Produção de grãos é recorde, mas inflação dos alimentos continua


Produção de grãos é recorde, mas inflação dos alimentos continua

Produção de grãos  Foto Secom

Para Conab, safra deste ano atinge 271 milhões de toneladas; consumidor paga 16% a mais pelos alimentos.

A Conab divulgou nesta quinta-feira (8) que a safra de grãos de 2021/22 foi recorde. Pela primeira vez o país conseguiu atingir 271 milhões de toneladas, 6% acima da produção do período anterior.

Esse número, embora recorde, não alivia o bolso do consumidor de menor renda, que tem um forte componente de gastos nos alimentos.

Em agosto, São Paulo teve uma alta média de preços de 0,12%, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Parte dos alimentos já apresentam queda, mas ainda continuam castigando o consumidor.

Os preços médios dos alimentos estão atualmente 16% acima dos de há um ano, puxados principalmente por produtos básicos do dia a dia da população. Um retorno aos patamares anteriores a esta inflação acelerada ainda vai demorar.

O país eleva a produção, mas de produtos exportáveis. Essas exportações trazem para dentro do Brasil os valores do mercado internacional, colocando o consumidor interno, sem renda, distante dos alimentos.

As dificuldades na alimentação começam logo pela manhã. O café em pó está 58% mais caro do que há um ano. O leite subiu 57%, e o açúcar, 12%. Se a opção for por um pãozinho, o consumidor vai pagar 22% a mais pelo produto, enquanto a margarina subiu 36% no período.

O arroz, que vinha registrando queda —atualmente custa 3% menos do que há um ano—, voltou a subir nas últimas semanas. Entressafra e exportações fizeram os preços mudarem de rumo.

Já os preços do feijão pararam de subir. A leguminosa, porém, ainda tem um longo caminho para voltar ao patamar de negociações de há um ano. Nos cálculos da Fipe, a alta acumulada em 12 meses é de 26%.

O consumidor de menor renda terá dificuldades também para uma substituição desses produtos por outros mais em conta. O fubá está com evolução de 65%; a farinha de milho, de 41%; e a farinha de mandioca, de 25%.

Entre as proteínas, a carne suína pode ser uma saída. Os preços atuais estão 5% inferiores aos de agosto de 2021. Essa queda ocorreu devido a uma redução das importações feitas pela China no primeiro semestre. O país asiático, no entanto, está retornando às compras.

No primeiro semestre, o Brasil exportou, em média, 76 mil toneladas mensais de carne suína. Neste segundo, a média está em 97 mil. Acerto interno na produção e maior volume exportado devem dar novos rumos aos preços.

A carne de frango, mais acessível, subiu 10%. Já a bovina tem aumento de apenas 1% em 12 meses, mas está em patamar pouco acessível a boa parte da população.

Os hortifrútis começam a recuar, mas ainda estão com preços bastante elevados. Embora o retorno desses preços possa ocorrer mais rapidamente do que o dos demais alimentos, as verduras ainda custam 15% a mais do que há um ano; e as frutas, 18%. Os legumes estão estáveis.

O quilo da cebola acumula alta de 101%, e o da batata, 12% no período, conforme a Fipe.
É um caminho longo de retorno, principalmente porque todos os custos de produção subiram (Folha de S.Paulo, 9/9/22)

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