqueadas com uma antecipação de pagamento, incluindo de contas, mediante o suporte de uma rede dotada de um sistema de contratos inteligentes.

“Entre os dois [Pix e Real Digital] está o Open Finance, porque a inteligência de pagamentos demanda dados, e se está tudo padronizado e aberto fica mais fácil. O Pix já é algo que todos usam e precisam. No Real Digital, não é ele que vai chamar mais a atenção, é onde vai ser usado, então no dia a dia, você está fazendo um pagamento instantâneo e, eventualmente na hora de pagar, vai ter a escolha se quer que seja um pagamento na hora ou após determinado fato”, avalia Henriques

O líder de inovação conclui, explicando que a segunda etapa da criação da CBDC envolverá a criação da respectiva rede blockchain e infraestrutura para posterior uso da moeda digital e processamento das respectivas movimentações. Sua expectativa é de que essa fase demandará 18 meses, com a participação direta das principais instituições financeiras nacionais.

Fonte: capitalist

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